Capítulo XVIII - Melancolia

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"Vim ajudar a senhorita, vou colocar água para ferver. Nada como um bom chá para começar o dia." Ele disse sorrindo e eu concordei.

Sentamos à mesa e conversamos enquanto tomávamos nosso chá. Dori me contou histórias sobre ele e seus irmãos nas Montanhas Azuis, principalmente das vezes que ele recebeu Dwalin em sua casa carregando Nori pelo colarinho, após apanhá-lo roubando. Aquele momento me ajudou a esquecer um pouco meus medos. Mas eu sabia bem que a proximidade com aquela floresta ainda os faria retornar várias vezes nos próximos dias.

Com o tempo, um a um, os anões foram despertando e se juntando à mesa. Felizes e revigorados de um sono tranquilo. Na primeira noite que dormiram na casa, eles estavam aflitos com a possibilidade de eu não conseguir controlar o Urso e este acabasse invadindo a casa, então mal conseguiram pegar no sono direito. Thorin foi um dos últimos a acordar. Ainda sonolento, ele se aproximou da cozinha, olhou em volta e disse: "Onde estão Gandalf e Beorn?

"Bom dia meu rei. Beorn ainda não voltou então ada saiu para procurá-lo. Os dois devem voltar apenas ao final do dia." Respondi. Desviei meu olhar de Thorin e dirigi minha atenção a Bombur, enquanto enchia sua caneca de leite, pela décima vez. "Dessa vez é a última rapaz, senão não terá leite suficiente para os outros." Eu disse para o anão, o fazendo choramingar.

"Não podemos ficar muito tempo. Temos que chegar logo a Erebor." Disse Thorin, impaciente, ao sentar-se à mesa. Fui até ele e coloquei um prato e uma caneca de leite à sua frente.

"Eu sei que devemos partir logo Thorin, mas não podemos sair enquanto Beorn não voltar. Quando ele sai daquela forma é porque tem um motivo. Além do mais, precisamos de seus pôneis para chegar logo à floresta e não podemos de forma alguma pegá-los sem a permissão dele." O anão bufou como de costume mas para minha surpresa e alívio ele aceitou meu argumento... por enquanto... 'Eu realmente não sei como irei manter estes anões aqui por muito tempo' pensei.

"O que faremos enquanto isso?" Perguntou Fili, impaciente.

"Ora meu amigo, comer, e aproveitar para descansar, podem usar aquele pátio que estávamos ontem para treinar mais se quiserem. Temos também algumas ferramentas de carpintaria do lado de fora dos estábulos. Podem usá-la.".

"Podemos mesmo?" Perguntou Bofur animado.

"Claro, não vejo porque não. Beorn quase não a usa mais e quem usava era eu quando morava aqui." Eu disse sorrindo. "Meninos fiquem a vontade mas por Mahal não façam muita bagunça. Lembrem que Beorn está apenas tolerando nossa presença aqui então toquem música e se divirtam, mas não quebrem nada."

Os anões pareciam mais que animados com a possibilidade de poderem descansar um pouco mais. Com exceção de Thorin, é claro, o que ele mais queria era seguir viagem o quanto antes. Foi então que notei a ausência de um membro da companhia na mesa e concluí que Bilbo ainda não havia acordado. Resolvi apressá-lo, se não ele acabaria perdendo o desjejum.

"Bilbo? Bilbo acorde" Eu sacudi meu amigo levemente para não assustá-lo, foi então que ouvi o som de metal caindo de sua mão. Fiquei curiosa para saber o que era, mas quando ameacei pegar o objeto, Bilbo acordou de supetão, pegou seja lá o que fosse e colocou em seu bolso.

Pensei em perguntar o que era, mas senti algo vindo de meu amigo que não sabia descrever. Quase como uma ameaça em seu olhar. Resolvi deixar para lá, por enquanto, e apenas sorri para ele. "Bom dia Bilbo, ou devo dizer, boa tarde. Vejo que dormiu muito bem a noite, mas acho melhor se apressar, senão nossos amigos não deixarão nenhum desjejum para você."

"Desjejum!" exclamou ele. "Onde está o desjejum?" Eu ri com sua reação e o indiquei na direção da cozinha.

O tempo foi passando, mas nada de ada ou Beorn aparecerem. Passei uma boa parte da tarde treinando com Bilbo, ele estava ficando cada vez melhor em suas investidas. Ao terminarmos, voltei para dentro da casa, e me dirigi à estante onde estavam os livros de Beorn. Eu já havia lido todos eles. Mas haviam dois que eu gostava mais do que qualquer um que já havia lido em minha longa existência.

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