A ponta do dedo de Christian se insinuou para dentro do decote. Acabou esbarrando em um mamilo, fazendo o sangue dela disparar e o seio inchar antes que ele encontrasse e retirasse a carteira de motorista. Pelo brilho no olhar dele, Ana percebeu que não havia sido por acidente.

A expressão de Christian se amenizou enquanto passava o polegar por cima da fotografia no documento. Na imagem desatualizada, ela parecia mais jovem e extremamente tímida — uma descrição perfeita para a época em que foi tirada. Ana gostava de pensar na sofisticação que havia adquirido desde então. Era só ver onde ela estava agora.

__Isso foi logo depois de terminar o pós-
doutorado.

__Quantos anos você tinha?

__Vinte e cinco.

Os cantos da boca dele se curvaram num sorriso.

__Parece dezoito. E agora você não parece ter mais de vinte e um.

__Me deixa mostrar o contrário comprando bebidas. - Sentindo-se inebriada e empoderada, ela caminhou até uma das mesas, sentou e buscou com os olhos alguém para servi-los. Christian enfiou a mão no bolso e foi se aproximando como se desfilasse numa passarela. Ele inteiro era digno de uma passarela, mas o terno dava um toque especial. Parecia caríssimo e muito bem ajustado, mais chique que qualquer coisa que ela já tivesse visto um homem usar.

Ele se acomodou ao seu lado, perto o bastante para suas coxas se tocarem, e apoiou o braço no assento atrás dela. Ana gostou daquilo. E muito. Parecia que ele estava tomando posse dela em público.

__De que marca é esse terno? Adorei. - Com uma hesitação mínima, ela passou a mão pelas lapelas e pelos ombros impecáveis do paletó.

Procurando seus olhos, ele abriu um sorriso lento e bonito.

__É feito sob medida.

__Meus cumprimentos ao alfaiate. - Ana analisou o interior da peça e ficou ainda mais satisfeita ao não detectar nenhuma costura malfeita sob o forro fino de seda. Era um trabalho de primeira.

__Vou passar a ele.

__De repente posso ir lá também. Ele faz roupas femininas? É muito concorrido?
- Enquanto falava, ela não conseguia parar de passar a mão no peito de Christian, apreciando a firmeza daquele corpo sob a camisa de algodão engomado.

__Ele é bem ocupado.

Ana soltou um suspiro de decepção.

__Minha costureira é boa, mas me acha maluca. E vive me espetando. Não tenho certeza se é sem querer.

Os músculos de Christian se enrijeceram sob as mãos dela, e ele corrigiu a postura no assento. Com um tom de voz irritado, perguntou:

__Como assim? Ela espeta você de propósito?

Aquilo era... por causa do que a costureira fazia com ela? O pensamento fez o corpo de Ana fervilhar. O ressentimento que guardava em relação à mulher ficou para trás.

__Em defesa dela, eu sou bem exigente. Ela diz que sou uma diva, - Ana comentou.

__Isso não justifica. Ela deveria controlar melhor os alfinetes. Não é tão difícil assim. Mesmo quando era pequeno eu... - Ele cerrou os lábios e passou a mão nos cabelos. __Você é exigente como?

__Ah, bom, eu... - Ela recolheu as mãos e as entrelaçou para não começar a tamborilar os dedos. __Sou bem implicante com coisas que ficam em contato com a pele. Etiquetas, costuras malfeitas e sobras que ficam pinicando, fios soltos, partes da roupa em que o tecido fica apertado ou folgado demais... Não sou uma diva, só...

Acompanhante de Luxo Where stories live. Discover now