capítulo 2.

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Azriel

-Não acredito que deixei você me convencer a vir aqui.- O ruivinho disse irritadiço após passar pela porta de entrada, só entendi sua recusa quando olhei por cima de seu ombro.

Apesar das luzes serem vermelhas era perceptível que a decoração do ambiente consistia em pequenos camarotes com sofás de meia lua formando um círculo e no meio de cada camarote um mastro de metal que após um assento ser ocupado logo era usado por um macho ou fêmea de poucas vestes e muito dançante que trabalha no estabelecimento, havia também garçons e garçonetes com roupas deveramente vulgares transitando pelo lugar com bandejas cheias de vodka, Gim, drinks coloridos, vinho entre outras bebidas.

Outra pequena observação que fiz nos poucos segundos que tive pra ver, percebi que de fato a maioria dos clientes eram machos que ocupavam um sofá inteiro sozinhos, porém haviam quatro ou cinco grupos de machos que faziam uma certa algazarra por cima da música alta em seus sofás, como se estivessem a comemorar o noivado de um deles.

Lucien parecia um pouco deslocado então apenas segurei sua cintura fina e curvada e o guiei até o primeiro divã vazio que encontrei, o sofá era excepcionalmente confortável, apesar da aparência singela de couro preto com botões pretos as almofadas eram tão macias quanto algodão.

Após me ver sentando ele a contragosto se sentou do lado oposto ao meu de forma que ficamos de frente um pro outro apenas com o bastão prata dividindo nossas visões um do outro.

Ele relaxou os músculos imediatamente assim que encostou no estofado preto e me olhou como se não acreditasse que algo pudesse ser tão confortável.

-Se sente tão bem sentando aí é óbvio que faz tempo que não senta em algo melhor.- provoco,apenas pelo prazer de flertar sem interesse e sem saber qual reação ele vai me jogar.

Apesar da minha facilidade de ler as pessoas, Lucien mesmo após anos ainda é um mistério, quero dizer, não um mistério real, sei praticamente tudo sobre a vida dele assim como ele sabe tudo sobre a minha, suas reações é que são um mistério. As vezes o provoco e sou agraciado com uma retruca sarcástica e divertida, outras sou amaciado com um leve corar de suas bochechas e um soco fraco no ombro e de vez em nunca ele apenas rosna e me direciona um dedo do meio.

Fazemos isso a anos: flertes, provocações descaradas e toques íntimos mas não indecentes.

-Fazer o que? Parece que finalmente estou chegando na mesma fase que você.

Sei que uma alfinetada vai vir, mas minha curiosidade é maior que meu senso de autopreservação.

-Que fase?

-Velho demais pra satisfazer alguém.- ele diz em tom de zombaria enquanto morde o lábio segurando o sorriso.

-Morda a língua antes de falar tamanha injuria sobre minhas partes baixas, teremos de duelar para que eu arranque suas cordas vocais como meu prêmio pessoal.- eu digo com o tom de um fidalgo humano, até hoje não entendo o encanto que Lucien tem pelos humanos.

-Achei que você não fosse tão adepto a duelos de espadas de machos.- ele responde sério me olhando desafiador e eu devolvo o olhar na mesma intensidade.

Levam três segundos inteiros para cairmos na gargalhada.

Nessa nossa rápida jogatina com as palavras uma garçonete chega para nos atender, ela certamente deve pensar que somos pobres - não a julgaria, apesar das minhas jóias de sifões, eu e Lucien nos vestimos como qualquer caçador comum, sem nada que indicasse que ele é um grão senhor e eu um mestre espião, até minhas sombras estão tão bem escondidas em minhas asas que são imperceptíveis- pois não se inclina com o quadril como a maioria das outras está fazendo nos outros divas provavelmente almejando uma boa gorjeta.

vinho, beijos e verdades secretas Where stories live. Discover now