parte I

229 24 15
                                    

Em um belo reino, existia uma aldeia pequena e muito bem arquitetada para o conforto de seus habitantes. Governada por uma bondosa rainha, o local tinha um forte comércio voltado a pães e forjas, além de seus vastos campos darem frutos trocados com reinos vizinhos por materiais faltantes, como determinadas categorias de minérios e alimentos. Como em todo reino, o castelo se localizava na parte mais alta, próxima do precipício e do oceano, enquanto as casas dos aldeões compunham a região ao redor.

Aquele reino era conhecido também por ter uma extensa floresta em que poucos corajosos tinham ímpeto de desbravá-la por inteiro para acrescentar capítulos longos em suas histórias de guerra. Ouvia-se de tudo da boca dos cavaleiros, desde brigas com dragões até guerras sangrentas contra reinos maldosos. De sua visão, qualquer um que se levante contra os seus, virava um ser maldoso.

As pessoas viviam inexplicavelmente bem naquele reino, já que a comunidade utópica centralizava a civilidade e tudo de ruim era exilado ou condenado para fora do reino. Assim, nasceram as prisões, reformatórios e todo lugar de isolamento, sempre distante do centro fantasiosamente bem cuidado.

Todos se conheciam no reino; tinha muitas crianças e muitos idosos, o que significava a fertilidade e a longevidade da vida. O comércio fechava cedo, logo ao pôr-do-sol, isso porque da mesma forma que eram devotos aos seus trabalhos, os aldeões também acreditavam nos mitos que o reino carregava. As histórias passadas de geração em geração contavam sobre um lugar inóspito para humanos no coração da floresta e que de lá, a magia saía e perambulava em busca de corpos vazios para se alimentar todas as noites.

Os aldeões eram diurnos e só se permitiam andar pelas ruas à noite em dias de festa e comemorações, como as tradicionais datas ou a vitória em uma guerra. Afugentavam o que era ruim, enviavam os maus habitantes para a floresta em forma de oferenda à magia porque acreditavam que se bem alimentada em períodos de fertilidade, o resto não seria alvo, assim, construindo tradições omissas e assustadores ao menor sinal de má conduta.

Por aquelas bandas, vivia Sooyoung, uma bela e doce jovem. Conhecida como a mais pura das criaturas do reino, Sooyoung era uma boa filha, boa amiga e muito bem dotada de talentos. Ela trabalhava na padaria do reino com o pai, produzindo os melhores bolos, pães e guloseimas da região. Desde os 15 anos, Sooyoung recebia agrados e pedidos de casamento de todos da cidade, esta que recusava não só por se preocupar com seu pai, mas também, por acreditar em amor verdadeiro.

Sooyoung era filha única de um bondoso senhor com uma padaria bem localizada no reino. Tudo o que ela sabia sobre sua mãe era que morreu quando ela era muito pequena e desde então, seu pai nunca mais conheceu outra mulher e nem parecia querer. Sooyoung cresceu sem muito interesse em saber mais sobre sua mãe, quando era preciso, ouvia seu pai falar como era bonita e isso lhe bastava para saber que com a índole que tinha, nunca se relacionaria com uma pessoa ruim.

Por mais que quisesse condições de vida melhores, ela acreditava que não a teria caso se entregasse para qualquer um que chegasse em frente à padaria de seu pai em um cavalo branco e lhe pedisse a mão. Além disso, Sooyoung também era conhecida por ser seletiva e difícil. Nunca um aldeão conseguiu sequer segurar sua mão e lhe jurar amor correspondido, posto que em todas as ocasiões, ela demonstrava desinteresse e tédio.

A única coisa que mais chamava a atenção de Sooyoung além de ajudar seu pai na padaria era a floresta. Ela a adentrava algumas vezes para colher frutos diversos que complementariam nas receitas da padaria e sempre sentia uma forte vibração que a puxava para o seu interior, como se quisesse ser desbravada pela pessoa certa e não apenas por um homem de espada em punho para ter uma boa história para contar.

Como uma aldeã legítima e fiel às tradições, Sooyoung já ouviu falar sobre a sensação de estar sendo sugada para dentro da floresta. Contavam os mais antigos que a magia enfeitiçava aquele que cruzasse suas terras e sugaria para dentro de seu coração, onde nunca mais o soltaria. Essa história tinha uma grande carga de verdade por haver relatos de habitantes que desapareceram e os contadores acharem conveniente atribuir a culpa de seus sumiços à floresta.

LAGO DOS CISNESOnde as histórias ganham vida. Descobre agora