51|Como se ela fosse uma droga.

Start from the beginning
                                    

Tenho a minha mão apoiada na cintura da minha lindinha e sinto-a ficar tensa.

- Daniel, tens que ter paciência, amigo. - digo-lhe.

- Mas os meus colegas todos têm manos. - olho para Victoria e ela sorri, ao que eu retribuo, mas não dizemos nada.

Daniel fita os nossos rostos à procura de alguma coisa. Ele é tão desconfiado, mas também muito perspicaz.

- Eu acho que está na altura de dormir. - digo para acabar com a conversa, mas então o meu miúdo vira-se para Victoria.

- Vicky, se tu tivesses um bebé na tua barriga, tu dizias, não dizias? - ele pousa a mãozinha sobre o ventre da minha esposa.

Ela é apanhada de surpresa mas não responde à sua pergunta. Victoria ainda não está nela sobre a gravidez e ela vai querer ter a certeza que a primeira fase vai passar, para pudermos contar. Mas eu estou muito feliz que estejamos a passar por este milagre e quero passar por muitos mais milagres, algo que vai deixar Daniel muito contente.

Victoria dá um beijinho na bochecha fofa do meu garoto e um abracinho apertado.

Às vezes tenho tanto medo que isto seja apenas um sonho e que acorde a qualquer momento. Ter esta mulher maravilhosa na minha vida, que me faz ser o homem mais feliz e sortudo. Tenho medo que ela ache que tudo seja rápido demais. O vivermos juntos, o casamento secreto, a gravidez, sendo que eu sempre esperei que ela engravidasse desde do início. Não para a prender, mas porque acredito verdadeiramente no nosso amor. Isto parece doentio? Ter um fruto que é a nossa conexão mais profunda, a junção perfeita dos nossos corpos, das nossas almas, das nossas histórias, das nossas memórias e tudo aquilo que somos juntos. Saber que essa nossa conexão vai crescer dentro dela, deixa-me louco. Espero que ela veja e sinta o mesmo que eu.

Quando olho para o lado, Victoria e Daniel já dormem. Puxo os cobertores para cima, de forma a cobri-los. Ainda é cedo, mas já começa a dar sinais do início do dia. Não consigo voltar a dormir, portanto decido adiantar algum trabalho enquanto posso. Não vou voltar para o escritório tão cedo, por isso vou estar a trabalhar a partir de casa e posso dizer que tenho muito trabalho atrasado. Estas últimas semanas foram uma loucura e ainda preciso de tratar de muitas coisas do nosso casamento, porque este casamento vai ter que acontecer o mais rápido possível. Eu sei que a minha irmã o irá organizar, mas não quero que a Victoria se tenha que preocupar com absolutamente nada além daquilo que tenha mesmo de ser ela a decidir. Só quero que ela que esteja focada no seu bem estar e do bebé. Mas tenho perfeita noção do quão difícil isso será, porque a minha esposa é muito ativa e demasiado teimosa. E ainda temos também o assunto do Barry para resolver. Victoria terá que ir a tribunal e eu não a queria colocar nada nessa posição neste momento. Ela vai também continuar a ser acompanhada pela Dra Evans e espero que isso a venha a ajudar.

Abro a minha agenda que Beatrice me enviou por email, para ter noção de como será a minha semana e depois respondo a emails.

São praticamente 7h e eu decido levantar-me para ir fazer algum exercício físico antes de acordar Daniel para ele ir para a escola. Ele vai fazer birra porque não vai querer ir, mas bom, as coisas têm que se manter na normalidade da nossa rotina, além de que qualquer coisa que a Miranda possa pegar para implicar, ela vai fazê-lo, mesmo que o nosso filho não seja o principal interesse dela entre nós, mas sim o nível de vida que lhe posso dar.

Quando desço as escadas, vejo que Giselle já começou a sua jornada de trabalho.

- Bom dia, Giselle. - cumprimento-a.

- Bom dia, senhor Hunter. - ela sorri e para de arrumar a sala, não que estivesse muito desarrumada. - Como está a Victoria?

Suspiro.

- Foi uma noite tranquila. Está a recuperar bem. - respondo com um sorriso e caminho até à cozinha à procura de café. - Giselle, preciso que tenha mais cuidado com as refeições para a minha esposa.

- Eu sei, senhor Hunter. - ela responde atrás de mim, já na cozinha também. - Por causa do bebé. Não se preocupe, nada mal passado, frutas e legumes bem lavados. Não se preocupe.

-Eu não quero ser chato. - digo-lhe enquanto sirvo de um café.

- Só está ansioso com esta situação, é normal. Do que depender de mim, fique descansado. - ela esboça um sorriso e eu retribuo. - Posso preparar-lhe alguma coisa para o pequeno almoço?

- Para já, não, mas obrigado. Vou fazer uma corrida primeiro. O Aaron e o James já andam por aí? - questiono.

-Sim, senhor. - e nesse momento o meu telemóvel vibra no meu bolso.

É uma mensagem de um número que desconheço:

"Casaste em segredo, emprenhaste essa catraia mas afinal quando é que lhe vais contar que tens outro filho? Como é que vais contar ao Daniel que tem uma irmã? Quando é que vais ganhar tomates e assumir a tua filha ou só tiveste tomates para a fazer?"

Aperto a chávena na minha mão com tanta força até a partir. O som dos vidros assustam Giselle mas eu fico sem reação.

- Liam? - aparece Aaron e James imediatamente.

Giselle tira o que resta dos vidros da minha mão e então apercebo - me que me cortei. Mas que merda vem a ser esta agora? Já não tenho coisas em que pensar que cheguem? Giselle pega na minha mão e começa a desinfetar e a fazer um curativo, mesmo eu dizendo que não era necessário.

- Aaron, no meu escritório a seguir. - digo, de forma áspera. - James, fica aqui e qualquer coisa que haja com a minha esposa, é para me chamarem logo. - ambos assentem.

Agradeço a Giselle e depois peço que cuide do Daniel quando ele acordar, mas que não acorde Victoria.

Quando vamos para o escritório, Aaron fecha a porta e eu fico a andar de um lado para o outro. Mostro a mensagem ao meu guarda costas. Eu estou muito fodido.

-Liam, vamos investigar de quem é este número, porque obviamente que esta pessoa quer ser encontrada e as coisas vão - se resolver. - Aaron devolve - me o telemóvel. - Não fazes ideia de quem possa ser?

-Achas? Qualquer mulher pode ser. - suspiro e atiro-me para a minha cadeira. - Como se já não bastasse tudo aquilo que tenho na cabeça, agora mais esta. A Victoria não pode saber de nada.

- Liam, todos nós sabemos que a puseste numa bolha, ninguém a vai confrontar com qualquer coisa que nós falemos aqui dentro deste escritório. - levo a mão à cabeça e fecho os olhos. - Eu vou já tratar deste assunto.

- Obrigada, Aaron.


Amor & ObsessãoWhere stories live. Discover now