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Cold Cigarettes

Não posso curar o frio

E meus dentes são amarelos

A fumaça que sai de sua boca tem gosto de Acre

Branca e perolada, linda e quente, tão diferente das consequências que deixa para trás

Seus dentes tambem são amarelos.

Uma vez, você me disse que gostaria que fossem brancos.

Voce gostaria que os meus fossem tambem? Gostaria mais de mim? Pararia de fumar? Pararia de falar comigo?

Você diz que gostaria de que houvesse alguém em sua vida para dar estrutura à essa bagunça.

Eu pensei em me oferecer, mas hesitei. Ter que lidar com todos os seus amantes não me parece fácil.

Você sai sem dizer adeus, e entra sem bater. Invade quando quer.

E sabe, você não é um hóspede bem educado.

Às vezes, você entra, bagunça e deixa vestígios de que esteve lá. Às vezes, você quebra tantas coisas que não sei por onde começar a arrumar. Às vezes, você só entra e fica lá, sem fazer nada.

No entanto, nunca houve uma vez onde você ajudou. Nunca ajudando a arrumar sua bagunça, ou a minha.

Mas, você também nunca pediu ajuda.

E eu nunca ofereci.

Eu me pergunto se algo mudaria agora caso eu oferecesse, ou se já é tarde demais para isso.

Eu nunca fui boa em fazer as coisas no prazo. Um procrastinador de primeira.

Você também é assim. Mas também não é.

Nós somos semelhantes, mas não somos.

Duas pessoas, diferentes.

Confusas, talvez perdidas.

Meus dentes nunca foram brancos, nunca igual aos dos famosos que aparecem nas capas de revistas.

E quando te conheci, eu soube. A chance de que talvez algum dia eles ficassem perolados havia desvanecido, assim como a fumaça que sai de sua boca.

Essa foi uma escolha que, mesmo que quisesse, não poderia negar querer fazer. Recusar parecia estar cada vez mais fora do meu alcance quando te via dia após dia.

E eu sei que já não tem mais volta. Porque agora não posso mais saber se quero que meus dentes sejam brancos. Talvez não, se essa for a única maneira de poder ficar com você.