XXIX - Joeh Cash

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Mariana narrando:

Esse encontro de ideias que nossa consciência criou, fazendo ambos acreditarem que expressar a estranha sensação de paixão seria tolice, faz com que eu acredite que, talvez, bem na teoria, eu estivesse errada sobre o Jake.
Claro que ele parece ser, e é, um homem completamente racional, desapegado, individualista e cortejador. Mas, parte de mim acredita que isso é uma espécie de carapaça que ele usa pra evitar algum acontecimento em seu passado.
Talvez o motivo que levou o casamento dele ao encerramento, seja bem mais conturbado do que eu imaginei. Ou então, seus relacionamentos, namoros, ficadas, não tenha sido uma experiência muito boa, tirando a parte sexual.

- Certo. - Jake abre um sorriso bobo. O sorriso mais lindo que eu já tive a honra de receber.
Ele parecia sem jeito, logo ele, tão seguro de si.
- Então, eu posso te buscar amanhã às 18h? - Ele acrescenta sem tirar seus olhos brilhantes dos meus.

Observo disfarçadamente à nossa volta e noto que Felipe parecia está tentando prestar atenção no nosso curto diálogo.
Enquanto o restante da equipe de Jake ainda trocavam assuntos, Felipe se manteve em silêncio e disfarçadamente observava nossos lábios, com a intenção de desvendar nossas palavras.

- Claro. - Sussurro para Jake e continuo almoçando.

Queria perguntar mais sobre os pais dele, saber onde eles moram e sobre como eu seria apresentada, mas eu realmente não queria que isso influenciasse o meu trabalho e nem o do Jake.

Meu coração acelera quando me dou conta de que Jake iria me apresentar aos seus pais de alguma forma... Eu só não sabia como.
Seu filho, Júnior, estará lá, então devo ser apresentada como uma amiga do trabalho, assim espero.
É o que eu sou, né?

Após o almoço o Jake ficou eufórico com toda aquela mudança de figurinos, de cenários.
Os Contrarregras, que também faziam parte da equipe de Jake, também estavam na correria tirando e colocando objetos conforme a câmera se movimentava para outra cena.

Só para especificar... "Contrarregras" são profissionais de gravação que tem a função de marcar a entrada e a saída dos atores em cena, eles se responsabilizam pela mudança dos cenários também e dos figurinos.
Colocam e tiram móveis no meio de uma cena, sendo discretos para que não precise cortar.

Tudo aquilo é muito confuso e agitado, mas meu único trabalho era aguardar os clientes entrarem em contato para encaixar na agenda de Emma e Jake.

Antes de encerrar o meu horário, passo orçamento de mais três gravações futuras que Jake terá que participar. Uma delas é com um grupo de rap, muito conhecido no Rio e até mesmo fora.
Eu mesma ouço.
As meninas que normalmente costumam participar possuem uma voz doce e incrível, combina totalmente com as poesias que eles criam.

Normalmente a música tem duração mínima de seis minutos, e o cenário que ficaria atrás dos raps, iriam passar a imagem das favelas da cidade.

A equipe de Jake são ótimos em desenhos e pinturas, não seria tão difícil assim, ao meu ver.
Passo o orçamento de acordo com todos os materiais que o produtor do projeto exigiu e confirmo na agenda de Jake o horário e o dia.

Assim que acaba, envio para o Jake os três últimos clientes, pelo whatsapp. E guardo no notebook na bolsa, como Emma pediu.

Consigo me despedir apenas de Raquel no momento em que ela consegue parar seus deveres.
Jake estava atendendo o telefone e dando uma bronca daquelas em quem provavelmente estava atrasando o procedimento. Saio do estúdio, coloco meu fone de ouvido e caminho até o ponto de ônibus.

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Ao chegar no meu destino, me deparo com a casa vazia.
Tomo um banho, seco os meus cabelos molhados, e de toalha, me acomodo no sofá da sala.

Reinventei VocêWhere stories live. Discover now