Capítulo 14

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Por mais que falar aquilo doesse, eu sabia que era necessário. Já havia quebrado a cara algumas vezes, e essa era uma tentativa — quase desesperada — de me reerguer. Eu estava com vinte e oito anos. O tempo de brincar já havia passado.

Além disso, sabia que estava apaixonado por ela. Já havia admitido o fato. Independente de qual fosse a resposta, estaria ao seu lado para que tentássemos resolver aquilo juntos, mas eu precisava que ela confiasse em mim.

Eu respeitei sua decisão de não me contar sobre o seu passado, da mesma maneira que ela vinha respeitando a minha, mas depois das palavras da mulher mais velha, eu percebi que aquilo não envolvia somente a ela, mas a mim também e por esse motivo eu tinha o direito de saber.

Sofia se afastou lentamente do meu abraço e seus olhos vermelhos pelo choro, foram revelados.

— Você se afastaria de mim? — questionou. O rosto demonstrando uma expressão de incredulidade com o que eu acabava de dizer.

— Não é o que eu quero, pode ter certeza disso, mas para que exista um relacionamento é preciso existir confiança e pelo que estou vendo, você não confia em mim.

Ficamos em silêncio por algum tempo. Sofia voltando o olhar para o chão, provavelmente pensando no que fazer, enquanto eu permanecia a observando.

— Eu confio em você! — falou ainda sem me olhar nos olhos.

— Mas... — tentei continuar o assunto.

— Mas eu não estou preparada para falar sobre isso. — seus olhos novamente encontrando os meus. — Tenta compreender, Adam. — pediu.

Balancei a cabeça em afirmativa e beijei sua testa.

— Quando quiser conversar, eu estarei aqui. — levantei e segui meu caminho em direção ao quarto, ignorando o café sobre a mesa.

Por algum motivo naquele momento eu desejei ficar sozinho, então terminei de me arrumar para o trabalho muito mais cedo que o normal e saí de casa.

Eu sentia uma necessidade absurda de pensar e junto a Sofia, eu não poderia fazer aquilo. Antes de qualquer coisa, segui para uma cafeteria, já que meu organismo gritava pela cafeína.

Permaneci por longos minutos com o carro parado em frente à revista, pensando nos acontecimentos anteriores, enquanto degustava meu café.

Se Sofia não estava preparada, talvez eu também não estivesse.

Não queria desistir dela, mas havia algo muito errado ali, e eu não me sentia confortável com aquilo.

Recostei minha cabeça no banco e fechei os olhos por alguns instantes. Sem querer, acabei cochilando e quando acordei estava vinte minutos atrasado. Desci do carro às pressas e agradeci por ter estacionado em frente à revista, pois logo em seguida estava ocupando minha mesa.

Tentei deixar os assuntos com Sofia de lado e dedicar-me apenas ao trabalho. Deu certo. Mas isso durou apenas até o final da manhã, quando Michel mencionou uma noite extraordinária que aconteceria na sexta. Para a minha decepção, a tal noite seria na Lux, e por coincidência, era exatamente o dia em que Sofia estaria no palco da boate.

Eu estava confuso e precisava conversar com alguém, então, aproveitei o horário de almoço e liguei para Hugo, que no segundo toque atendeu minha ligação.

— Até que enfim resolveu me ligar heim... Apaixonou? Só pode estar apaixonado para esquecer dos amigos. 

Hugo era um piadista. Como sempre, as brincadeiras estavam presentes na maioria das conversas de Hugo.

SOFIA, meu doce perigo (CONCLUÍDO)Where stories live. Discover now