Capítulo 02

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- Não vai me responder ?

Fechei os meus olhos já esperando alguma agressão vinda dele, sempre é assim, todos que se aproximam de mim fazem o que querem comigo.

Mas nada aconteceu, abri meus olhos e os mesmos se encontraram com os do loiro, seus olhos negros parecem procurar alguma coisa em mim, mas parece não ter encontrado pois apenas joga o caderno em meu colo e sai de perto de mim, como se eu fosse algo asqueroso, um inseto.

-Kenzinho, por que fez isso?

Ouvi outra voz e então me dou conta que não estou sozinho com ele, há outros dois garotos, também loiros.

-Já pedi pra não me chamar assim.

-O que está acontecendo?

O garoto que parece se chamar takemichy pergunta, agora se levanta do chão e vem até mim, me olhando nos olhos, ninguém nunca me olhou diretamente nos olhos.

-Você está bem?

Ele pergunta para mim estendendo sua mão para que eu a use de apoio para me levantar e foi o que fiz, me levantei e sorri fraco pra ele.

-Estou sim.. Obrigado.

-Takemichy, esse é seu amigo?

O loiro baixinho pergunta e eu faço que não com minha cabeça, ele olha pra mim e sorri de forma doce, sorrio de volta, nervoso, e pego meu caderno que deixei cair no chão quando me levantei.

-E-Estou indo.

Aperto meu caderno contra o peito e corri dali me afastando deles, corro para o lado contrário da minha casa, em direção a um beco onde não se passa mais nada além de gatos atrás de comida.

Me sento no chão e me deixei chorar livremente, com o caderno em uma mão, eu levo a outra até o bolso da minha calça e tiro um saquinho plástico com a lâmina de um estilete, só há apenas cinco pedacinhos sobrando, então uso apenas em momentos de urgência.

Com a lâmina em uma mão eu solto o caderno no chão e desferi um corte contra meu pulso, foi suave e doloroso, senti minha carne arder e logo depois ficar quente. Fechei os olhos pela dor mas sorri fraco por estar fazendo o que merecia, fiz outro corte longe do meu pulso, não quero morrer aqui, quero morrer na minha casa, para que meu pai se ferre, eu odeio meu pai, odeio minha vida, eu odeio quem eu sou.

Com esses pensamentos em minha cabeça eu continuei a cortar e cortar até lágrimas pesadas começarem a descer por minhas bochechas, faço mais um corte e quando ia fazendo outro eu sou empedido com uma mão em meu pulso, olho pra cima assustado e vejo um homem que parece ter minha idade, ele tem olhos dourados e tatuagens nas mãos.

-O que está fazendo?

Ele se agacha para ficar frente a frente comigo, em sua outra mão ele traga seu cigarro e sopra a fumaça contra meu rosto me fazendo tossir e lacrimejar.

-S-saia, eu quero ficar sozinho.

-Oh... mas veja só o estado de seu braço.

Ele ignorou o que eu disse e começou a estancar o sangramento de meu braço mutilado, o moreno rasgou outro pedaço de sua jaqueta e amarrou em meu braço, após fazer isso colocou a jaqueta rasgada sobre meus ombros e se levantou.

-É bom sair daqui, é perigoso.

-Obrigado... qual seu nome?

-Hanma.

O garoto foi embora assim que pronunciou seu nome e então eu me levantei devagar e guardei a lâmina dentro do saquinho, coloco no bolso da calça e saio desse beco escuro.

No caminho de volta eu peguei minha bolsa que deixei no banheiro da escola e guardei minhas coisas ali dentro junto com a jaqueta do garoto chamado hanma.

Chegando em casa eu abro com cuidado para não fazer muito barulho e a fecho com o mesno cuidado, olho pro sofá e vejo meu pai dormindo, como um porco nojento, após isso subi as escadas para meu quarto.

Meu quarto tem um banheiro dentro então apenas tiro minhas roupas e entro no mesmo, ligo o chuveiro que derrama a água gelada em meu corpo e me sento no chão de cerâmica, tiro os pedaços de roupa amarrados no meu braço e começo a lavar os cortes com cuidado.

Após meu banho eu coloco curativos por todo o braço e termino de me secar, visto um shorts vermelho com listras brancas na lateral e uma blusa também branca de mangas curtas, calço meus sapatos e me sento na cama, abro minha mochila e tiro meu caderno junto a jaqueta, primeiro eu abro o caderno para conferir se tudo estava ali e me surpreendo ao avaliar as páginas, está tudo em branco, parece que nunca escrevi neste caderno.

-...aquele filho da puta..!!

Jogo o caderno contra a parede de meu quarto e coloco as mãos na cabeça, ele arrancou todas as páginas, só me entregou o caderno por causa disso, além de me xingar, como os outros, ainda destrói a única forma que eu tinha de tentar me livrar deste mundo, todos os meus testes, todas as formas de tentar me suicidar sem dor, tudo, foi tirado de mim.

Me levanto da cama irritado, pego o saco com as lâminas dentro da minba calça, mas paro antes de as tirar do saquinho transparente.

-Mais um corte neste braço e eu acerto minha veia.. e isso dói mais que tentar me enforcar.

Suspiro pesado e tento me distrair com algo, vejo a jaqueta em cima da minha cama e a pego, desta vez dando um pouco de atenção, é branca com poucos detalhes, há apenas o desenho de um anjo sem cabeça e o nome "valhalla", tem alguns bolsos mas nada além disso, vejo o rasgo que foi feito nela pra cobrir meus cortes e resolvo concertar.

Desço as escadas do meu quarto com cuidado mas vejo que meu pai não está em casa, não ouço o som da televisão e nem as luzes estão ligadas, rapidamente caminho até a cozinha onde pego uma linha que tenha uma cor semelhante com a da jaqueta e uma agulha, volto pro quarto e começo a costurar a jaqueta, o rasgo não é muito exagerado então dá pra por alguns pontos.

-Ainda bem que minha mãe me ensinou a costurar, saudades mamãe....

Derrepente eu me lembro da aparência de minha doce mãe e algumas lágrimas molham meu rosto inchado, não sei como ainda consigo chorar, meus olhos doem até mesmo ao fechá-los

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Derrepente eu me lembro da aparência de minha doce mãe e algumas lágrimas molham meu rosto inchado, não sei como ainda consigo chorar, meus olhos doem até mesmo ao fechá-los.

Cuide De Mim! [Draken x Male!reader]Onde histórias criam vida. Descubra agora