II

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Quando tornei, nada daquilo fazia sentido, torci pra ser um sonho maluco, mas olhei pro lado e lá estava aquela maldita maleta, mais uma dúzia de perguntas e paranoias surgiram na minha mente, o que é ou quem é aquela criatura que me encontrou ontem? Porque me deixou essa maleta que pertencia ao meu pai? O que ele ou essa coisa sabe sobre meus pais? As dúvidas surgiam na minha cabeça e eu fiquei a ponto de enlouquecer, e se a criatura não voltasse mais? Bom eu decidir nao ir à escola, nem a lugar a nenhum aquele dia, resolvi não sair de casa, e notei que nada aconteceu, ou seja a criatura só vinha ao anoitecer.

Então a noite chegou, mas dessa vez a situação era diferente, eu estava disposto a enfrentar cara a cara aquela criatura, pois depois de ver a foto dos meus pais e a maleta, uma coisa eu tinha certeza, aquela criatura tinha algo a ver com o sumiço deles e estava querendo me amedrontar de alguma forma, então deixei a porta aberta, me sentei encostei na parede que ficava de frente pra porta e pacientemente esperei aquela coisa voltar, e quando já estava quase pegando no sono, algo sobe o batente da casa, rapidamente foquei meus olhos na escuridão e perguntei em tom agressivo:

- QUEM É VOCÊ?! O QUE QUER DE MIM?!

- Acalme-se! Não vim lhe fazer mal. Disse a criatura com uma voz feminina que passava uma sensação de calma e paz

- Já que não tenho o que temer, mostre- se. Respondi tentando passar a mesma sensação de calma com que ela falou comigo, porém as mãos trêmulas não passavam credibilidade alguma.

Ela deu dois passos pra frente e pude observar através das luzes do candiero uma mulher trajada com roupas de uma época muita antiga, como na era medieval, branca, de estatura média e cabelos loiros e longos, nunca tinha visto algo tão belo em toda minha vida.

- O que veio fazer aqui? De onde você é? Onde você achou essa maleta e como me encontrou? Descarreguei um caminhão de perguntas sobre ela, mais uma vez demonstrando que não estava tão tranquilo assim

- Siga-me e eu responderei todas as suas perguntas. Disse mais uma vez com sua voz doce e branda.

- Por que eu lhe seguiria? Não sei quem é você, você brotou na escuridão da floresta do nada, por várias noites rodou a casa e até entrou, como vou saber que você não vai me matar?

- Bom, eu já teria lhe matado se quisesse e não é você que não liga pra nada Jhonny?

- Como sabe meu nome?

- Me siga e eu lhe digo tudo o que quiser saber.

Estava apavorado, mas ao mesmo tempo curioso pra saber de tudo, segui ela floresta a dentro, ela segurava uma tocha e ia rasgando mata a dentro como se seguisse por um caminho que só ela via, ela parou em frente a uma caverna virou pra mim e disse:

-Chegamos! Está pronto?

-Chegamos onde? Pronto pra que?

-Pronto para que todas as suas perguntas sejam respondidas?

- E como uma caverna escura e estreita vai responder às milhares de perguntas que eu já te fiz e você ignorou? Você é louca? Ou melhor eu sou louco por estar te seguindo, eu vou embora, já cheguei longe demais

- Você tem certeza que quer ir embora? Disse ela mais uma vez com sua voz suave e calma e irritante aquela altura

- Eu vou embora! E por favor não fique mais rondando minha casa!

- Tudo bem quando quiser, sabe onde me encontrar.

Dei alguns passos e olhei pra trás, ela não estava mais lá, voltei correndo pra casa me perguntando se eu estava louco, estava frenético, apavorado desejando até estar no orfanato de novo do que está ali naquele casebre velho tendo delírios.

Mas olhei pro canto da parede e lá estava a única coisa que eu tinha certeza que não era delírio... Aquela maldita maleta, fui até ela e a abri e vi a foto denovo, comecei a dar gritos de ódio de desespero, me perguntando o por que voltei, eu estava perto de descobri o que houve com meus pais, uma confusão tomou conta da minha mente e já não sabia mais o que era real e o que não era, não sabia se saia dali, ou se ficava, se jogava fora a maleta ou se guardava, se seguia a moça ou se era um devaneio meu, mas naquele momento eu só queria que nada disso tivesse acontecido.

No meio da minha pequena grande crise existencial, percebi que no envelope que eu havia retirado a foto tinha um pedaço de papel com algo escrito, como uma mensagem, carta, mesmo no chão com os olhos cheios de lágrimas me rastejei e peguei o papel, percebia que a mesma letra que estava nos rabiscos, anotações e desenhos espalhados pela maleta, também estava naquela carta, então eu li:

"Filho se você está lendo esse bilhete, significa que completou 18 anos e que em meio a esse mundo e sua realidade difícil você sobreviveu e chegou  até aqui, sei que você deve estar cheio.de dúvidas nesse momento, mas não se assuste com as coisas que vão acontecer depois que você encontrar essa maleta, siga as oportunidades que irão aparecer e você vai conseguir encontrar as respostas que você está buscando e lembre-se, Não importa o que tenha ocorrido em sua vida até este ponto. Isso não deve ter qualquer importância em como você vai viver a partir de agora, porque você, no aqui e agora, é quem vai determinar sua própria vida, a vida é bela filho para os que tem coragem, por que sua vida vai mudar na mesma proporção que sua coragem, então não importa o que aconteça, tenha sempre coragem!"

Naquele momento minhas lágrima caíram, eu não sabia o que estava acontecendo, mas de uma coisa eu tinha certeza, naquela mesma noite eu iria até aquela caverna, eu não sabia o que irá encontrar lá, mas sabia que parado eu não ia achar as respostas de que preciso, e não iria passar a vida toda me martirizando por não ter feito o que deveria, então coloquei o bilhete e a foto no meu bolso esperei anoitecer novamente, e fui caminhando até aquela caverna novamente.

Cheguei e aquela moça estava parada com a tocha na mão me esperando.

- Como sabia que eu vinha?

- Já lhe disse, venha comigo e todas as suas perguntas serão respondidas.

Respirei fundo e entrei na caverna logo após ela, andamos um pouco e tinha outra tocha pendurada na parede, ela retirou e me deu. Mesmo assustado segurei a tocha e paramos em frente a um corredor tão estreito quanto aquela caverna e um pouco mais distante vi uma porta grande e preta. Ela olhou direto nos meus olhos com uma expressão bem seria e disse:

- Quando entrarmos lá, tente não chamar a atenção pra você, entendeu?

- S-Sim. Respondi totalmente tenso

- Certo, agora mantenha o passo firme, Vai entrar em Arcanum.

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⏰ Last updated: Jan 25, 2022 ⏰

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