Capítulo 18- Último fio de esperança

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Admitir meu fim era a coisa certa a se fazer, mas era fatalmente contra as minhas raízes. Meus pés deslizavam e sombrevam o assoalho em que ligeramente adornavam com sua estrutura e meus cabelos cachoalhavam contra a brisa corrente da cabana. A velocidade que atingi foi o máximo devido ao alcance de objetos aos a redores, contudo, o momento em minha visão óptica periférica e mental se deformava a cada segundo; tudo ficava distorcido e abstrato enquanto os milésimos de segundos demoravam minutos a se passar. Ainda com o coração retumbante em protesto ao meu peito chegando a tampar meus ouvidos, consegui escutar o ranger da porta da cabana para a passagem de um corpo. O barulho cruel depertou a adrenalina em minha veia e quando atingi o primeiro degrau estreito, meus pelos se arrepiaram contra os raios solares que inundavam as frestas roidas por cupins esfomeados.

A escada pareceu alorgar-se metros a mais que da ultima vez que pisara em suas tábuas. Mais oprimidas e perigosas, como que se, a qualquer deslize eu fosse desmoronar da ponta de um longo e perpétuo precipício em direção aos braços da morte. Em seu topo, ousei olhar para baixo e visualizar a figura monstruosa do ruivo correndo em minha direção. Suas feições preocupadas deixavam seu rosto se envelhecer como o ambiente pesado e coberto por micro poeiras visíveis apenas com a luz solar sob elas. Seus olhos brilhavam gélidos em minha direção, mas o fundo distinguia-se do resto; escondendo segredos e mágoas obscuras.

Percorri com afinco em direção a primeira porta que me debrucei, agarrando a velha maçaneta em direção ao vaso com o refluxo dado pela ingestão do meros alimentos. Meus olhos lacrimejaram com a pressão no diafragma e logo me vi cercada da porcelana com fios ruivos circuncidando meu rosto hexagonal em carícias distintas. O suco das torradas conjunta à sopa tomada extraida de meu estômago voou privada à baixo com meu rosto a sua espreita contorcido. Senti uma mão  segurar meus cabelos e outra tomar minhas costas em um carícia.

-Vomite o quando precisar...-comentou enquanto uma lágrima recente regava minhas bochechas salpicadas por leves e abranjentes sardas-Eu estarei aqui...-murmurou como se suas palavras fossem ter o efeito de acalmar-me, porém apenas instigou o pusar medroso em minhas veias acarretando mais bile abertando e escapando por meu esôfago-Tudo bem...vai ficar tudo bem...-acalmou-me em uma tentativa falha ao tossir desenfreado que escapava por minha garganta.

Agarrei-me contra o material denso de um tom caramelizado, segurando para me estabilizar e não deixar-me abalar. Precisa sentir-me segura, necessitada de uma medida de proteção imeditada contra eles e qualquer ação que me levaria a sete palmos da terra ou talvez carbonizada e com as cinzas pairando pelo o ar florestal, como os outros. Necessitava domar o controle ao qual rumavamos diretamente ao despenhadeiro de desesperança opaco e sem qualquer chance de escapar com vida.

-Christopher...-murmurei com a voz embargada e com os olhos inundandos por receio-Chris...-chamei novamente só que mais alto.

-O que foi?-questionou agachando-se para parear nossos olhares, embora um perdido e vazio, enquanto o outro derramava preocupação demasiada-Megan...-sussurou analizando meu rosto quente e corado pela corrida frenética, arrumando parcialmente alguns fios que cobriam e escondiam meu olhar.

-Posso te fazer uma pergunta?-questionei abraçando a sua palma escorando meu rosto, contra meus dedos frios e finos.

-Megan...-sussurou em um lamúrio. Como se pela primeira vez estivesse sentindo o pavor correr em seu sangue.

-Você teria coragem e frieza o suficiente para matar uma criança?-questionei nunca abandonado seu olhar, agora, perplexo. As lágrimas quentes abandonavam meus olhos e molhavam as pontas de seus dedos ásperos e calejados.

-O-o que?-franzio a testa em estado de choque-O que está acontecendo, Megan?-sua voz brandou como um trovão maligno em uma noite tempestuosa.

-Apenas responda a pergunta, Christopher...-argumentei-Como o acordo, se lembra?-suspirei vulnerável-Uma pergunta por outra...

O exalar de seu peito audível inundou o banheiro e minha mãos acariciavam os tendões aparentes por sua pele dura e aspera de tempos trabalhados abaixo do Sol escaldante codjuvante do esforço árduo com o qual se comprometia.

-Como quiser...-desistiu debruçando suas costas contra o azulejo desgastado e encardido, encarando-me como se buscasse as respostas para minha questão em mim mesma. Sua mão se apoiou sob o joelho dobrado enquanto o outro permanecia esticado. As pontas dos dedos bricavam e se escondiam entre a grandiosa barba, pensativo-Bom...-comunicou desviando de seu olhar pela primeira vez e vi vergonha percorrer uma de suas milhares de facetas-Não sou e nunca fui santo, essa é a verdade. Nunca espero de mim mesmo a escolha que poderá salvar vidas...apenas...me preocupo comigo mesmo e com quem amo, Megan-revelou percorrendo o olhar pelo banheiro como se fosse a primeira vez que o tivesse visto-Crianças são almas que nem eu mesmo consigo decifrar; puras como nada que eu já tenha visto antes. Boas e sem julgamentos...Elas não merecem a morte. E essa crueldade eu jamais irei cometer...-olhou friamente em seus olhos fazendo-a engolir em seco.

-Eu não sei se possuí filhos, Chris...mas-murmurei sem desviar os olhos-Quando os tem, seu medo e anceio aumentam e você só pensa em protege-los...Sabe que eles não merecem o mal proprorcionado pelo mundo e pelas pessoas...Entende que são uma parte de você ao qual nunca podera deixar desprotegido...-comentei derramando pingos quentes sobre minha pele e nos blocos de azulejos, recitando o discurso ao qual minha mãe fizera para mim outrora-E que perde-los seria como arrancar sua alma...

Presenciei seus olhos se avermelharam e se inundarem por lágrimas cruéis, mas logo, secarem-se novamente, como se, nunca tivessem existido e talvez se me contassem, eu nunca acreditaria se não as presenciasse com os próprios olhos.

-Porque está dizendo isso?-questionou eufórico. Arrastei pelo chão até aproximar-me mais de seu corpo, tomando uma de suas mãos com as minhas em direção a minha barriga imaculada. Funguei mais uma vez antes de encarar seu rosto pasmo e esverdeado-C-como? O-o que?-sibilou perplexo-Megan!-reverberou enfurecido.

-Chris! Você pode se colocar no meu lugar?-murmurei chorosa-Me ajude eu-eu tenho medo! Não posso permitir que façam mal ao meu bebê. Por favor apenas peço que me proteja deles, eu não confio neles...-assumi mentirosa, limpando o rosto com a manga da blusa.

-E você confia em mim?-questionou. Me joguei contra seu grandioso braços enfiando o rosto contra seu pescoço perfumado e quente, ouvindo o resoar de seu coração agitado.

-E apenas o que me resta, Chris, meu último fio de esperança...-suas mãos tomaram meus fios de cabelo e seu queixo repousou contra minha cabeça. Seu corpo cobria o meu em proteção, protestando contra o mundo exterior e interno da pequena cabana. Funguei contra sua blusa xadrez apertando-a com as mãos como se aquela peça fosse a minha última chance de permanecer segura ao menos até que outro plano fosse reestabelecido, bom o sufiente para me levar até a camada gelatinosa que me trouxe até esse ponto exorbitante.

A realidade parecia nos engolir cada vez mais distantes e distintos, perdidos entre respirações frenéticas e corações acelerados. E portanto, aquela pequena bolha que havia nos envolto conosco, de mero sentimento de afeto e proteção me fez sentir pela primeira vez que aquele homem era confiável. Contudo não poderia dizer o mesmo dos outros dois.

-Sabe Megan...-comentou enfiando seu rosto contra o mar de fios de meu cabelos espalhados pela costa-Eu não saberia descrever a sensação da última vez eu tive minha filha em meus braços, esteve esquecida com o tempo. Mas nunca fui capaz de perpetuar e aceitar que de fato havia a perdido. Existem coisas nesse mundo que não podem ser definas e explicadas propriamente e acabamos por defini-las como o destino, mas, agora, eu a tenho novamente e o preço que isto me custou não deve ser questionado...Essa sensação que o faz refém mais que o possível de uma pessoa ao qual vai ter o poder de corromper sua alma e fragmenta-la em pedaços chama-se amor. E mesmo que esteja em fúria que o maldito homem que a tocou ainda vive, eu posso remotamente agradece-lo...Por que agora, tenho aqui duas coisas que mais amarei em minha vida e protejerei até meu fim com unhas e dentes...








De volta à Cabana (Disponível Por Tempo Determinado)Where stories live. Discover now