Enfrentamento

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Não ia responder agora. Colocou em modo avião e guardou no bolso. Han te observava.

— Não precisa responder?

— Não agora! Yunho veio falar comigo na hora do almoço, perguntando se eu queria trabalhar com ele no material promocional das meninas.

— Trabalhar com ele?

— É, não sei se eu entendi direito, mas acho que é sobre fazer algumas intervenções bonitinhas, sabe?

— Sei sim. Mas como assim trabalhar com ele? Vocês já não trabalham juntos?

— Não. Ele é do marketing, se eu não me engano.

— Vocês já se conheciam?

— Não, ele veio falar comigo hoje na cantina.

Ele parecia surpreso.

— Uau. Eu fico dois dias fora e você arruma um admirador?

— Ei, eu... não... admirador? — estava confusa.

— É o que parece. Você aceitou?

— Ainda não sei. Tem muita coisa atrasada e eu queria trabalhar nisso primeiro, mas ele disse que tem um bom prazo ainda e pediu meu número pra enviar uns arquivos...

Han te olhava com uma das sobrancelhas arqueadas.

— Ele não precisava do seu número pra falar com você. Tem o e-mail corporativo.

Abriu a boca pra falar mas fechou sem dizer nada.

— Uau.

— Pois é.

— Eu nem pensei no e-mail corporativo na hora...

O e-mail corporativo permitia que você entrasse em contato com qualquer funcionário sem precisar "levar isso pro pessoal". Qualquer pessoa da empresa podia saber seu e-mail corporativo se soubesse seu nome, não tinha razão pra falar sobre trabalho fora dali. Era aí que Han queria chegar.

— Tá tudo bem, isso é fácil de contornar. E acho que ele ia arrumar outra maneira de conseguir teu número, se essa não desse certo. Se ele te fizer sentir desconfortável, bloqueia, tá?

Você concordou com a cabeça.

— Eu sou muito trouxa...

Han passou a mão pelo seu ombro, te fazendo encostar nele de novo.

— Não, você é encantadora! Era questão de tempo até isso acontecer.

Você não moveu um músculo até o final do filme. Nem mesmo a freira conseguia ser mais assustadora do que a ideia de um garoto te manipulando pra conseguir o que queria. Tinha decidido, não ia trabalhar com ele.

Quando os créditos subiram, Han levantou pra desligar a tela. Como as luzes também estavam apagadas, a sala toda ficou no escuro.

— Não quero acender as luzes pra não cegar a gente — pegou o celular no bolso e ligou a lanterna.

Você fechou os olhos em resposta a claridade, mas logo se acostumou.

Han sentou novamente e você encostou no braço do sofá, ficando de frente pra ele.

— Tá muito cansado?

— Uhum

— Tem coisa pra fazer aqui ainda?

Ele sacudiu a cabeça, confirmando.

— Caramba.

— É assim mesmo, uns dias são mais difíceis que outros.

PossibilitiesWhere stories live. Discover now