The Point of No Return

Chapter Two

The Point of No Return
Capítulo 2

Natalie

Os dias que se seguiram foram calmos. Durante a noite, o Fantasma vinha me buscar para nossa aula. Não conversamos desde aquele dia, assim que acabar minha aula ele me trás novamente e vai embora. Sei que posso estar sendo infantil, mas apenas queria uma resposta. 
A ópera ficaria fechada essa semana, para ensaios e preparativos do novo espetáculo que estamos preparando. Vez ou outra, Meg, Lauren e eu escapamos do ensaio e íamos para outro lugar, descansar e conversar por um tempo. 
Essa tarde os ensaios terminaram mais cedo devido a um baile de Gala que nossos patrocinadores programaram. Combinamos de nós arrumar em meu quarto, assim poderíamos conversar e ajudar uma a outra - inclusive com o maldito espartilho. 
As duas bailarinas tinham descido para pegar algo para comermos. Ainda era cedo para nos arrumar, então aproveitamos o tempo juntas. Aproveitei que não estavam e fui até a mesa que tinha no canto do meu quarto, abrindo a gaveta e pegando alguns papéis, me pondo logo a escrever.

" Nathaniel
Peço desculpas por não visitá-los. Sei que faz muito tempo desde que fui aí, mas a rotina aqui não para e está difícil achar tempo. Espero ao menos ajudar com o dinheiro que envio toda a semana, mesmo que sinta que estou fazendo muito pouco comparado ao que já fizeram e ainda fazem por mim. Assim que conseguir um tempo livre, estarei indo vê-los.
Como está Claire? Ela tem se alimentado direito? Se comportado? Queria ser mais presente, mas infelizmente é melhor assim. Ela estará mais segura com vocês do que comigo. Qualquer coisa que precisar, seja dinheiro, ou outra coisa, não exite em me falar. 
Também desejo saber sobre vocês. Violet está bem? E Victor? E não posso deixar de perguntar de você, alguém tão importante para mim. 
Estou morrendo de saudades. Espero conseguir encontrá-los logo.
                                              Com carinho, Natalie"

Fiquei tão atenta escrevendo minha carta, que não reparei quando Lauren e Meg chegaram. As duas estavam atrás de mim, lendo o que havia escrito sobre meus ombros. Rapidamente coloquei outros papéis em cima e as fitei séria.
— Não deveriam ler as cartas dos outros. — repreendi.
— Quem é Nathaniel? — Lauren perguntou, seus olhos brilhavam em expectativa.
— Apenas um amigo.
— Amigo, é? — Meg entrou na conversa — Tem certeza que é apenas isso?
—Tenho! É um amigo que me faz um grande favor, apenas isso! Por que não cuidam da vida de vocês? — as duas se entreolharam, sentando na cama.
— Não está mais aqui quem falou — Meg levantou as mãos em sinal de rendição e mudou o assunto. 
Passado alguns minutos, a carta tinha sido totalmente esquecida por elas, que se empolgaram ao falar dos garotos da ópera. 
 A noite se aproximava quando começamos a nós arrumar. Meg colocou um vestido vermelho que compramos em uma das nossas saídas, com alguns detalhes dourados na alça, nada chamativo, mas que dava um charme a mais. Ela prendeu seu cabelo em um rabo de cavalo envolto a duas tranças laterais, parecia uma princesa. Já Lauren colocou um vestido azul escuro que lhe caiu muito bem, destacando em sua pele branca e seus cabelos negros. Ela optou por deixar o cabelo solto e passou uma maquiagem leve. E por fim, eu fui a última a me arrumar, já que estava ajudando elas com cabelo e maquiagem. Meu vestido era simples, preto, com caimento no ombro. Meu cabelo foi preso em uma trança - por insistência de Lauren - e com muita luta elas me convenceram a passar maquiagem. 
— Não podemos ficar no quarto e dormir? — resmunguei, arrancando risada das duas. 
— Não seja mal humorada, Naty. Vai ser divertido — Fitei a loira cética, enquanto saiamos do quarto. 
O salão estava cheio, provavelmente nobres que foram convidados pelos patrocinadores da ópera. Não demorou para que um jovem rapaz se aproximasse de Lauren, ela parecia ter algo de especial, que sempre encantava aquele ao redor. Eu e Meg nós afastamos, para dar privacidade.
— É incrível o dom que você e Lauren tem. É muito fácil alguém se encantar por vocês! — Meg comentou, me fazendo arquear a sobrancelha — Não me olhe assim. O fato de você não dar bola não quer dizer que não atrai atenção. 
— Não comece, Meg. Não tenho interesse em me relacionar com ninguém. Vou pegar algo para beber, você quer? — ela concordou, desviando seu olhar para sua mãe que a chamava.
— Enquanto isso vou ver o que minha mãe quer.
Não demorei para achar alguém que estivesse servindo. Mas, para minha infelicidade, quando peguei as duas taças, estava o mesmo garoto que a tanto me atordoava.
— A noite está agradável, não? — tentou puxar assunto. Por Deus, alguém me tire daqui. 
— Sim — apesar de não admitir, no fundo eu procurava pelo vulto negro do Fantasma para que ele me ajudasse a sair daqui, mas, infelizmente, ele não estava. 
— Sinto muito pela inconveniência, mas já nos conhecemos de algum lugar, não? — Um joguinho psicológico? Não sei dizer. Havia anos que não o via. Não sei até onde ele é parecido com seu pai ou nao. E nem ao menos quero descobrir, apenas quero distância. 
— Acredito que não, monsieur. Me perdoe pelo meu jeito, mas eu estou acompanhada e seria uma falta de respeito deixar esperando — Não era um mentira, certo? Só não estava acompanhada por alguém que ele imaginava e sim de Meg. 
Procurei a loira pelo salão, e a encontrei me olhando com malícia. 
— Falando com o Monsieur-arranca-suspiro-das-bailarinas? Poxa, devia ter continuado lá, eu me virava com a bebida.
— Em primeiro lugar, quem não arranca suspiro das bailarinas? — Meg deu risada — além disso, como eu te disse a pouco tempo, não tenho interesse em me relacionar com ninguém. 
  A noite seguiu calma e sem problemas. Depois de um tempo, Meg foi dançar com Kurt, um jovem do coro, e eu decidi me retirar, afinal, estava atrasada para encontrar com o Fantasma.
— A mademoiselle já vai? — ok, definitivamente eu não teria paz hoje.
— Me sinto indisposta, Monsieur — falei para o rapaz. 
— Deixe-me te ajudar, então — fechei os olhos, enquanto ele se aproximava — eu não me apresentei. Me chamo Henry.
— Natalie — respondi da forma mais controlada possível. Ele se aproximou para me ajudar, mas recusei bruscamente.
— Perdão, eu não…
— Acho que a senhorita não está se sentindo muito confortável em sua presença — E lá estava ele, com sua postura intimidadora. Nunca fiquei tão feliz em ver o Fantasma como nesse momento.
— Perdão, o senhor é…
— Estou a acompanhando. Pode deixar que eu mesmo a ajudo.
Por sorte, estávamos indo para as escadas e por isso não tinha mais ninguém além de nós. Óbvio, acho que ele não apareceria se tivesse mais gente. Ele se aproximou de mim e me ofereceu o braço, que aceitei prontamente. Quando já estávamos longe, me afastei.
— Obrigada.
— Quem era ele?
— Eu não sei, alguém que conheci essa noite — minto. Sei que ele não acreditou, mas foi o suficiente para deixar o assunto morrer. Assim como o prometido, ele não invadia minha privacidade.
 Nossa aula seguiu normalmente, e assim que terminamos ele ajuntou as partituras e as guardou. Ele foi preparar um chá para nós, e aproveitei para sentar ao piano. Fazia tempo que não tocava, mas eu me lembro claramente as notas. Uma sensação familiar me invadiu conforme meus dedos corriam pelas teclas. 
— Não sabia que tocava — dei um pulo ao ouvir a voz dele. 
— Me desculpe. Eu apenas…
— Não tem o que se desculpar — ele colocou as xícaras em cima da cauda do piano e se sentou ao meu lado — É uma bela música. Não a conhecia.
— Por que não toca algo? — peço, atraindo um olhar curioso dele — gosto de te ouvir tocar. E acho que preciso aliviar minha cabeça hoje.
Observei ele enquanto tocava. Parecia que nada existia além dele e da música. Havia paixão naquilo, e eu gostava de ver. Era um momento em que ele finalmente abaixava a guarda.
Quando ele terminou, parecia que tinha saído de um transe. 
— Seu chá vai acabar esfriando — me lembrou. Eu tinha esquecido totalmente. Tomei um gole, sentindo o gosto doce da bebida quente.
— Então quer dizer que além de ser um gênio, o Fantasma da Ópera faz um ótimo chá — brinquei, arrancando um pequeno sorriso dele.
— Pode me chamar de Erik.
— É um belo nome — sorri.