Satisfazer o meu desejo

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Grécia

Foi numa tarde de Agosto à beira mar sentada na varanda da casa da praia, que dei por mim a pensar, na minha vida, nas minhas decisões, nos meus sucessos, nos meus fracassos, no que abdiquei na vida, no casamento... principalmente no meu casamento...e... sinto-me deprimida, pois acho que estou a chegar ao limite, mas tenho medo de ser injusta.

Aqui sentada encontro-me sozinha e sozinha é o meu estado nestes últimos anos de casamento com Orum, ele tem viajado imenso, quase não estamos juntos, no último Natal, por um pouco não chegava a tempo da ceia.

Orum nem sempre foi assim ausente, o que me encantou nele foi o seu lado carinhoso, protector, meigo, romântico, junto de toda a sua virilidade, parecia esculpido pelos melhores artistas e não havia nenhum defeito a apontar, costumava chamar-lhe o meu Deus Grego.

Agora sinto que já não me encanta, esse lado pois o lado romântico, meigo atencioso, foi trocado por distante e frio. Até a sua virilidade para mim mudou, perdeu o feitiço, o poder que nutria em mim, não que ele tivesse mudado, pelo contrário a idade era bem generosa com ele, e com 37 anos ainda arrumava rapazes de 20, continuava um Deus Grego, que faz muitas mulheres suspirarem à sua passagem, mas para mim perdeu a magia, e dou por mim a cobiçar o do lado, já não sinto a tesão que sentia por ele. Será que ele está diferente ou sou eu que mudei?

Tenho amigas como a Jo que mora na casa do lado, uma divorciada, muito nossa amiga, que passa mais tempo na nossa casa que na dela, mas adoro estar com ela faz-me rir, sempre divertida, ás vezes diz:

-Qualquer dia tenho que pagar renda, por viver mais na vossa casa que na minha, mas até remodelar tudo... parece que as coisas ainda cheiram ao porco que lá vivia- sempre que entra na nossa casa, referindo-se ao ex-marido, Sebastian, dá uma gargalhada irónica para disfarçar, apesar de todos sabermos que sofre bastante, pois foi o único namorado, namoravam desde crianças, após 15 anos de casamento ele sai de casa enquanto ele estava a trabalhar, deixando os papeis do divorcio em cima da cama junto a um bilhete, que dizia: "Podes ficar com a casa, e tudo o que nela existe, menos comigo"... Só soube noticias dele, no dia em que ficaram oficialmente divorciados, já ele vivia em Itália com uma miúda de 19 anos, ele com 40 anos...

Desde então somos o porto de abrigo dela, a família, visto ela não ter família chegada e ter perdido os filho há 6 anos, num acidente de barco enquanto estavam de férias com os avós pais de Sebastian, ela também tem sido muito amiga, tem sido o meu apoio, cada vez que tento engravidar e depois vou-me abaixo por ter falhado, a minha companhia quando Orum se encontra em viagem, costuma dizer :

- Tens o marido ideal, quem me dera que aquele pervertido tivesse sido como Orum é para ti, aquele homem ama-te, idolatra-te, vê-se a léguas, fora isso é um pedaço de mau caminho...- depois ri-se com malícia.

Ela tem razão Orum em frente dos outros, amigos, família empregados veste a capa de melhor marido do mundo companheiro, mas quando estamos a sós ou nos nossos aposentos é distante, frio, quase não dialogamos, e o sexo bem... fazemos o mínimo exigido, onde outrora parecíamos coelhos a copularem, agora só o da obrigação sem satisfação total, um esvazia tomates.

Para a Jo é normal que ele seja um príncipe das arábias encantado...ele aparenta ser um marido encantador, e apesar de sermos muito amigas, ela ser o meu apoio e eu o dela, não sou capaz de dizer o que se passa na realidade...ele é um homem muito atraente e sedutor e ela derrete-se totalmente por ele.

Não tenho ciumes, mas estou desiludida gostava que ele fosse o homem encantador em frente dos outros e nos nossos aposentos quando estamos sozinhos, que fosse esse homem não só para inglês ver mas também na realidade que vivemos.

Nem tudo no meu casamento foi mágoa, pelo contrário vivi muitos anos felizes, achando-me a mulher mais feliz do mundo e sortuda, por ter um marido como Orum, e até hoje nunca tinha pensado no "e se...", Ou será que este é o homem da minha vida", pois eu sabia-o, ele era o meu grande amor, aquele amor que me fez desistir de todos os meus sonhos, de todos os meus projectos, de tudo aquilo pela qual batalhei uma vida para poder estar com ele.

Todos estes anos de casamento nunca, jamais me arrependi de tal, até agora, que já começo a pôr na balança, o que ganhei e o que perdi, e confesso que já pesa muito...as perdas.