__Eu não...

__Então por que ainda está trabalhando na loja? Por que costura para mim? Acha que a velhinha aqui não consegue? - ela perguntou, irritada.

__Não, eu...

__Não aguento mais ficar em casa. Sei que não sou mais tão rápida quanto antes, mas trabalho direito. Estou me sentindo melhor. Os remédios estão fazendo efeito. Vocês precisam parar com isso. E você, Christian, precisa parar de ir à loja. Não quero mais você lá, principalmente com esse mau humor. É ruim para os negócios.

__Grace, não posso te deixar sozinha. E você não vai querer trabalhar com ninguém de fora da família. - Era uma verdade incontornável à qual ele se agarrava, uma grade a mais na jaula em que havia se enfiado. Porque amava sua mãe.

__Acha que é a única pessoa na família que sabe costurar? Quantos primos você tem mesmo? Que tal o Steve? Ele apareceu na loja no sábado para usar a máquina para arrumar o zíper de uma jaqueta. Sabia o que estava fazendo, e não gosta de trabalhar com a mãe. Ela grita demais.

Christian se encolheu no assento. Seu cérebro não conseguia registrar direito o que Grace estava dizendo.

__Você deixaria Steve trabalhar no balcão? Com todas aquelas tatuagens?

Ela apontou para o braço de Christian, no ponto em que a tinta preta aparecia por baixo da manga.

__Você também tem tatuagem. Não pense que não percebi. Não entendo o que vocês jovens fazem com o próprio corpo.

Ele soltou a mão esquerda do volante para esconder os braços.

__As garotas gostam.

__Ana gosta disso?

__Claro. - Ela beijara a tatuagem tantas vezes que o dragão até deveria estar com saudade. Aquilo o fez pensar que Sawyer Luke devia ser lisinho como um bebê por baixo das roupas. Um sorriso de satisfação surgiu nos seus lábios. __Ela não é tão inocente como você pensa, - ele acrescentou, tentando amenizar a decepção da mãe.

Grace lançou um olhar como quem diz "está de brincadeira comigo?". Em seguida voltou a se concentrar nos prédios que passavam pela janela.

__Como se alguma garota pudesse continuar inocente depois de se envolver com você. Além disso, toda mãe quer para o filho uma garota que saiba o que faz na cama. Gostaria de segurar muitos bebês no colo.

Christian engasgou antes de cair na risada.

__Não vai perder a entrada. - Ela apontou para o prédio da Fundação Médica de Palo Alto.
Ele a deixou na porta e foi estacionar no subsolo. Sua mente estava perdida em um turbilhão de pensamentos quando saiu do elevador e foi procurá-la na sala de espera da ala de oncologia.

Grace dizia que ele tinha um bom coração e que jamais faria o mesmo que o pai. Além disso, queria que ele lutasse por Ana. Achava que o amor era o suficiente.

Mas não se não fosse correspondido.

A recepcionista de que mais gostava no hospital, Janelle, acenou para ele.

__Ela já está sendo atendida. Preciso que assine alguns papéis.

Ele foi até o balcão com uma sensação de medo. Pelo que havia aprendido, papéis nunca eram uma coisa boa. Cobranças eram enviadas em papéis.

__Pode assinar aqui e aqui, - Janelle indicou.

Ele franziu a testa para a papelada. Não parecia ser nada referente a procedimentos médicos.

__Para que tudo isso?

__A fundação criou um programa para fornecer assistência a famílias sem cobertura de plano de saúde que não se qualificam para receber auxílio do governo federal ou estadual. Sua mãe foi uma das poucas aprovadas. Vai receber auxílio completo daqui em diante. Deve ser um tremendo alívio...

Acompanhante de Luxo Donde viven las historias. Descúbrelo ahora