Minha Pessoa Favorita - Livro 5 - Série Encantadores

Capítulo 13

10:12 a.m.

– Todos os seres vivos possuem cinco grandes centros energéticos em seus corpos que se relacionam com alguma parte específica, seja do próprio indivíduo ou do mundo exterior. Costumo dizer que são centros de comunicação. Como ressonadores, nós usamos muito esses cinco centros a fim de neutralizá-los ou estimulá-los. Eu tenho certeza de que todos vocês já ouviram falar de chakras, que são um total de sete. Os nossos centros de comunicação corpóreos são próximos dos chakras da medicina ayurvédica e seguem princípios parecidos – a Professora Klein diz e muda o slide.

Tal slide mostra cinco círculos que passam pelo centro do corpo, tanto na parte de trás como na parte da frente. Há um no topo da cabeça, um sobre a boca, um entre os seios, um enorme na região do umbigo e um na sínfise púbica. Durante as férias, Shane me contou que aprendeu um pouco sobre esses centros de comunicação nas aulas com essa mesma professora em seu grupo de ressonadores. Aparentemente, essa é a ferramenta básica que ressonadores usam para equilibrar a energia das pessoas. Sem dominar os assuntos relacionados a cada um dos centros, o ressonador não conseguiria fazer o seu trabalho direito e poderia até piorar o quadro do indivíduo tratado. Shane disse que nunca se arriscou a fazer algo assim sozinho porque sabe que não tem os seus sentimentos muito bem trabalhados e o medo de fazer besteira é grande.

Pergunto-me se como desintegradora eu teria grandes dificuldades de realizar encantos sobre esses centros. Se qualquer um pode desintegrar um Heller, eu acredito que não existam encantos exclusivos de uma determinada ordem, só uma facilidade maior ou menor para executá-los.

– O primeiro centro é o do topo da cabeça. A localização exata dele é no equivalente ao ponto de acupuntura Vaso Governador 20, que é o ponto mais alto do corpo. Ele fica a exatamente uma mão do meio das sobrancelhas. – A Professora Klein apoia a base de sua mão entre as sobrancelhas e com o dedo do meio toca um ponto no topo de sua cabeça, mostrando exatamente o local do primeiro centro. – Este é o centro que se comunica com o Universo. Redutores e desintegradores possuem este centro muito mais trabalhado do que outras ordens. Já o segundo centro, – ela mostra a região dos lábios – é o que utilizamos para comunicar com palavras os nossos pensamentos. Ele fica exatamente entre a testa e a garganta. Ressonadores costumam utilizar encantos específicos para o segundo centro em casos de dificuldade de comunicação verbal, especialmente em crianças.

– Temos que trabalhar esse centro seu, né, Shane? – Viro-me para o meu melhor amigo, que parece um pouco disperso da aula agora que sabe que Zoey está vindo para a faculdade.

– Não tenho problemas com o segundo centro. O meu problema é com o terceiro – ele comenta.

– O segundo centro é onde as ordens teóricas possuem mais força – a Professora Klein explica. – Estas são ordens que geralmente têm a comunicação escrita e verbal bem claras. Quando um Encantador de uma ordem teórica começa a gaguejar, a ter dor de garganta, a ter períodos de verborragia, fica claro que esse segundo centro está desarmônico. Só vi isso acontecer uma vez e deu muito trabalho reverter o quadro.

– O que exatamente aconteceu? – Arthur pergunta.

– Eu tive um paciente da ordem dos pesquisadores que tinha soluços todas as vezes que começava a falar ou a escrever sobre um assunto que o incomodava. A desarmonia dele era entre o segundo e o terceiro centros porque, se formos parar para pensar, o soluço é um movimento desarmonioso do diafragma, que fica próximo do centro do peito.

– Qual foi, especificamente, o problema do terceiro centro dele? – um rapaz infectado pergunta, o que entrou de mãos dadas com outra infectada na aula da Professora Holm.

– Este Encantador em questão tinha perdido a mãe algumas semanas antes, quando os soluços começaram. A perda impactou o terceiro centro e, como o Enon dele não estava fluindo adequadamente de volta para o segundo centro, só a ideia de falar sobre o luto, o fazia soluçar. Nós ficamos quase seis meses para interromper de vez os soluços. Claro que o fato de ele ser um teórico, cujo terceiro centro geralmente é pouco desenvolvido, dificultou muito a recuperação efetiva dele.