prologo

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se inspirem na imagem

Sangue.

Foi o que chamou a atenção da garota dentro do carro em movimento quando ultrapassou algo jogado pela estrada em que dirigia voltado para a casa depois de alguns dias como trabalho voluntário pelo interior de Tóquio-Japão. Desacelerando seu carro antigo, a morena desceu e buscou com os olhos atenta os vestígios de sangue que capitou ainda com o carro em movimento, atingindo diretamente para um homem jogado na beira da estrada totalmente ensanguentado e desacordado.

Com um certo desespero ela correu para perto daquele homem tentando checar se ainda estava vivo ou com qualquer vestígio de algo que pudesse ajudar aquele rapaz. Havia um ferimento enorme de bala atravessado em seu peito esquerdo completamente, abrindo desajeitadamente sua camisa social, analisou o ferimento vendo que nitidamente se fosse apenas 2 milímetros mais para cima tinha acertado seu coração em cheio. De primeiro ela buscou algo para limpar e estancar a ferida antes que o homem morresse de hemorragia na sua frente. Como estagiava de enfermería em um hospital da cidade seu conhecimento para tais atos eram experientes, porém ela sabia que tinha que levar aquele homem para um hospital urgente. Ele havia sido espancado e ainda tinha levado um tiro, aquilo não era normal e ela tinha certeza que algo cheirava bem ruim no meio desse acontecimento todo.

Com o esforço de suas pernas e braços ela segurou o corpo quase frio do rapaz em busca de levar até o banco passageiro do carro. Ele era alto, ombros largos e braços longos o que dificultava o corpo da mulher a se mover com o dele. Jogando ele dentro do carro, ela percebeu quando uma 45mm caiu pelo chão batendo no tapete escuro do veículo. Ela se assustou e analisou bem o homem ensanguentando que tinha cabelos rosados e pele clara quase como um papel, pelo seus olhos, ele não parecia ser alguém ruim, a única coisa que lhe chamava atenção era as duas cicatrizes nos cantos de sua boca quase como um corte perfeito. O engraçado era que combinava perfeitamente com o rosto delicado que ele tinha, entretanto a glock cromada que acompanhava as mãos dele a deixou aflita.

Ele era um criminoso? traficante? assassino?

Os pensamentos da enfermeira rodavam sua mente enquanto ela ainda estava parada analisando o que ela devia fazer, levar era para polícia? hospital? ou simplesmente deixar ele onde estava? Ela mordia os lábios de um jeito doloroso enquanto se culpava por ser tão intrometida e azarada para se meter em situações assim. Quando suas mãos trêmulas buscaram o cinto de segurança para por naquele homem um pequeno grunhido escapou dos seus lábios, achando que estava delirando, ela se aproximou mais em busca de entender o que saia deles.

- Está acordado? consegue me ouvir? - sussurrou tentando limpar o sangramento em suas bochechas.

- Não.

Foi tudo, ela tentou esperar mais palavras porém ele não disse, apenas agarrou com toda a força que ainda tinha o seu pulso esquerdo a puxando mais para ele.

Ele estava consciente todo esse tempo?

- Você sabe me dizer o seu nome? Preciso te levar a um hospital, você está muito machucado.

Lhe respondeu tentando olhar os olhos azuis entre abertos que aquele homem carregava.

- Não...- negou com calma - Não me leve a um hospital ou eu posso acabar com você.

Saiu baixo, mas aterrorizante. Foi tudo o que ele conseguiu terminar de falar antes de fechar os olhos novamente e abaixar a cabeça. [Nome] arregalou os olhos buscando o ar que lhe faltava. Enquanto ela se dirigia para o banco do motorista, seu cerebelo doía quase como uma enxaqueca tentando raciocinar o que ela deveria fazer agora. Tinha um traficante baleado em seu carro que visivelmente poderia matá-la a qualquer momento se não estivesse tão mal como estava. Ela sentia a adrenalina começar a correr por toda a extensão de suas veias a fazendo ficar tonta por breves instantes.

O que você faria numa situação dessas?

Ele não queria ir a um hospital e ela tinha medo do que poderia acontecer com ela caso levasse ele até um, mas também sabia que esse era o certo, era questão de não só proteger a sua vida como também a dele. Ela era enfermeira sua conduta ética era salvar quem precisasse de sua ajuda, qualquer um que fosse, não importando quem.

Com sua mente a bilhão, as mãos finas e delicadas rodaram a chave ligando o motor do jeep antigo, e sem pensar muito ou respirar com calma, a garota já tinha decidido a muito tempo para onde levaria aquele homem com mexas rosadas e machucado dali.



Para a sua própria casa.

 ━━━ 𝐈𝐍𝐒𝐊𝐍𝐄 | sanzu haruchiyoWhere stories live. Discover now