O início do relacionamento

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HORA 4

— Você viu a vergonha que passei na frente de toda a sua família? Eu caí na piscina como uma pata. Agora estou aqui toda encharcada no seu quarto tentando me secar. A cara da sua irmã não sai da minha cabeça. Eu sei que ela estava prendendo uma risada daquelas. Sua mãe? Ah, meu Deus! Sua mãe quase me pega nos braços com pena de mim. Sou uma desengonçada mesmo. Passei horas me arrumando para o churrasco de sua família, tentando causar uma boa impressão, e o que eu faço? Eu tropeço de cara na piscina. Eu quero morrer! — Disse ao segurar meu rosto molhado com as mãos frias andando de um lado para o outro, ainda escondida no quarto de André.

— Alice, deixa disso! Essas coisas acontecem. Você ainda está linda, mesmo molhadinha e com a maquiagem toda borrada. — André se aproxima me acolhendo em seus braços quentes na tentativa de me animar.
— Ah, para! Eu não tenho mais coragem de voltar lá e encarar seus tios, sua irmã, mãe, ah Deus! É muita gente.
— Alice?! Alice?! — Mônica chamava ao bater na porta do quarto.
— O que foi Mônica? Ela está se enxugando.
— Eu trouxe uma roupa para ela. Imaginei que ela não havia trago outra roupa, afinal de contas, ela não estava esperando cair na piscina e...
— Mônica! — André a reprendeu.
— O que foi André? Isso acontece, hora essa!
— Mônica, oi! Nossa, obrigada pelas roupas. Eu realmente não trouxe nada. Obrigada pela gentileza. — Disse ao me aproximar dos dois próximos a porta, completamente sem jeito sobre o olhar de minha então cunhada.
— Não tem de que! Espero que não fique envergonhada com o que houve, pois não há motivos para isso. Minha mãe está louca para te conhecer melhor e eu também. Nem tive a chance de te dizer "oi" e você já caiu na piscina.
— Mônica, você já deu as roupas, agora, pode nos deixar a sós, por favor, minha irmã?
— Que pressa é essa de me despachar de volta para a barulheira dos nossos tios? O casalzinho, por um acaso, já estão se conhecendo "melhor" e eu estou atrapalhando o momento íntimo?
— MÔNICA! — Dessa vez André fica sem jeito.
— Tudo bem, meu querido irmão. Vou deixar vocês em paz. Já estou indo. Tchauzinho.
— Desculpa por minha irmã ser tão assim...bigoduda! — Dizia André parecendo desconcertado com a insinuação de intimidade que ainda não existia entre mim e ele.
— Tudo bem, eu não me importo com isso. Afinal, estamos sozinhos no seu quarto, somos namorados recentes, e o que todo mundo imagina é que estamos nos pegando a todo vapor. Mas a verdade é que estou aqui toda molhada, lamentando por ser uma tonta que cai na piscina da casa do namorado no dia que ele pretende me apresentar para a família inteira.
— Nossa, bem dramática essas suas últimas falas. —Acrescenta André ao deitar—se na cama me observando tirar a roupa.
— Por que está me olhando? — Indaguei quando vi que os olhos dele pareciam seguir cada movimento do meu despir.
— Não sei! Talvez porque você é bonita de alma, coração e corpo... — Ele parece hipnotizar quando minhas mãos puxam a calça jeans em direção ao chão. — Uau! E que corpo! — Elogiou ele.
Essa era a primeira vez que minha roupa intima era visualizada por André. Sorte minha que para conhecer a família eu caprichei até mesmo na roupa intima. Mas a sorte conspirou para o azar me jogando na piscina, e o azar me jogou de volta para a sorte me jogando na cama e nos braços de André naquele mesmo dia.
(...)
— Então, Alice. Meu irmão nos contou outro dia que você está cursando medicina. É um curso e tanto. Alguém da família já é médico? — Perguntou Mônica enquanto jantávamos. Era a mesma noite que cai na piscina e André me convenceu ficar.
— Na verdade, não! — Respondi. — Mas meus pais estão muito felizes por minha escolha.
— Com certeza estão! — Disse dona Elisa, mãe de André. — Querido, por que não come um pouco mais de salada. Você precisa comer melhor. Ou você pensa que agora viverá dos beijos de sua namorada? – Brincava Elisa, tentando, talvez, pela décima vez, André comer mais.
— Não, mãe! Já estou satisfeito. E, sabe? Eu até que viveria por um bom tempo apenas com os beijos de minha querida Alice. — André me puxa a mão, me olhando, a beija.
— Ah, Mônica! Assim que chegar ao dormitório da faculdade, eu vou tirar sua roupa, lavá—la e não se preocupe que André logo trará de volta.
— Ah, que isso Alice! Não precisa se preocupar com isso, por favor. Eu tenho várias blusas dessa cor e calça jeans? Nem sei quantas ao certo tenho. São tantas! Pode ficar.
— Eu fico sem jeito em aceitar assim, suas roupas. Eu... eu...
— Então, vamos fazer assim. Você dorme hoje aqui e assim sua roupa fica seca para amanhã. O que me diz? — Mônica conseguiu me deixar sem resposta. Já fazia três meses que André e eu estávamos namorando. Nunca havia dormido em sua casa. Não por falta de convites, André já havia me feito montes, mas sou a do tipo interiorana matuta e cheia de vergonha.
— Ela aceita! — Disse André percebendo minhas bochechas avermelharem.
— André! — O repreendi.
— O que foi? Ou, por um acaso, você pretende ficar com a roupa da Mônica?
Sei que André está usando do jogo psicológico para me convencer a ficar. Mas não demorou em aceitar o convite. Afinal de contas, era extremamente prazeroso pensar em André ao meu lado por uma noite inteira ao invés de seguir ao alojamento e me sentir em débito com minha futura cunhada por aceitar sua roupa que parecia cara. Mas, mesmo ainda envergonhada pela queda na piscina e parecendo não ter muito para contar para aquela família, a conversa na mesa no jantar foi boa. Na verdade, maravilhosa, porque logo depois estávamos rindo das histórias de dona Elisa ao falar de quando André era criança e pela primeira vez, depois de um bom tempo, me senti em um lar mesmo ainda não sendo o meu. Ainda.

O casamento dos tempos Where stories live. Discover now