BAKEWELL

20 5 5
                                    

BAKEWELL...

A cidade se encontra povoada, parecia até mesmo a formosa Londres, mas já era de se esperar.
Pois hoje é o último dia da feira agrícola.

— Oi querida? Já estou terminando, não precisa se preocupar, chego aí em alguns minutos!

O motivo de eu ainda está aqui é por algo muito maior que o meu desejo de ser um advogado mundialmente conhecido.

— Não demorei, viu?

— Ha, ha! Pensei que você não trabalharia hoje?

—  Você sabe que eu não suportaria ficar aqui em casa esperando a senhorita, sem fazer nada.

— Tá bem enganado mocinho. Teria muito serviço, como agora! — Ela se agacha, pegando algumas caixas de ervas e legumes. — Leve até o carro de Sam e põe nas porta-malas!

— Sam veio?

— Sim, ele e o Henry! Acabei esquecendo de te avisar, aconteceu muita coisas nesses últimos dias.

— Por isso que sempre falo, você merece um bom descanso!

— Descanso? Hum, talvez amanhã, se você também tirar uma folga.

Apesar de quase 10 anos de casados, eu e a Brielle quase não passamos muito tempo juntos, os nossos trabalhos consumia muito, mas o pouco que nos restava, aproveitávamos o máximo, com piadas, conversas e beijos que nos levavam a adormecer, em companhia do cansaço.
E hoje era mais um daqueles dias!
E quando ela saiu do carro, indo em direção a sua barraca, com aquelas caixas de ervas e legumes nas mãos, eu a admirava, seu cabelo loiro liso tremendo, o sorriso em seu rosto e o brilho de seus lindos olhos verdes, mostrava o quanto aquilo a fazia feliz, e isso me motivou mais ainda a escolher pelo o que é bom, em vez de algo prazeroso que me destrua por dentro!

— Pronto!

— As ervas ficam nessas prateleiras?

— Não, deixe as caixas lá no chão e deixe isso comigo. Agora você vai entregar esses panfletos!

— He, he. Parece que você quer se livrar de mim?

— Sim, o risco de você fazer uma grande bagunça é enorme! — Respondeu ela, com um largo sorriso em seu rosto.

— Pelo o que aparenta, muitas pessoas vieram de longe, o dia hoje será cheio.

— Algumas só olham, mas certamente gastarão o meu tempo, como você, que está aí parado!

— Não consigo sair de perto de você, vai que eu me perco no meio dessa multidão?

— Se for para trazer elas até aqui, não será em vão! — Ela se aproxima, o beijando.

— É, o seu beijo será o meu guia! — Ele saí sorrindo, e algumas vezes  olhando para trás, a admirando constantemente.

Bakewell sempre esteve comigo, em meu sangue! E isso eu não posso negar, mas nunca escondi de ninguém o quanto odiava esse lugar, tanto que em meus 14 anos corri as pressas para os caminhos de pedras e calçamentos ao redor do mundo.
Anos depois voltei, e aqui fiquei, casei-me com a pessoa que deu um sentido a este lugar!

— Declan! Declan! — Grita um homem pequeno, com poucos cabelos na cabeça.

— Henry? Você já está aqui?

— Sim, estou ajudando a minha mãe com as cebolas, a idade vai chegando, e eles precisam de uma mãozinha! Não é mesmo?

— Sim, infelizmente todos irão chegar nessa fase, mas espero que não seja uma vida chata.

AS PORTAS PARA OS MORTOSWhere stories live. Discover now