8

26.7K 2.2K 97
                                    

Acordei no outro dia quebrada, parecia que havia dormido em cima de pedras, Noah havia acordado mais de três vezes à noite, e não queria dormir na última vez que acordou, como eu não tinha muita coisa para fazer, e ele ainda estava dormindo, resolvi ligar pra minha amiga Isa, que com certeza estava morrendo de preocupação comigo.
No dia anterior havia comprado um chip novo para o celular, mesmo sabendo que minha mãe não iria ligar com certeza, tinha medo do sem escrúpulos do Sandro querer vir atrás de mim, ou tentar me ligar fazendo ameaças, Sandro era um homem muito rigoroso dentro de casa, e vaidoso também, aquele prato de comida deve ter dado a ele uma boa cicatriz no rosto, e conhecendo como ele era, sabia que não deixaria esse fato passar em vão, além do mais ele não falou nada para a minha mãe, esperava se vingar sozinho, e sebe lá que método ele usaria, por ser um funcionário que trabalha no ministério público, ele tinha acesso a muitas coisas, e conhecia gente importante também, seria muito fácil ele me achar se eu continuasse na cidade, apesar que aqui também eu corro esse risco.

— Alô quem fala? — Isa atendeu desconfiada.

— O amor da sua vida! — Brinquei.

— Rora, meu Deus é você? — Exclamou.

— Para sua felicidade sim, este é o meu novo número, salva aí.

— Amiga, como você, tá? Onde você tá? Com quem você está?

— Ei vai com calma tá? Uma pergunta de cada vez. — Sorri, mas continuei. — Estou numa fazenda próximo a capital, arrumei um emprego de babá, e moro na casa.

— Sério, Tão rápido?

— Sim, amiga depois conto com detalhes tudo que aconteceu, mas me fala, seus pais não ficaram furiosos com você por ter perdido a passagem?

— Claro que não, bem... Minha mãe estranhou, e me fez algumas perguntas, Rora, você sabe que não consigo esconder nada da minha mãe, eu tive que contar a verdade para ela.

— Por que você fez isso Isa?

— Porque ela não parava de perguntar, do porquê eu chegar estranha, fiquei muito preocupada com você. contei tudo a ela, que ficou desacreditada, com o que ouviu, no outro dia passamos de frente a sua casa, só para ver se víamos aquele sem escrúpulos ou a sua mãe, e você não vai acreditar, suas roupas e suas coisas estavam todas jogadas no lixo da frente da casa, o Sandro com certeza fez isso, minha mãe ficou abismada.

— Pelo menos ela ficou, porque contei a minha mãe e ela não acreditou em mim, fez foi defender o vagabundo do Sandro, e com certeza quem jogou minhas coisas fora foi ela.

— Não é possível, dona Vânia ficou louca só pode! — Falou sem acreditar.

— Esquece isso, você já está na capital?

— Já sim, cheguei ontem na casa de minha tia, hoje tirei para descansar, fim de semana vou organizar as coisas para começar as aulas na segunda.

— Fico feliz demais por você Isa, você merece muito tudo isso que está acontecendo com contigo.

— Mas me diz, como você conseguiu o emprego tão rápido? E ainda sendo menor de idade.

— Eu expliquei minha situação, e me deram uma chance. — Não queria preocupar mais a minha amiga, ainda mais depois de tudo que ela fez por mim.

— Amiga e o pessoal aí é legal, vão te pagar bem?

— Ainda não sei direito como são, mas o bebê é uma gracinha, tem apenas dias de vida, é um menininho e se chama Noah, a gente fica grudadinho 24 horas por dia, eu já estou apaixonadinha por ele.

— Ai meu Deus, só de você falar assim, já quero conhecer esse toquinho de gente, que sorte em Aurora? Poder trabalhar com o que gosta, e eu sei que as coisas darão certo para você também.

— Verdade, e quanto ao salário que você me perguntou, é bom também, além do mais eu vou morar na casa e não ter despesas com alimentação e outras coisas.

— Tô aliviada por saber disso tudo agora amiga, mas me fala uma coisa, você disse que contou para a sua mãe sobre aquele safado, por acaso você deu seu número novo para ela?

— Não, daquele dia que peguei o ônibus, ela me ligou quando eu tava na estrada, já que eu estava bem longe, resolvi atender, mas ela não acreditou em mim, nem em um segundo duvidou daquele sem vergonha.

— Poxa Rora, será que ele vai deixar por isso mesmo? Não quero te assustar não amiga, mas você fique bem escondida onde você está, ele trabalha no ministério público, pode puxar seu novo endereço, quando registrarem você no seu emprego.

Já havia pensado nessa possibilidade, aquele homem deve está se sentindo com a masculinidade frágil, pois além de ser rejeitado eu ainda o feri, não poderia de modo algum deixar que me registrem aqui, ele puxaria logo meu endereço e poderia vir me fazer mal, e agora é tão mais difícil, pois não há mais ninguém que possa me ajudar.

— Eu vou tomar cuidado com isso, pode ficar despreocupada Isa, logo quando eu juntar mais um dinheirinho, irei para o mais longe que eu puder, agora eu vou ter que desligar, preciso dar banho no Noah.

— Tudo bem, qualquer coisa me liga, não importa a hora certo? Beijos!

Após terminar a ligação, eu tomei um banho, e dei banho no Noah, troquei suas roupinhas, ele estava tão lindo, cada roupa que havia comprado era mais linda que a outra, dei a vitamina que o médico receitou, coloquei-o no carrinho e fui passear um pouco com ele.

Ao sair da casa, comecei a observar o local, de dia esse lugar parecia mais com o paraíso, cheio de gramas e árvores gigantescas ao redor, o que faz parecer sombrio à noite.
Havia um imenso jardim na lateral, e um celeiro, que eu conhecia muito bem por dentro, por haver passado a noite ali.
  Caminhando mais um pouco, havia uma cerca de madeira onde haviam cavalos lindos pastando, caminhei bastante e vi uma horta gigante, uma estrada de terra pura, que com certeza ia para as grandes plantações, já que dois carros cheios de homens passaram por mim durante a minha caminhada, e bem mais a frente uma estrada asfaltada, acho que iria para a vila São Caetano, onde os trabalhadores da fazenda moravam.

— O que está fazendo aqui a essa hora?

Me assustei com uma voz masculina, que vinha atrás de mim, olhei para trás, e vi o homem que ontem estava conversando com Oliver.

— Trouxe o Noah para tomar um sol. — Respondi.

— Como é o seu nome mesmo?

— Aurora senhor.

— Aurora... — Olhou para os lados como se estivesse pensando em algo. — Está um belo dia não é mesmo Aurora?

Fiquei quieta, e voltei meu olhar para o Noah, o homem se aproximou mais.

— E esse garotão aí, como está hoje?

— Está muito bem senhor!

— Incríve,l que você com apenas 18 anos, tenha experiência com crianças.

— Não tenho 18 anos, tenho 17, e tenho experiência porque cuidei de minha irmã mais nova, desde que nasceu. — Não era preciso eu continuar na mentira naquele momento, aliás aquele homem poderia está jogando verde a mando do Oliver, não iria cair nos joguinho dele, mesmo assim o homem fez cara de surpresa, como se não soubesse.

— De onde você é Aurora?

— Sou de uma cidade do interior de Tocantins.

— Tocantins. — Parecia pensar. — Está muito longe de casa em? O que uma menor de idade está fazendo trabalhando tão longe de casa?

— Desculpas senhor, mas não o conheço e não quero falar de minha vida particular.

— Me perdoe, ainda não me apresentei não é mesmo? Me chamo Saulo, sou amigo e sócio do Oliver. — Estendeu a mão direita em sinal de cumprimento.

Por educação o cumprimentei, mas não estava gostando daquela conversa, e queria sair dali o mais rápido possível.

— Tenho que ir, o Noah precisa se alimentar.

Empurrei o carrinho em direção a casa, mas antes de começar a andar, o homem me chamou a atenção.

— Aurora!

Olhei para trás.

— Cuidado com o Oliver, cuidado com o que você diz ou promete a ele.

Fiquei sem entender nada, mas não queria parar para continuar a conversa, afinal, eu estava um pouco longe da casa, e estava sozinha com o Noah, a presença daquele homem ali agora me dava um pouco de medo, e me lembrei do Sandro, não confiava ficar sozinha com um homem, não sabia as suas intenções.
Dei passadas mais rápidas e fui direto para o quarto.

Caminho Traçado /DegustaçãoWhere stories live. Discover now