__Entendi. - Ana ergueu a mão até o nariz. Quando viu que não tinha como ajeitar os óculos, segurou o pescoço. __Você gostou de ter beijado ela?

__Eu não a beijei, foi ela quem me beijou. E não, eu não gostei.

__Se eu te fizer uma pergunta, você responde
com sinceridade? - Aquilo seria interessante.

__Sim.

__Você age de um jeito diferente quando está comigo?

__Está perguntando se eu seria um babaca se cruzar com você quando não for mais minha cliente?

Se Ana não fosse mais sua cliente, provavelmente estaria com outro cara. Ele contorceu os lábios, sentindo um gosto ruim na boca.

__Não.

__Está mentindo para eu me sentir melhor?

__Nunca menti para você. Mas cabe a você decidir se acredita ou não. - Eles não abriram mais a boca pelo resto do trajeto. Christian freou diante da casa bonita e renovada em estilo chalé em que Ana morava e estacionou na garagem para dois carros. Quando desligou o motor, os olhos dela se abriram.

__Chegamos.

Ana passou as mãos nos cabelos amassados.

__Estou quase cansada demais para sair do carro.

__Posso carregar você.

Ela tentou abrir um sorriso sonolento, claramente pensando que ele estava brincando.

__É sério. - A ideia de carregá-la para a cama parecia muito atraente naquele momento. Ele gostava de abraçá-la e, por mais estranho que pudesse parecer, queria preencher os quadradinhos. Em três anos, era a primeira vez que demorava tanto para trepar num encontro, e vê-la naquele vestido fazia sua calça ficar apertada.

__Não seja bobo. - Ana abriu a porta e ficou de pé com movimentos que pareceram desajeitados até mesmo para ela. Quando Christian trancou o carro e se juntou a ela na porta da casa, porém, o olhar dela era bem firme. __Não vou ter energia para uma aula hoje.

__Não precisa ser uma aula. - Ele passou os dedos no braço dela, e viu quando sua pele inteira se arrepiou. As pálpebras pesadas tornavam seus olhos mais sensuais. Ana era linda. __Posso só fazer você se sentir melhor. - Ele acariciou a mão dela, que abriu os dedos, em um convite ao toque. __Você já pagou pela noite toda mesmo.

Ela fechou a mão e se virou para a porta.

__Queria conversar sobre isso com você. Entra, por favor.

Depois de guardar os sapatos, Ana passou por seu amado Steinway na sala de jantar, desfrutando da sensação do piso de madeira sob os pés doloridos. Christian a seguia em silêncio, e ela desconfiava de que ele reparava em como o interior da casa era espartano.

Não havia nenhum enfeite sobre a mesa de jantar. Nenhum objeto decorativo à vista. Não havia muita coisa além da mesa. Ela não sabia de que tipo de madeira era feita, mas era boa. Ana passou os dedos sobre a superfície acetinada enquanto caminhava para a cabeceira, onde costumava se sentar. As cadeiras ao redor eram as únicas na casa inteira.

__Você mudou faz pouco tempo? - Christian perguntou.

Ela puxou uma cadeira para ele e esfregou o cotovelo, sem jeito.

__Não exatamente.

Em vez de se sentar, Christian foi até a cozinha. Com as mãos nos bolsos,observou o fogão, a geladeira e o freezer de aço inox, e tudo o mais que havia no espaço quase vazio. Fria, cinzenta e cavernosa, a cozinha era o lugar de que Ana menos gostava na casa. Ou pelo menos costumava ser.

Acompanhante de Luxo Where stories live. Discover now