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LUCAS

- Senhor? o caminho tem que ficar até aqui. - encaro o motorista de meia idade na minha frente confuso.

- Mas ainda nem entrou no morro? - indago.

- Fica difícil pra descer, por contas das vielas, eu recomendo moto taxi, acesso mais rápido, tranquilo, com o tempo se vai pegando o jeito. - ele riu e eu acompanhei, a viagem foi bem divertida, percebi que cariocas falam bastante.

pago a corrida e me despeço dele, rio de janeiro era lindo mas me acostumar vai ser difícil, vir de outro estado pra outro, era uma puta dor de cabeça. desço do carro encarando a entrada do morro do complexo alemão, uma nova rotina, talvez.

Pego meu celular vendo a localização do postinho, pensei que ficava no pé do morro mas era mais pra frente, me arrependo intensamente de não ter vindo de moto, a visão do lugar a minha frente é lindo, o Cristo redentor ficava atrás e ficava uma visão maravilhosa, muitos turistas parece, crianças correndo empinado pipa, muitas lanchonete, muito mais bares ainda, comércios, lojinhas, era bem colorido, porém paro de olhar quando sou barrado por um cara alto, não alto, mas sim um puta cara alto, ele era negro, e tatuado do pescoço até os pé praticamente.

- E ae? Quem que é tu? do morro eu sei que não é.. não pode subir sem ser revistado - responde ele, reparo que o mesmo tá com uma arma nas costa.

- Licença por favor, eu sou o novo médico do postinho daqui. - respondo ele e o atrapasso a sua frente mas ele me para, olho pra ele com interrogação.

- Porra, cê não ouviu não? como posso saber que tu é médico 'mermo? se bem que branco desse jeito, só devia ser - ele fala com deboche.

- Olha eu não sei, eu tô aqui pra trabalhar no posto da comunidade, então de novo, licença? - altero um pouco a voz, o mesmo nega com a cabeça cruzando os braços.

- Calmô', fica quieto aí que eu vou ver isso - o mesmo pega um radinho, acionando ele. - Ae chefia, procede? tem um cara aqui, estranho pra um, fez mó barraco..

- Eu não fiz barraco nenhum, tá maluco? - ele me olhou com uma cara feia e fiquei quieto.

- ....dizendo que era o novo médico do postinho, faço o que? - ele ficou quieto provavelmente esperando quem tava falando com ele. - Certo. - ele finaliza e de novo aciona o radinho e fala com um tal de Wl, já tava uns dez minutos ali e nada.

- Posso ir agora? tá demorando demais- passo a frente dele e o mesmo segura o meu braço, encaro ele e quando eu vou responder alguém grita.

- Solta o braço dele Kauã. - um homem tatuado, o maxilar dele era bem marcante, e.. porra todo mundo aqui é bonito? ele veio numa moto com um tipo de preencheta.

- Foi mal ae Wl, é que ele tava me irritando querendo entrar sem saber de nada. - o mesmo me solta.

- Jaé, qual teu nome mermão? - ele me pergunta.

- Lucas, eu sou o novo médico daqui do postinho. - falo de novo e o mesmo concorda e me chama com a cabeça.

- Tá certo, vem vou te dar uma moral até la. - sorrio de lado e subo na moto com ele.

Ele acelera de vagar, e eu vou reparando no caminho até o postinho, a gente meio que conversou, até que ele era "gente boa" se comparando a um traficante? bandido? o próprio interrompe meus pensamentos.

- Tá entregue Luc.- encaro ele confuso e entrego o capacete da moto.

- Luc? - ri com isso.- muita intimidade William. - em meio a conversa descobrir que o mesmo se chama William (Wl)

- Caô, muita intimidade - ele me imita e a gente rir, o que foi estranho já que as pessoas dali estava olhando, fofocando eu diria.

- Ok, valeu pela carona.- o mesmo acena com a cabeça e eu encaro o postinho a minha frente.

O postinho é simples, porém bonito e aconchegante, entrei e fui na diretoria, como eu não sabia como funcionava o esquema, mas praticamente pelo que eu vi seria usado caso tenha tiros, "confrontos", retirada de balas, consultas ou vacinas que não estavam em dia, de certa forma fazendo de tudo pra ajudar as pessoas da comunidade.

𝗠𝗢𝗥𝗥𝗢 𝗗𝗢 𝗔𝗟𝗘𝗠𝗔̃𝗢 - romance gayWhere stories live. Discover now