02. || Andromeda, a Galáxia Mãe

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II.

ADHARA inspirou profundamente, olhando para o que outrora fora a sua secretária. O amontoado de papéis era tão grande que a madeira escura já estava completamente coberta. Pegou num dos recortes de jornal, relendo a notícia antes de suspirar pesadamente. Já tinham passado mais de duas semanas desde que Edward Tonks desaparecera após uma emboscada ao Ministério da Magia. Para desespero das mulheres Tonks, o mistério que envolvia o ataque era cada vez maior.

Passou os olhos negros pelos recortes que tinha colado na parede e juntou o que tinha nas mãos numa das pontas, continuando a sua busca pelo paradeiro do pai. Tinha consciência de que Nymphadora fazia o mesmo e as ausências cada vez mais frequentes da primogénita dos Tonks eram a prova disso. Sabia que o que fazia ali, trancada no seu quarto, não era nada comparado com o que a irmã fazia lá fora com os recursos que tinha, mas mesmo assim era uma forma de se manter sã e atenta a qualquer informação que pudesse estar relacionada com o assunto.

Claro que ela preferiria estar lá fora à procura de Ted em cada canto e recanto como a irmã fazia, mas sabia que a mãe nunca o permitiria. As discussões recorrentes com Andromeda sobre o tema apenas confirmavam as suas suspeitas.

A mãe nunca a colocaria em perigo, mesmo que fosse por uma causa nobre como aquela. Não podia, de modo algum, perder mais ninguém. E Adhara não a podia julgar, não quando ficava com o coração nas mãos sempre que Nymphadora ficava dias sem dar notícias.

Aquelas duas semanas sem notícias de Ted estavam a matá-las por dentro, mesmo que nenhuma delas o admitisse.

— Adhara. — A voz de Andromeda interrompeu os seus pensamentos, fazendo-a inspirar profundamente antes de se virar para encarar a mãe.

O cabelo negro da mãe estava solto, como não acontecia há muito tempo, e ela não pôde deixar de reparar na quantidade de caracóis que possuía, tal como ela. Os olhos negros que Adhara não herdara estavam vazios, acompanhados por dois círculos escuros por baixo, consequência de noites mal dormidas.

Andromeda levantou uma sobrancelha e estreitou os olhos, recebendo um suspiro profundo como resposta. Adhara não controlou a vontade de revirar os olhos antes de se sentar na ponta da cama, pois sabia que a mãe só fazia aquela cara quando ela era descuidada e permitia que a mãe lhe lesse todos os pensamentos. Sentiu-se fraca por se descuidar em relação àquele assunto novamente.

Fechou os olhos e inspirou profundamente, depois sentiu as mãos frias de Andromeda no seu rosto, obrigando-a a encarar os olhos da mãe. Azul contra negro. Andromeda passou os dedos finos pelo rosto da filha mais nova, limpando as lágrimas que insistiam em cair.

— Vão encontrá-lo. — Assegurou, antes de inspirar profundamente. — Mas até lá, ficamos aqui, em segurança, à espera dele.

— Mas já passaram duas semanas. — Adhara disse, com uma voz trémula, fazendo Andromeda suspirar profundamente.

— Exatamente, Adhara. — A mãe explicou, fazendo uma longa pausa. Os seus olhos olharam para a enorme parede, agora repleta de fotos e recortes do Profeta Diário, e passou a mão pelo cabelo negro antes de continuar. — Se o levaram, é porque precisam de algo dele. E se ainda não recebemos más notícias, é porque continuam a precisar dele. Até lá, ainda temos esperança.

— Como podemos ter a certeza de que ele está vivo? Eles matam pessoas como o pai sem pensar duas vezes e...

— Eu posso senti-lo. — Andromeda disse, sorrindo. — Ele está vivo, Adhara. E vão encontrá-lo.

Adhara não disse nada; não conseguiu. Sabia que a mãe e o pai tinham uma ligação extremamente especial, e acima de tudo, sabia que Andromeda não lhe daria esperanças em vão, especialmente em tempos de guerra.

𝐎 𝐄𝐍𝐂𝐀𝐍𝐓𝐎 𝐃𝐀 𝐒𝐄𝐑𝐏𝐄𝐍𝐓𝐄 || ᴰʳᵃᶜᵒ ᴹᵃˡᶠᵒʸ ˣ ᵒᶜWhere stories live. Discover now