Lobos- O Despertar Da Lenda | Livro 02| Concluído

Capítulo 43

Aurora...

Meus pés pisavam sobre as várias folhas secas que havia no caminho até o porão, lugar onde decidi ir para saber mais a respeito do aparecimento estranho de corvos.

" Espero que já tenham alguma informação a respeito."

As vozes da minha família e a de Lucian ficavam cada vez mais distantes, dando lugar somente ao barulho dos estalos das folhas. Ao longe, já conseguia ver uma claridade, feita por magia.

"Magia Havelle."

Sentia um pouco da minha magia sair de mim, e já sabia que aquilo era feito por minha avó. Ela estava puxando magia de todos os bruxos e isso só atiçava ainda mais a minha curiosidade em saber o que ela já havia descoberto.

Um nó começava a se formar em minha garganta.

— Venha, querida. - A voz suave de minha mãe foi trazida como um sussurro pela brisa, ela me chamava, pois certamente já havia sentido minha presença ali.

Meu corpo parecia implorar para que eu desse o primeiro passo até aquele lugar que eu encarava com as mãos na cintura e o cenho franzido. Por um lado, questionei-me se deveria ir, e por outro, perguntei-me por que não iria.

Segundos depois, comecei a andar, embora sentisse algo estranho no ar.

— Vamos lá, Aurora. - Em um tom quase inaudível, falei para mim mesma, dessa vez fitando a longa cauda do meu casaco levitar dos dois lados do meu corpo enquanto caminhava em direção ao velho galpão, atrás do palácio.

A noite estava tão fria.

As copas das árvores balançavam de um lado para outro; o som de toda aquela multidão de folhas juntas se movimentando não causava aquela sensação de paz que proporcionava durante o dia.

Aquilo me assustava um pouco.

Com uma das mãos erguida, empurrei a porta daquele lugar, que não tinha tanta frequência em ir e muito menos tinha me dado conta do quão misterioso era.

Enquanto passava entre a quantidade vasta de galões de gasolina e sentia o cheiro daquele líquido inflamável percorrerem em minhas narinas, a ânsia de ter tantos segredos a me atormentar me perturbava.

— Aurora.

Uma voz doce me chamava.

— Já estou indo, mãe. - Apressava os passos para chegar mais rápido até a porta que via luzes reluzentes atravessarem suas brechas.

— Não sou a sua mãe.

Parei bruscamente ao sentir um bufar quente atrás de mim; meu cabelo balançava, dando-me a certeza de que tinha alguém atrás de mim.

Minha loba se agitava a cada gesto lento que eu fazia para me virar e ver o dono daquela voz tão familiar aos meus ouvidos.

Levei as mãos até a boca e arregalei os olhos quando me virei por completo, tendo visão de algo que arrancou de mim um alto grito e me fez dar passos impensados para trás. Quando me dei conta do que acontecia, já rolava pelos degraus de uma escada empoeirada.

...

Lídia...

Sentia calafrios por todo o meu corpo, além de uma terrível dor de cabeça. Aquele mal-estar estava tirando minha paz e minha vontade de estar ali reunida com toda minha família.