Capítulo 1 - Moreno de olhos azuis e morena bonita.

6.3K 207 21
                                    

Caminhava entre os corpos que se moviam ao som alto da música. O cheiro do álcool e do suor misturados deixava-me ainda mais enojada do que a imagem de pares, ou até mesmo trios, esfregando-se nos cantos da Dusk 1 -nome, que na minha opinião, combinava perfeitamente com o sítio onde apenas se conseguia ver nitidamente por cerca de dois segundos, de cinco em cinco segundos.


Mas, apenas nesses dois segundos, eu vi-o.


 Cabelo escuro curto, mas comprido o suficiente para 'perder' os dedos nele, olhos azuis que faziam lembrar o céu nos dias de verão, costas largas onde se notava músculos - sem que fosse necessário que ele movimenta-se algum - e cicatrizes que arrepiavam qualquer um de tão dolorosas que pareciam, braços fortes e largos, que mais pareciam as coxas da mulher que tentava atrair o seu olhar- sem sucesso, devo dizer- cobertos de tatuagens pretas que se estendiam ao peito tonificado, pernas grandes e musculosas, mandíbula quadrada e cerrada. Ele era alto, muito alto aliás, comparativamente ao meu metro e sessenta e nove. Vestia apenas uns calções pretos que lhe ficavam um pouco acima dos joelhos.


 Ele rodava pelo ringue, em posição de ataque - braços levantados e joelhos fletidos - tal como o homem á sua frente fazia.


 Era sexta-feira e como já era habitual na Dusk, era dia de combate - ilegal. A noite seguia com uma ordem: primeirouma luta masculina já agendada e prevista; segundooutra luta, desta vez feminina, também agendada e prevista e por último, mas não menos importante: uma luta, masculina ou feminina - varia de semana para semana - onde o vencedor do combate anterior escolhia uma pessoa, do mesmo sexo, do público para lutar.


Toda a gente sabia o risco que corria ao entrar ali numa sexta-feira, sabiam que se fossem escolhidos eram obrigados a lutar até que vencessem ou o adversário se cansasse e finaliza-se a luta, ou que alguém - do mesmo sexo - tivesse o trabalho de lutar pela outra pessoa, o que - vamos ser sinceros - nunca acontecia, mas mesmo assim, a Dusk, enchia completamente nas sextas-feiras.


Eu não sabia isto porque frequentava o local várias vezes - porque para falar a verdade: era a primeira vez - mas sim porque o barman, que estava na minha frente, me tinha explicado isso quando lhe perguntei se era habitual acontecer estas lutas.

No entanto, no momento de lhe fazer a pergunta mais importante - De qual sexo é a luta obrigatória hoje? - moreno de olhos azuis atacou o adversário e todos explodiram em gritos de apoio e incentivos para ele, incluindo o barman.


Eu não o conhecia, nem sabia o nome dele, mas quando o outro homem o acertou com um soco no estômago, o meu coração apertou e eu desejei -fortemente- que o moreno se defendesse. E como se ele tivesse lido os meus pensamentos, ele empurrou o homem para trás e começou a deferir socos sem parar. Acertava no nariz e no estômago, como o outro lhe fizera, e o outro homem caiu ao chão e ficou sem se mexer até que todos lá dentro, gritassem e contassem juntos até três.

E no momento em que o moreno levantou o braço em sinal de vitória, eu percebi que ele tinha ganho a luta com apenas socos, no entanto, bem dados.


- Nada de novo. - o barman falou de novo e eu não percebi ao que se referia.


- O quê?                                                      

The Fighter: Life is a constant battle.Onde as histórias ganham vida. Descobre agora