XV - Dia 5

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Will agonizou por horas, mesmo depois de ter apagado acordou depois de alguns minutos, ainda sentia aquela dor infernal. Não soube o certo quando a dor passou, mas finalmente parou. Chorava, gritava mas ninguém ouvia, estava sozinho e machucado tanto por fora, quanto por dentro. Ficou alguns minutos naquele pensamento encolhido na cama até que ouviu um miado ao lado de sua cama, segundos depois sentiu seu lado do colchão afundando e dedos macios encostando em sua perna levemente.

- Will? - era Harry, o gato. Olhava o garoto com pesar nos olhos, gostava do seu dono mas não entendia o prazer de machucar todas as pessoas que passavam por alí, mas Will foi a primeira pessoa que se sentiu mal por ver daquele jeito - Como você está...?

- Vai embora, Harry! - Will gritou virando o rosto para Evans, seus olhos estavam vermelhos e seu rosto banhando em lágrimas, era possível ver rastros de sangue entre o rosto e pescoço de Will. Era nítida a sua dor.

- Olha, Michael pode ser bem radical com os visitantes as vezes, mesmo que eu esteja muito acostumado com isso tudo, não gosto de te ver desse jeito - Harry não se intimou com o olhar do garoto e continuou no mesmo lugar. Pegou nas mãos de Byers o puxando para se sentar, assim se fez o outro. Se sentou devagar na cama, com pouco de dificuldade por conta da tortura que sofreu a horas atrás, mesmo que não fosse possível vizualizar os machucados, a dor continua mentalmente, aquilo ele nunca iria esquecer.

- Porque ele faz isso? Porque ele age assim? - ainda chorava, soluços eram ouvidos. Harry apenas puxou o garoto pelos braços e o abraçou, queria passar um pouco de tranquilidade, mesmo que fosse em vão.

- Ele é um demônio, Will! Não tem sentimentos - se afastou do abraço e limpou as lágrimas do garoto com as pontas dos dedos. Byers suspirou e tentou se acalmar, aliás tudo já tinha passado, por enquanto - Bom, só tem sentimento quando é 5:30 da manhã, todos os dias nesse horário, ele se torna humano, Will.

- Mas como isso é possível?

- Quando ele era vivo, tinha uma alma muito forte, nem os demônios conseguiram o drenar por completo, por isso ainda tem essa parte humana - Harry sorriu e se sentou ao lado de Byers.

- Eu realmente não me importo, eu só quero ir embora, Harry... - novamente o choro que estava entalado saiu, lágrimas saíram de seus olhos. Deitou sua cabeça no ombro do garoto e fechou os olhos tentando controlar as lágrimas.

- Desculpa Will, de verdade! Mas não tem saída...

- Precisa existir uma saída!

[...]

Max estava em seu quarto, ainda estava muito assustada com o que tinha acontecido nas escadas, como não tinha saída? Pensou em Jane, como aquela garota entrava e saía dalí? Será que ela saberia sair dali e ajudar todos os seus amigos? Apenas não queria mais ficar alí, queria ir embora o mais rápido possível.

A garota andava de um lado e de outro pelo quarto, seus pensamentos poderiam a matar a qualquer momento. Como uma forma de tentar se acalmar se sentou no chão e fechou os olhos, suspirou e contou até três e novamente, abriu os olhos.

- Deus... Me ajuda a sair daqui! - abaixou a cabeça um pouco e viu algo que chamou sua atenção em baixo da cama. Se arrastou até lá e pegou um pequeno caderno e um colar ao seu lado. Pegou os objetos e se sentou. O colar era em formato de um coração que se abria, Max encontrou uma foto de um homem, com vestes antigas, com um bigode e de chapéu. Deixou o colar em seu colo e olhou o caderninho, começou a folheá-lo nas primeiras páginas e percebeu que se tratava de um diário. Passou as folhas até chegar a última página escrita e começou a ler.

"Julho de 1920...

O garoto sem olhos continua me machucando. Esse lugar é o inferno, eu não quero que ele me leve, eu não quero ser como ele, e aquele olhar frio e o sorriso dele? Eu não queria ficar presa a esse inferno de lugar, mas eu sinto que nunca irei sair daqui. Porque eu fui confiar nele? Eu ainda não acredito que vivo aqui.

Fenômenos Paranormais - BylerOnde as histórias ganham vida. Descobre agora