Capítulo 1

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Nenhum dos dois jovens sabiam porque ou quando, mas aconteceu. Félix e Pepa
estavam nesse terreno novo do seu relacionamento a algum tempo. Toques suaves, elogios, e apelidos carinhosos eram compartilhados entre eles. Muitas vezes, ele flertava com ela, apenas para ver um sorriso satisfeito, e o rubor óbvio nas suas bochechas. Tudo era tão saudável que Pepa sentia que a qualquer momento pediria o jovem em namoro.

Sim, era novo, mas não desconhecido. Aquele sentimento de carinho e amor queimavam nela há muito tempo. A ruiva pensava que esse sentimento também estava presente em Félix, mas ele não demonstrava assim como ela não fazia também. Tinha que estar presente porque ela não conseguia encontrar outra resposta para as vezes que ela o pegou olhando para os seus lábios, ou perdido nos seus pensamentos enquanto ela dançava. Ela ansiava por mais contato, ansiava por
saber oque aconteceria se ele a tocasse aonde ela o queria tanto. Quando ele estava com ela debaixo da chuva, o pensamento de puxá-lo pela gola da sua camisa e beijá-lo estava sempre presente.

A tensão deles era tão grande que muitas vezes ela se pegava sonhando acordada com ele. Ela lembrava-se de todas as vezes que teve que esconder o rosto corado e sorridente com as mãos quando isso ocorria. Pepa temia estourar em algum momento, e subir em cima do jovem declarando todo o seu afeto por ele.

Todo o medo dela ia embora quando ele estava com ela. Ela sentia-se tão quente quanto o sol, e tão brilhante quanto o arco-íris. Apesar de querer dar o próximo passo no relacionamento deles, ela gostava do que eles tinham no momento. Era maravilhoso para ela, bom para os seus familiares, e até para a sua própria mãe.

Todos os dias, sem falta, ele vinha sempre depois do almoço, e nunca ficava depois de escurecer. Os dois iriam sair para um piquenique, dançar ou até mesmo ler um bom livro. Mesmo quando ela precisava fazer chover, ele ainda estava com ela. Ele sempre insistia em levar um guarda-chuva, não para ele, mas para ela. Pepa amava tudo isso, e não trocaria por nada.

Hoje foi um desses dias, ou pelo menos deveria ser.

Julieta estava fazendo arepas, e Agustín estava a ajudando. Depois que os dois começaram a namorar, Augustín sempre estava na cozinha. Ele não era bom em cozinhar, e nem podia já que Julieta tinha o dom, mas ele tentava ajudar. Apesar do namorado de Julieta ser desastrado, eles estavam indo bem até aquele momento. É claro, isso foi antes de ouvirem trovões, e sentirem o vento forte fluindo pelas janelas derrubando algumas coisas no chão da cozinha. Felizmente Agustín consegui pegar uma panela e uma colher de madeira antes que caíssem no chão. Não que fossem quebrar, mas seria menos bagunça para limpar. A cozinheira e o homem trocaram um olhar preocupado. Só havia uma pessoa que poderia ir de ensolarado a furacão em minutos, e eles foram procurar por ela.

A irmã mais velha olhou com os olhos arregalados para a cena a sua frente. Pepa estava andando em círculos, murmurando para si mesma que os três estavam mortos. O vento estava forte em torno da ruiva, e Félix tentava chegar perto o suficiente para acalmá-la. Não muito longe dali, Bruno tentava pegar com quer coisa que pudesse ser quebrada para manter em segurança. No meio do vento, ela pode ver pedaços de alguma coisa voando em volta de Pepa.

Agustín passou o braço em volta do ombro da sua namorada, e andou em direção aos outros quando o vento parou. A irmã mais velha foi direto para a ruiva, procurando com quer machucado que podia ter sido causado. Augustín ofereceu a mão livre para Félix, e Julieta espelhou seu ato com Pepa. Depois do casal ajudar eles a se levantarem, o olhar de Julieta finalmente pousou no problema de todo o caos. Não, não era a mulher que estava quase causando um furacão, era o vaso que a mãe deles tanto amava e zelava.

— O que houve aqui? — Julieta apontou para os pedaços do vaso quebrado que Bruno tentava esconder com os pés.

Félix não parecia estar ouvindo porque ele continuava olhando para a sua amiga enquanto acariciava as costas dela. Julieta fitou os olhos em Bruno, já que ele era o único que parecia estar em condições de explicar. Também tinha o fato de que ele puxava os pedaços do vaso para trás dele o deixando suspeito. O olhar de Bruno disparou para os próprios pés e depois para a sua irmã.

— Foi ele. — Bruno inclinou a cabeça para Félix, já que as mãos estavam ocupadas com dois quadros e outras duas coisas que não podiam ser vistas.

Félix finalmente saiu da sua concentração, mas não teve chance de responder.

— Não foi ele. — ela olhou para Bruno com raiva, mas suavizou quando Félix segurou a sua mão, agora as acariciando. — Fui eu que fiz isso. Eu me assustei e causei toda a confusão.

— Mi vida. — o homem baixo começou a falar. — Obrigada por me defender, mas a culpa foi minha.

Félix não perdeu o sorriso tímido e as bochechas vermelhas de Pepa ao ser chamada daquela forma.

— Na verdade... — Bruno colocou as coisas que estava segurando no chão.

Ele estava segurando dois quadros, uma caixa de doces em formato de coração, e um buque de flores.

— Talvez a culpa tenha sido minha. — ele passou a mão no pescoço timidamente.

Dentro de alguns segundos, os três começaram a discutir. Agustín riu com a cena, apenas parando quando Julieta deu um leve tapa no ombro dele. Era engraçado, ela tinha que admitir, mas também era preocupante. Aquele vaso foi dado em nome da aldeia toda. Ele era feito de cerâmica e tinha o desenho dela, os seus irmãos, a sua mãe e até casita. Deveria ser o maior tesouro que sua mãe tinha.

Ela ainda se lembrava que quando criança ouvia a sua mãe transbordar de orgulho quando ela contava sobre como ganhou o vaso.

Gotas de água a tiraram do devaneio. Ela olhou para o namorado em busca de socorro. Ele captou a mensagem, e bateu a colher de madeira na panela fazendo com que os três parassem de discutir.

— Por favor, algum de vocês podem contar exatamente o que houve?

Tesouro Madrigal Where stories live. Discover now