"Tudo certo para hoje à noite?"

"Sim. Você me busca aqui na cafeteria?"

"Claro. Você sabe que não precisa se dividir entre estudar e trabalhar, não sabe? Se está precisando de grana, eu posso te dar."

Fiz uma careta ao ler aquilo.

"Dispenso esse tipo de ajuda."

"Qual é, Maya, eu estou aqui dentro agora e não é tão ruim."

"Duvido muito."

"Tô falando sério. Por que eu mentiria para você?"

"Preciso ir, chegou mais um cliente aqui."

Cumprimentei a mulher que entrou com uma garotinha que não devia ter mais do que oito anos e ficou babando na vitrine. Após anotar os pedidos das duas, fui agilizar o café da moça e o milk shake da menininha, tentando fazer de tudo para não sentir meu estômago embrulhado com a última conversa que tive por mensagem. O resto da tarde passou na velocidade de uma lesma e ainda precisei recusar o convite insistente de David para sairmos naquela noite. Como previ, Mia se despediu de mim uma hora antes de encerrarmos o expediente e fiquei responsável por fechar a cafeteria. Já estava terminando de contabilizar o caixa, quando o nome de Connor apareceu na tela do meu celular. Ri ao ouvir o seu áudio:

— Passei o dia todo achando que iria morrer. Nunca mais vou beber na minha vida.

— Eu avisei a você ontem à tarde, mas não quis me ouvir. Está melhor agora?

Enviei o áudio para ele enquanto desligava as luzes da cozinha. Do lado de fora, vi o momento em que uma moto estacionou em frente à cafeteria.

— Estou vivo, é o que importa. Minha cabeça ainda parece que vai explodir. Vou tentar dormir um pouco, por que não vem pra cá dormir comigo? Ainda estou na sede do MC.

Nem se eu não tivesse nada para fazer, aceitaria o seu convite. Ir até à sede dos Flame Wolves dois dias seguidos poderia ser perigoso e ainda tinha o seu irmão mais velho, que havia passado o dia inteiro perturbando os meus pensamentos.

— Não posso, combinei de sair com um amigo. Fica bem, tá? Ah, não sei se o seu irmão te contou ou se você consegue se lembrar, mas Oliver foi correndo nos ajudar a te levar para o quarto. Ele parecia todo preocupado com você.

— Eu me lembro vagamente da vergonha que passei ao ser carregado por ele. Meu cérebro me fez o favor de apagar os detalhes.

— Não foi vergonha alguma. Até parece que ele nunca tomou um porre na vida.

— Acho que o único pecado que Oliver já cometeu, foi matar alguém, mas como era um inimigo dos Flame Wolves, nem foi algo tão grandioso assim.

Foi impossível conter o calafrio que me tomou ao ouvir aquilo, enquanto olhava pelas portas de vidro da cafeteria. Uma parte minha quis saber mais detalhes sobre aquilo, mas preferi ser racional e fingir que Connor não havia acabado de revelar que Oliver era uma espécie de matador justiceiro dos Flame Wolves — ou o que quer que a sua posição dentro do moto-clube implicava.

— O que importa, é que ele se preocupou com você. Talvez, você não seja o único a sentir alguma coisa diferente. Agora eu preciso ir, nos falamos mais depois. Beijo e te amo!

Connor me enviou um coração em resposta, ignorando tudo o que eu disse anteriormente, provavelmente porque não queria se iludir — palavras que sempre usava quando Madison dizia que Oliver poderia, sim, sentir alguma coisa por ele. Meu amigo sempre foi apaixonado pelo motoqueiro loiro e calado do moto-clube, mas parecia disposto a não alimentar mais o sentimento.

Chamas na Escuridão - Flame Wolves MC 2Onde as histórias ganham vida. Descobre agora