Capítulo 2 - Minha pequena.

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Caminhava entre os corpos que se moviam ao som alto da música. O cheiro do álcool e do suor misturados já não me deixavam enojado e muito menos a imagem de pares, ou até mesmo trios, esfregando-se nos cantos da Dusk .


Tinha acabado de chegar para mais uma luta, como habitual na última sexta do mês. Seria mais uma luta normal: meia dúzia de socos e fim , mais uma ganha.


- Então mano, pronto para mais uma ? - pergunta Clancy - Um dos barman da Dusk.


- Sabes que sim, não vai ser nada de diferente. - Cumprimentei-o e segui caminho para uma parte reservada para poder trocar de roupa.

Eu queria despachar isto. Lutar, curtir um pouco e ir para casa. Tinha sido um dia cansativo. Lidar com um bando de marmanjos incompetentes não era de todo agradável, principalmente depois de já terem feito a asneira e tentarem se desculpar com falinhas mansas. Mas eu não sou desses, por isso, ajustei contas e neste momento preciso de novos funcionários.


Ouço bater na porta e sei que já está tudo pronto para a luta começar, só falto eu. Por isso saio porta fora, vendo muitos olhares sedutores - bem, pelo menos a tentarem ser sedutores - e outros de admiração e respeito, que para falar a verdade são os que mais gosto.

Eu quero que as pessoas me respeitem e tenham admiração por mim e eu sei que tenho tudo isso e mais alguma coisa. Pareço arrogante? É porque o sou. Pareço convencido? Com toda a certeza que não sou, as verdades têm de ser ditas, apenas isso.


Sem perder mais tempo subo para o ringue, vendo um homem que já antes tinha visto a passear pela Dusk, mas não o conhecia. Começamos a rodar e eu senti um olhar nas costas. Um olhar que parecia que queimava e estremecia. Um olhar diferente. Ia levantar a cabeça para procurar a dona - sim dona, eu sabia que era uma mulher, tinha de ser - do olhar, mas ao notar-me distraído, o meu adversário, encarou isso como uma oportunidade e deferiu-me alguns socos, que para falar a verdade pareciam de uma menina. Logo que me concentrei empurrei-o e inverti a nossa posição dando-lhe eu socos.

Não foram precisos muitos, para variar, e logo a multidão contava até três aos berros para dar por finalizada a luta, que como evidente, venci.


Levantei-me e saí do ringue. Eu queria encontrá-la mas eu não fazia a mínima ideia quem era a dona daquele olhar tão quente que já não sentia mais em mim. Voltei para a sala onde estavam as minhas roupas e troquei-me, passando de uns calções pretos para uma jeans claras e t-shirt preta. Saí da sala e dirigi-me ao bar tendo de para algumas vezes para despachar algumas mulheres. Não eram ela.


Mas quando eu vi aquela silhueta de traseiro largo e grande, cinturinha fina, pernas pequenas mas perfeitas para as minhas mãos e cabelo longo e escuro, eu paralisei. Mas o pior mesmo foi quando ouvia aquela voz rouca e sexy - que dava de tudo para ouvir gemer - dizer a minha alcunha: foi quase morte certa.


É ela. Tem de ser.

Mas o que caralho se passa Alex ? Pareces o raio de uma mulher. Foda-se.

Tento recuperar e logo lhe respondo á pergunta feita, sentindo-a estremecer ao som da minha voz. Sentei-me mesmo ao lado dela e iniciei a conversa.

Tímida e envergonhada, ela tenta-me fazer frente e não dar parte fraca. Caralho, que raio de sorriso é este? E aquele olhar profundo? Foda-se. Eu nunca vi alguém como ela. Tímida mas atrevida. Aquela carinha de anjinho e aquele sorriso de diabinha eram uma combinação mortal. E só para não falar daquele pequeno corpo. Meus deus, ela é tão perfeita e eu estou me a passar.


Concentra-te Hamilton. És um homem ou és um virgem?

Foda-se. Eu quero-a. Eu tenho o que quero.

Mas tudo parou quando eu a vi ser agarrada por um dos seguranças da Dusk. Eu levantei-me e ia atacá-lo mas então eu olhei para o ringue e eu vi, Nikki Maeks na posição de ataque e então eu lembrei-me que hoje era sexta-feira, com azar de ser luta livre feminina.

Caralho, ela escolheu-a. Nikki, a garota com quem já tinha saído algumas vezes e que era completamente obcecada por mim, escolheu-a. Ela escolheu a minha pequena.

Não. Ela não vai lutar. Ela nem deve saber lutar. Nikki vai matá-la.

Foda-se. Minha pequena, não.

The Fighter: Life is a constant battle.Onde as histórias ganham vida. Descobre agora