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Ela é bonita.

Observo a minha vizinha cuidando do jardim suspenso em sua varanda. Ela borrifa água cuidadosamente. Analisa todas as folhas e por fim encara o parapeito onde estou apoiada.

O copo de café quase caí das minhas mãos quando isso acontece, e parece que a divertiu. Sua varanda fica um andar abaixo do meu, no prédio da frente. Se esse copo ousasse cair daqui, a garota misteriosa teria que ouvir reclamações.

Não sei a sua idade ou o que faz da vida. Mas tiro fotos dela há quase um mês, e aparentemente nunca percebeu.

Minha rotina é sempre igual: Primeiro eu acordo e venho para a varanda tomar café da manhã sentindo o clima frio. Depois, observo o relógio marcar oito da manhã, e a minha vizinha se levanta, cambaleando até o sofá para assistir alguma coisa na sua TV. E por último, eu posiciono minha câmera, tirando uma foto do seu rosto.

O mais interessante é que todos os dias, quando eu faço a mesma coisa, ela está de um jeito diferente. Quando comecei, sua aparência era de uma pessoa cansada, então as fotos contavam com uma feição preocupada, cabeça apoiada do dorso da mão ou até mesmo comprimidos sendo pegos. Com algumas semanas, seu rosto não tinha mais olheiras e seu olhar era como o de uma criança vendo desenhos.

E hoje, observo ela preparar um bolo na sua pequena cozinha.

Photograph • Sillie (shortfic)Where stories live. Discover now