09 | O coração do bruxo

752 66 5
                                    

Naquela manhã, Hermione sentou-se sozinha no Salão Principal preparando uma xícara de chá e comendo um bolinho. Todos os alunos na mesa da Grifinória estavam sentados a vários espaços dela; Neville e Luna já haviam saído alegando dever de casa esquecido. Além dos gestos ocasionais em sua direção em meio às silenciosas conservações, ela não existia. Neste ponto, isso não a incomodava; ela desejava ficar sozinha há apenas algumas semanas e agora estava, mas ao custo de ser uma pária.

Ela se perguntou se todos lhe dariam uma segunda chance quando Ron finalmente saísse ileso da ala hospitalar. Pelo menos Hermione presumiu que sim; nem sequer lhe ocorreu visitá-lo ou pedir uma atualização a Madame Pomfrey. Talvez tenha se espalhado a notícia de sua ameaça a Seamus e Ernie na aula de Aritmancia.

Sua mente voltou para a conversa apressada que ela teve com Harry nas chamas e as notícias inesperadas de McGonagall tarde da noite.

Harry simplesmente não parecia ele mesmo. Desde que ela o conheceu, ele sempre foi alguém que questionava, que contrariava até mesmo os conselhos mais sensatos. Ele sempre teve aquele sexto sentido para saber quando os outros ao seu redor não estavam sendo sinceros. Ouvi-lo falar de "as mãos atadas do Ministério" e não defender um de seus amigos de longa data – simplesmente não era ele. Além disso, os grifinórios eram leais e tenazes demais para se preocuparem com a percepção do público em detrimento da justiça.

Ginny notou a mudança nele?

Ginny.

Hermione não passou muito tempo perto dela desde que foi para Hogwarts. Inicialmente, elas se distanciaram durante a caça e batalha da Horcrux. Depois, ela passou o resto do verão na Austrália. Neste ano letivo, Ginny tinha seu próprio grupo de amigos do sétimo ano e sem morar no dormitório da Grifinória, Hermione simplesmente não havia cruzado o caminho dela. Ainda mais, sem Harry por perto e o rompimento com Ron, ela simplesmente não tinha muitos motivos para procurá-la. Olhando para baixo da mesa, ela pôde ver que Ginny estava discutindo profundamente com Romilda Vane.

Ela ficou brava por Hermione acreditar que ela era a razão pela qual Ron estava no hospital? Foi difícil dizer. Ginny tinha uma espécie de ferocidade silenciosa. Não importa, ela deve ter tido alguma comunicação recente com Harry. Se Hermione conseguisse pegá-la no momento certo, ela poderia obter mais detalhes sobre Harry e o Ministério. Ela ainda queria conversar com Kingsley, mas tinha a sensação de que ele tornaria isso impossível.

Houve duas histórias (nenhuma delas na capa) que chamaram a atenção de Hermione no Profeta Diário daquela manhã, a primeira sendo o relato da morte de Narcissa Malfoy:

Polícia Mágica identifica Malfoy como a terceira vítima de assassinato

Por Amira Ellis

27 de outubro de 1998 - Nas primeiras horas da madrugada, a apenas três quadras do Ministério da Magia, o corpo de Narcissa Malfoy (nascida Black, m, 43) foi encontrado queimado em uma fogueira. Confirmado pelo Departamento de Aplicação da Lei Mágica, esse é o terceiro homicídio dessa natureza em pouco mais de uma semana, após as mortes de Lucretia Fawley e Flavius Flint. Em sua família imediata, Malfoy tem como sobreviventes o filho Draco (18) e o marido Lucius (44), este último ainda encarcerado em Azkaban após ser considerado culpado pelos crimes de guerra dos Comensais da Morte.

De acordo com o investigador principal e Auror Chefe Harry Potter, "Não há necessidade de nossa população de bruxos temer por sua segurança. Temos uma equipe inteira de aurores no caso. No caso desse homicídio em particular, sabemos agora que devemos expandir nossas patrulhas para as proximidades do extremo nordeste do Beco Diagonal. De qualquer forma, obtivemos evidências reveladoras que não posso revelar neste momento. Uma prisão será feita em breve".

Heartlines and Bloodlines | DramioneWhere stories live. Discover now