Sem problemas. Ele nem gostava mesmo. Christian enfiou o celular no bolso e saiu.

Pouco tempo depois, parou o carro no estacionamento do Clement Hotel. Enquanto caminhava pelo saguão impecável e moderníssimo, ajeitou as lapelas do blazer e começou o habitual jogo de tentar adivinhar a aparência da nova cliente.

A idade declarada era trinta anos. Ele suspirou e corrigiu mentalmente para cinquenta. Qualquer número abaixo de quarenta era falso — a não ser que fosse um lance de grupo, coisa que ele não topava. Despedidas de solteira pagavam bem, mas a ideia de interferir num relacionamento que estava apenas começando o deixava deprimido. Talvez fosse ridículo, mas ele preferia viver num mundo em que noivas só transavam com os homens com quem iam casar e vice-versa. Além disso, grupos de mulheres com tesão eram assustadores. Era impossível se defender delas, e suas unhas eram bem afiadas.

"Ana" devia ser uma perua cinquentona que gostava de doces, spa, cachorrinhos e de ser idolatrada na cama — algo que para Christian não era problema nenhum. Ou talvez fosse uma coroa enxuta que gostava de ioga, suco de clorofila e maratonas sexuais, porque trabalhavam melhor seu abdome que qualquer aula de ginástica localizada de academia. Ou podia ser uma asiática durona e mandona que o escolheu porque ele se parecia um bocado com o astro de dramas coreanos Daniel Henney, graças à sua ascendência vietnamita e sueca. Era a opção de que menos gostava, porque aquele tipo de mulher inevitavelmente o fazia lembrar de sua mãe, e ir para a cama com elas exigia uma boa dose de terapia com o saco de pancadas.

Ao entrar no restaurante do hotel, ele procurou entre as mesas mal iluminadas por uma mulher de cabelos castanhos e olhos azuis usando óculos. Como não havia recebido nenhuma notícia ruim pelo correio, estava preparado para o pior ali mesmo. Seu olhar percorreu as mesas ocupadas por homens de negócios até encontrar uma asiática de meia-idade sentada sozinha dando instruções detalhadas à garçonete a respeito de como preparar sua salada. Enquanto ela passava as unhas bem-feitas pelos cabelos clareados artificialmente, Christian já caminhava na direção dela, com um buraco no estômago. Seria uma noite bem longa.

Não, aquele era o ápice de um semestre letivo inteiro de tensão sexual. Ambos queriam aquilo. Ele também.

Antes que chegasse à mesa, um homem mais velho, alto e magro se sentou com a mulher e colocou a mão sobre a dela. Surpreso, mas aliviado, Christian recuou e esquadrinhou o saguão com os olhos outra vez. Não havia ninguém sozinho... só uma garota num canto mais afastado.

Seus cabelos escuros estavam presos num coque, e ela usava óculos sobre o nariz bem desenhado, como uma bibliotecária gostosa. Na verdade, pelo que ele podia ver, parecia até que ela estava vestida de bibliotecária safada. Usava sapatos de ponta fina, saia justa cinza e uma camisa acinturada abotoada até o colarinho. Não era impossível que tivesse trinta anos, mas Christian arriscaria vinte e cinco. Havia algo de jovial e franco nela, apesar do rosto franzido enquanto examinava o cardápio.

Ele olhou ao redor, procurando uma câmera escondida ou um grupo de amigos morrendo de rir atrás de um vaso de plantas. Não encontrou nada.

Ele apoiou as mãos na cadeira diante dela.

__Com licença, você é a Ana? - Os
olhos dela se voltaram para ele, e Christian ficou sem reação. Por trás dos óculos de bibliotecária safada havia um par de lindos olhos azuis. E os lábios dela eram cheios o bastante para ser tentadores, mas sem estragar a impressão geral de delicadeza.

__Devo ter me confundido, - ele disse, com um sorriso que parecia mais um pedido de desculpas do que uma demonstração de vergonha total. De jeito nenhum aquela garota contrataria um acompanhante.

Ela piscou algumas vezes antes de ficar de pé num pulo, sacudindo a mesa.

__Não, sou eu. Você é o Christian. Reconheci pela foto. - A garota estendeu a mão. __Ana Steele. Prazer.

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