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eu sorri falsamente para a cliente que entrou no consultório. ela sorriu para mim, mostrando o aparelho dentário em seus dentes, não notando a minha falsidade, veio até mim e se debruçou sobre o balcão. a garota parecia ter mais ou menos minha idade.
─── boa tarde, eu me chamo anne loran, tenho um horário marcado para retirar meu aparelho, agora, as 14:30. ─── ela explicou.
─── certo, irei avisar o senhor michael stan, que você está aqui. ─── eu disse, pegando o telefone. ─── enquanto isso você pode se sentar ali. ─── eu indiquei com o dedo os bancos de espera.
ela seguiu minha ordem, indo se sentar em um banco, no canto da parede branca. ela tirou seu celular e começou a mexer nele.
disquei o número e esperei chamar. eu trabalho na clínica de odontologia do meu tio como recepcionista. eu ganho um bom dinheiro, não dependo dos meus pais e ainda tenho mais benefícios por ser parente do dono.
eu sou filha única, adotada por um casal gay. nasci em paris na frança, morei lá até meus 6 anos, até ser adotada por sebastian e anthony, a adoção que durou mais de 1 ano para terminar.
minha mãe me abandonou quando eu tinha 5 meses, ela me deixou na porta do orfanato com apenas a roupa do corpo, um ursinho e uma carta. essa carta explicava o motivo dela me abandonar e que um dia ela iria voltar para me buscar. se ela voltou, eu não sei. e também não importa, não mais.
─── anne loren chegou, posso mandá-la passar? ─── eu perguntei, assim que ele atendeu, sabendo que eu atrapalhei alguma coisa.
─── ahn... você poderia pedir para... esperar um pouquinho? ─── ele falou meio ofegante.
─── claro doutor. ah, e só para avisar, sua esposa avisou que vai vir lhe buscar para o almoço. ─── eu disse, antes de me desligar.
meu tio, michael, irmão do meu pai sebastian, trai sua esposa com a estagiária de odontologia, lisa. sua esposa nicole, está grávida de gêmeos, já no seu sétimo mês.
eu realmente não curto muito traição, mas saber disso me benefícia muito. sempre que eu preciso de um bônus, ou algo do tipo, eu falo com o titio michael.
a porta se abriu novamente, desta vez eu não prestei muita atenção em quem entrou, eu estava ocupada de mais curtindo fotos em meu celular.
─── boa tarde princesa! ─── eu ouvi uma voz meio grossa falar.
eu tirei os meus olhos do celular e ergui para a pessoa acima de mim. avistei um garoto alto, com talvez um pouco mais de 1,80. ele tirou os óculos escuros, mostrando seus olhos verdes. o mesmo sorriu para mim. como da maioria das vezes, eu não retribui.
