Capítulo 17 | "Fulga"

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Não revisado;

Capítulo 17;

| Melina |

Olho para os rapazes assustada, o que está acontecendo? Como assim o meu irmão está me procurando? Eu tenho um irmão? São tantas perguntas para assimilar em tão pouco tempo que vou acabar surtando.

— Eu tenho um irmão. – sussurro e sinto uma lágrima de alegria escorrer pelo meu rosto, sei que ele é filho de uma possível traição, mas ainda assim é meu irmão, e ele está preocupado comigo, ele quer me levar para casa, ele quer me tirar da mão dos meus sequestradores!

— Já arrumou suas malas? – Evan pergunta entrando de uma vez no meu quarto. Eles me mandaram subir a quase uma hora, mandaram que eu arrumasse tudo que precisasse, mas eu estou aqui, e sequer toquei em uma peça de roupa.

— Não... – respondo de cabeça baixa, ouço Evan bufar e em seguida sinto um puxão em meu cabelo me fazendo levantar, meu couro cabeludo arde e sinto uma dor aguda se espalhar pela minha cabeca.

— Pois trate de arrumar agora mesmo. – diz em um quase grito próximo ao meu ouvido. — Não vou falar de novo, ok?

T-tá bem, eu vou arrumar! – gaguejo com medo de que ele faça algo

— Eu te ajudo, só pegue o essencial. – diz sério e afrouxa seu aperto. — Se precisar de mais alguma coisa, compramos depois

Assinto e me apareço a pegar tudo que preciso, Evan está no quarto com duas malas pequenas abertas, pego várias roupas das que comprei, entre vestidos, blusas, short e saias, aproveito e pego muitas roupas íntimas, alguns sapatos, pentes e creme de cabelo, jogo tudo na cama e Evan recolhe colocando de qualquer jeito na mala, em menos de trinta minutos estamos com tudo pronto, descemos as escadas com as malas e os rapazes já estão lá.

— Tudo certo? – João pergunta, ele parece muito tenso, como nunca havia visto.

— Está sim, Melina vai com você. – diz Evan após colocar as malas no chão. — É pra cuidar bem dela, ouviu? – diz sério e João assente, tenho vontade de gritar e dizer que não quero ficar com eles, mas um nó se forma na minha garganta e nada sai. — Se você suspeitar de alguém, por menos que seja a suspeita. Pegue ela e suma, entendeu?

— Não se preocupe, Evan. – Ricardo interfere. — Eles vão ficar bem, João já sabe de tudo e também sabe como agir.

— O Ricardo está certo, é melhor deixar eles irem logo. – diz Pedro e percebo que o João está cada vez mais tenso e nervoso. — Assim evitamos contratempos. – Evan assente e sai de casa levando minhas malas, provavelmente para algum carro.

— Melina... – Ricardo diz com um sorriso triste nos lábios. — Sentiremos sua falta. – diz deixando a frase se perder no ar até que morra.

— Eu... Eu também vou sentir. – digo sincera, eu não quero ficar presa aqui, isso é um fato. Mas eu me acostumei a ter todos eles sempre por perto, mesmo que incidentes como o que aconteceu com Evan agora pouco ocorram, eu sei que se tivesse mais tempo, eles parariam de fazer isso.

Após uma breve despedida, onde os meninos me abraçam e dizem algumas palavras como “Sentirei saudades” ou “Não irrita o João”. Quase chorei ao vê o olhar de Ricardo sobre mim, ele parecia triste, como se ele não merecesse tudo que estava acontecendo. Respiro fundo e entro dentro de um carro preto, a princípio eu pensei que os rapazes iriam com a gente, mas apenas eu, João e o motorista que até então eu não conhecia, seguimos caminho. Depois que Evan levou minhas malas para o carro, ele simplesmente desapareceu, não o vi mais, e ele também não veio se despedir, não posso mentir e dizer que não me senti mau por isso, achei que ao menos ele ia me abraçar, mas infelizmente isso não aconteceu.

(...)

Entre uma viagem e outra, eu acabei dormindo. Eu e João ficamos quase duas horas no carro, e assim que chegamos ao aeroporto nos levaram para um jatinho, achei que pediram algo, talvez algum documento, mas ninguém falou nada, se quer dirigiram a palavra a mim. Depois de quase seis horas naquele voo, descemos em alguma cidade, provavelmente do continente europeu, em seguida voltamos a subir em outro jatinho, mas esse durou muito mais que duas ou seis horas.

— Melina, vamos descer. – João me chama enquanto cutuca meu braço. — Já chegamos.

— É? – pergunto coçando os olhos. — E onde chegamos?

— No Brasil. – diz com um meio sorriso, o encaro confusa. Brasil? O que viemos fazer aqui? É tão longe de casa.

— Mas... O Brasil não é muito longe? – ele concorda e se levanta me mandando fazer o mesmo, logo estou de pé e começamos a descer do jatinho.

— É longe sim, mas era de um país assim que precisávamos. – diz sorrindo. — É seguro para nós dois, e assim os rapazes vão ficar mais tranquilos. – assinto e logo entramos em um carro.

Ficamos pouco pais de uma hora dentro daquele carro, João estava distraído e parecia estar preocupado, já eu, fiquei olhando a paisagem pela janela do carro. Eu sempre li que o Brasil era uma país quente e muito bonito, não sei em que parte estamos, mas a temperatura não me parece ser tão elevada, está até friozinho. Passamos por algumas ruas, e todas estão bem movimentadas, tem várias lojas de artesanato e um muitas cafeterias, me viro para João e chamo sua atenção com uma cutucada.

— Em que lugar exatamente? – pergunto e ele me encara confuso. — Em que lugar do Brasil?

— Para que quer saber? – pergunta ríspido. — Ah, claro! Se caso você consiga falar com seu irmão, você dizer onde estamos, né? – arregalo os olhos surpresa, o João nunca me tratou assim, sei que ele está com a cabeça cheia, mas não precisava me maltratar dessa maneira, eu sequer pensei ser possível falar com alguém.

— N-não, eu juro que não. – digo com a voz um pouco trêmula. — Eu só... Fiquei curiosa. – digo e abaixo a cabeça em seguida, ouço João soltar um suspiro cansado.

— Guarde sua curiosidade para você, não estou aqui para responder suas perguntas. – diz sério e volta a se virar para janela.

DaddysWhere stories live. Discover now