vinte e três

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Percebo o seu sorriso. 

— Você deveria fazer isso mais vezes — e depois de uma pausa, corrige: — No meu sofá, é claro. 

Não consigo evitar o sorriso. 

— E se eu quiser fazer isso no sofá de outros caras? — provoco. 

— A questão é que você não quer. 

Viro a cabeça para olhar para ele, boquiaberta. 

— Como você pode afirmar isso com tanta convicção? 

Damien dá de ombros e fecha o caderno, jogando-o sobre a mesa a alguns metros de distância dele. 

— É bem simples, professora: ninguém te excita como eu faço — abro a boca, mas ele me interrompe no ato. — E não adianta tentar negar. Está na forma como você olha para mim, como pede para eu ir mais rápido, mais forte, quando estou dentro de você. 

Minha pele esquenta de um jeito que eu não consigo explicar. Observo atentamente, ainda sem palavras, enquanto ele se levanta da cadeira e caminha lentamente na minha direção. Fico inquieta sobre o sofá, tentando me decidir, em conflito, se devo permanecer como estou ou se devo me sentar. 

— O desenho… — tento escapar. 

Ele sorri de lado e sobe em cima de mim, fazendo minha respiração ficar presa na garganta; seu corpo vai se encaixando no meu como peças de um quebra-cabeça. 

— Faz umas meia hora que terminei — admite. 

Fico chocada. 

— Mas… por que você não me disse nada? 

Damien coloca as mãos em cada lado do meu pescoço e abaixa a cabeça, fazendo nossos narizes se roçarem e sua respiração bater contra o meu rosto. Seus olhos são animalescos. 

— Queria olhar pra você um pouco mais — diz ele, a voz rouca. — Eu poderia apenas olhar pra você, nua no meu sofá, a noite inteira. 

Minha boca fica seca. 

— Bom… não quer me mostrar o resultado do desenho? 

A expressão no seu rosto é extremamente sacana. 

— Claro. Você vai receber o produto depois que eu receber o meu pagamento. 

Engulo em seco, mas percebo tarde demais que minha boca se encontra seca. 

— Qual é o seu valor, senhor? — pergunto sorrateiramente, mexendo no botão da sua calça. 

— É um pouco alto, eu admito. Mas tenho certeza que você pode pagar cada centavo. 

Ele me beija. Eu abraço o seu corpo, as pernas rodeando seus quadris, suspirando contra seus lábios sedosos. Estou completamente pelada, ele completamente vestido, o que cria um atrito gostoso, mas agonizante: prefiro quando ele está sem nada, para que eu possa sentir cada centímetro da sua pele e aquele calor familiar que causa uma pane elétrica no meu corpo. 

Em alguns instantes, as suas roupas estão jogadas em direções diferentes pelo chão, e ele está deslizando para dentro de mim depois de pôr a camisinha. A forma como ele se movimenta, todo possessivo, sem muita velocidade, mas com muita intensidade, acaba comigo. Eu rebolo contra ele, gemo contra a sua boca, e deixo ele tomar todo o controle da situação. 

As outras mulheres que passaram pela vida dele, por esse sofá, não importam. O que realmente importa é que sou eu quem está aqui agora, e Damien é completamente meu. 

***

Algum lugar do meu cérebro registra a letra de "He Could Be the One", da Hannah Montana, cantando alto. Esse é o som do meu toque de celular. Que foi? Eu sei que já tenho trinta anos, mas ainda não tenho coragem de deixar o meu lado Disney para trás. 

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