Capítulo único

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"Mesmo quando tudo acabar, o imenso céu azul, nosso refúgio, tornar-se cinza e a pior tempestade de todas vier, para nos separar, eu continuarei te amando. Eu te amarei até mesmo depois do fim."

O mundo ainda é algo muito desconhecido por todos nós. Se apenas os oceanos são um mistério, quem dirá o resto então?

A história que eu vou contar agora não é nenhum conto de fadas reescrito ou reformulado, pode ser só uma história para alguns, mas é muito mais do que isso para outros.

Havia um garoto. Um garoto que não tinha nada desde amor próprio, até uma vida social decente. Chegava a ser engraçado a forma com que todos os seus relacionamentos davam errado, sendo amorosos ou não. Em algum momento, todos pareciam se cansar dele e então, o deixavam. E isso, acabava despertando sentimentos nada agradáveis em Osamu, que de uma forma ou de outra, se culpava todas as vezes que alguém ia embora de sua vida, sem mais, nem menos; e então, ele acabava causando seu próprio decaimento, fazendo coisas que não deveria, apenas por não se permitir sentir.

Sentir. Era tudo o que ele odiava. Sentimentos eram coisas que acabavam deixando-o mal em algum momento, por mais que tentasse evitar.

Amar. Ele nunca havia conhecido verdadeiramente o que significava isso e todos os efeitos que essa "simples palavra" causava em alguém, todas as coisas que você seria capaz de fazer, a vontade imensa de passar o resto da sua vida ao lado da pessoa que você amaria verdadeiramente e intensamente, e também, como seria bom apenas amar alguém.

Todas as coisas boas geradas por esse sentimento foram quebradas graças às pessoas que passaram na vida do acinzentado e o fizeram ver o pior lado do amor. E graças a isso, Osamu se sentiu péssimo por muitos e muitos anos.

Graças aos vários rompimentos com pessoas que Osamu considerava amar, e achava que o sentimento era recíproco, ele se sentia péssimo. Apesar de não demonstrar, ele sentia falta delas, as principais, — tais-que-não-devem-ser-nomeadas — mostraram a ele o pior lado de amar e estraçalharam seu coração, fazendo-o desistir de amar e de ser amado. Ele já havia passado por aquilo tantas vezes, que já não esperava mais nada de ninguém. Aquilo era sempre um loop infinito, que o deixava cada vez pior, e até mesmo, fazia sua vontade de viver diminuir.

Bem, podemos dizer que o último relacionamento conturbado que o garoto teve, era uma das razões para que o mesmo tivesse uma recaída, e então, voltasse a fazer as coisas que não deveria, e que, com toda certeza, o mataria aos poucos — E de fato, já estavam matando. Levando todos os riscos que correria em consideração, ele voltou a usar drogas, as mesmas que o faziam se esquecer de seus problemas, mas que também, causavam outros piores. Tudo o que ele queria era esquecer. E ficar dopado, o fazia sentir outras coisas. Coisas mais leves e boas, mesmo que por pouco tempo.

Osamu se odiava. Sempre se odiou, principalmente depois de colocar o primeiro comprimido de droga em sua boca. Ele soube que aquilo era apenas o início de seu decaimento. Afinal, aquilo era como uma âncora, a cada droga usada, cigarro tragado e garrafa de bebida ingerida, ele se afundava cada vez mais. Aquilo era como um mar, aparentava nunca ter fim e Osamu sabia que aquilo não acabaria tão cedo.

Ele chegou a se perguntar inúmeras vezes, se "estamos perdidos". Afinal, em algum momento aquilo faria sentido.

Osamu quase morreu mais vezes do que poderia contar, tudo por causa de sua irresponsabilidade e vontade excessiva de pôr um fim a seu sofrimento, e de forma inevitável, a sua vida. Ele não aguentava mais aquele sentimento que o sufocava a cada segundo e o fazia pensar que a saída estava cada vez mais longe de si. Ele achava que todas as coisas ruins que sentia, nunca passariam, e que aquele sofrimento nunca teria fim. E para piorar as coisas, ele estava sozinho. Não havia ninguém para ajudá-lo, muito menos para sentir sua falta quando ele se fosse e doía saber daquilo. O Miya sabia que aquilo nunca acabaria e aquela aura pesada estaria para sempre consigo.

Ao menos ele achou que não acabaria. Seus pensamentos mudaram assim que ele conheceu Suna Rintarou, o garoto que roubou seu coração e pensamentos sem esforço algum, e que parecia ser perfeito para si. Ele era tudo o que Osamu sempre sonhou, e o garoto esperava não perdê-lo também.

Com o tempo, um relacionamento foi estabelecido. E como qualquer relacionamento, seja ele no âmbito amoroso ou não, eles tiveram altos e baixos, os quais fizeram com que Osamu pensasse que "O Sol e a Lua foram feitos um para o outro, mas não para ficarem juntos". Ele chegou a pensar que eles acabariam se separando, e caso aquilo realmente acontecesse, ele esperaria o seu garoto voltar, para que assim, o Sol e a Lua pudessem ficar juntos mais uma vez e ter o seu Eclipse. E novamente, o tempo foi a resposta.

O tempo mostrou que eles poderiam sim, ficarem juntos, e que Suna era a pessoa com quem Osamu deveria e queria passar o resto de sua vida.

Suna havia despertado o melhor lado do acinzentado, e também, mostrado verdadeiramente o que é o amor. O moreno havia o salvado de todas as formas que alguém pode ser salvo e Osamu seria eternamente grato por isso. Suna havia se tornado a sua razão e propósito, e agora, ele não precisaria mais de drogas, afinal, quando estava com o moreno, era como se já estivesse dopado. Suna era a sua droga preferida.

Era Suna e sempre seria ele. O moreno era a única pessoa que Osamu desejava ter uma família e passar o resto da vida ao seu lado. Ele nunca havia se imaginado assim com alguém, e chegava a ser engraçado a forma como Suna havia o feito mudar completamente.

Ele poderia dizer quantas vezes fosse preciso, que ele queria apenas o moreno. Ele era o único e sempre seria ele.

Após Suna, Osamu finalmente entendeu o sentido da vida e como era bom estar vivo. Todos os dias ele acordava pensando o quanto era bom ter Suna ao seu lado e o quanto ele desejava que aquilo nunca acabasse. Era com aquele garoto que ele queria passar o resto de sua vida e ter filhos, animais de estimação e até mesmo netos. Sempre havia sido ele e sempre seria, nada nem ninguém, mudaria esse fato.

Era com ele que Osamu sempre dividiria suas comidas favoritas e um lado do fone; observaria as estrelas e constelações; conversaria sobre o universo e as suas perfeições, umas das coisas favoritas do Miya, e que ele, sem dúvidas, mais amava; dançaria Apocalypse na chuva e o beijaria enquanto seus corpos se moviam lentamente no ritmo da música; tocaria e cantaria suas músicas favoritas, principalmente as que lembrassem o garoto; viajaria pelo mundo e contaria a história dos lugares, e o principal: se doaria de corpo e alma.

O acinzentado era inteira e completamente de Suna, e ninguém, em hipótese alguma, mudaria isso.

Após conhecer verdadeiramente o amor, Osamu viu que nem tudo necessitaria de um fim tão trágico quanto ele imaginava. E quanto a sua pergunta, há um tempo atrás, ele havia chegado a uma conclusão.

Não, nós não estamos perdidos. Talvez o que nós mais queremos somente esteja escondido em algum lugar, e por mais cansativo que seja, nós precisamos procurar com todas as nossas forças até achar. Porque quando você cair, terá alguém para te levantar.

"I've found a reason for me

To change who I used to be

A reason to start over new

And the reason is you"

Estamos perdidos? - Sunaosa.Onde as histórias ganham vida. Descobre agora