Cap. 1 - Caindo de paraquedas

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Estava tudo indo (quase) muito bem até que percebi estar finalmente em Porto Alegre, porém não vi ninguém naquele aeroporto que estivesse estendendo a mão para mim e falando "Vem, Mila!", nem mesmo o meu pai, motivo de frustração maior ainda. Nunca tinha ido àquele lugar, estava perdida! Puxando duas malas com rodinha e carregando uma mochila fui em direção a um banco me sentar. Peguei meu celular e, é claro, liguei para casa do papai, onde eu iria ficar por um tempo... Indeterminado?

Meus pais já tinham se separado há quatro anos, eu e Fernanda tínhamos 12 anos quando isso aconteceu, sempre fomos muito próximas, mas... Decidi que iria morar com a minha mãe e ela, que sempre foi mais apegada ao papai, ficou com ele, acho que para não deixá-lo sozinho. Depois de um ano da separação dos dois, eles foram para o Sul e eu continuei no Rio de Janeiro com minha mãe. Só que ela, que é estilista, precisou ir para Nova York a trabalho e decidimos juntas que eu ficaria com o meu pai por pelo menos seis meses, ou mais. Ela voltaria nas férias.

Liguei para casa e foi minha irmã quem atendeu.

- Alô? - a voz era de sono e já era quase meio dia, "quem dorme até meio dia?" pensei. Eu, pelo menos, não.

- Fernanda? - estava ansiosa para que fosse realmente ela.

- Eu.

- Sou eu, Camila! Cheguei!

- Chegou? Que bom. - parecia um pouco desinteressada.

- Meu pai não está em casa, não vai dar pra te buscar, ele teve um imprevisto no trabalho.

- E quem vem? - perguntei preocupada.

- Sei lá, Camila! Eu estava dormindo, pega um táxi!

- Como é? Ninguém vem me buscar? Ótimo, então vou ficar aqui pra sempre, porque não sei dar um passo nesta cidade. - ela desligou e eu fiquei na companhia daquele som agradável, tu-tu-tu-tu... - "Que droga!", pensei.

Fernanda não era assim, éramos, inclusive, grandes amigas e ela nunca havia me tratado com tanta indiferença. Era possível que algumas coisas tivessem mudado e eu ainda não soubesse, afinal, passaram-se quatro anos desde que ela deixou o Rio, mas eu ainda era sua irmã!

Ainda sentada, resolvi ligar para o celular do meu pai e depois de algumas tentativas ele atendeu.

- Quem é?

- Sou eu, pai, Camila.

- Fernanda, não posso falar agora.

- É a Camila, pai! Cheguei!

- Camila? Meu Deus! Me desculpe, não pude ir aí te buscar. Vou pedir para o Leo fazer isso.

- Quem é Leo?

- Não saia do aeroporto que eu vou falar com ele. Preciso desligar.

"Não saia do aeroporto". Para onde mais eu iria? O que mais eu poderia fazer a não ser esperar sentada? Foi o que fiz e, de tanto esperar, acabei adormecendo. Mas, quando abri os olhos eles brilharam ao ver um rapaz - um rapaz não seria o termo correto, um garoto, pois ele devia ser só alguns anos mais velho do que eu - um garoto... Lindo. Moreno, com o cabelo todo arrepiado, olhos verdes, vestindo roupa de motorista e, o que era melhor, com uma plaquinha com o meu nome "Camila Meireles". Fui até seu encontro.

- Oi. - sorri.

- Tu é a Camila? Visita do Sr. Meireles?

- Sim, sou eu. - respondi enquanto refletia sobre seu sotaque gostoso.

- Ah, ele mandou vir te buscar.

- É, eu sei. Liguei para ele. A Nanda não veio?

- A Fernanda? Não, ela estava dormindo. Ontem ela foi a uma festa e chegou bem tarde, e bem mal...

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⏰ Last updated: Sep 07, 2015 ⏰

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Meu reflexo não é vocêWhere stories live. Discover now