recomeçar - 01

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Recomeçar.

Recomeçar um momento seria relativamente fácil. Mas recomeçar uma vida inteira... sentia-se como se estivesse pela primeira vez novamente fora da placenta de sua mãe. Tinha medo do que nunca viu, medo de se decepcionar com o que haveria de vir, medo de sair daquela adorável bolha de sua zona de conforto.

Mas havia prometido a si mesma uma semana antes de pisar seus pés no solo inglês, que recomeçaria sua vida, quantas vezes fosse necessária, mas você iria recomeçar.

Olívia Osborn era seu nome.

A pouco menos de dois meses você tinha perdido seu pai para um fatídico acidente de carro, muitas coisas mudaram desde tal acontecimento então. Poderia dizer que sua vida virou do avesso, e não seria exagero de sua parte.

Sua querida mãe, Gwen Osborn, tinha decidido que seria melhor você procurar um rumo para sua vida, ou seria outra "fracassada insolente assim como o seu pai."

Ele dirigiu uma das maiores empresas de Los Angeles sozinho, até o último dia de vida. E você nunca o considerou um fracassado.

Nunca teve uma presença materna muito presente, mas Gwen se transformou em algo que você nunca tinha visto. Amargurada. Fria.

Às vezes você conseguia ouvir o rangir e o chacoalhar do colchão se impactando contra a parede de seu quarto. O que a fazia correr ao banheiro e vomitar até as tripas.

Você não podia julga-la, ela foi a que mais sofreu com a morte de Norman, seu pai. Vocês tinham maneiras diferentes de lidar com aquela dor.

Mas não podia mais viver enclausurada naquela casa, apenas encarando as paredes retas e a casa vazia, se queixando com rumo que o destino lhe deu.

E como uma fênix, das suas cinzas você se restituiu. Com seu boletim com notas altíssimas, e ficando em primeiro lugar nas vagas de Harvard, você conseguiu uma bolsa na faculdade mais almejada e disputada do mundo. E naquele momento se decidiu, você recomeçaria.

Em outra cidade, sem amigos, sem parentes, sem rumo.

Mas sentia a cada passo dado na fria e estilosa cidade de Cambridge, que seu pai estava ao seu lado, te encorajando a continuar. Te incentivando a permanecer com a cabeça erguida.

Gwen não questionou sua escolha em sair de casa, mal se importou o bastante para levá-la até o aeroporto e despachar você para longe.

Com o dinheiro que Norman lhe deixou de herança, você comprou um apartamento confortável na cidade. Não era grande a ponto de viver uma família inteira ali dentro, mas era o suficiente para suprir suas necessidades no momento. Não tinha muitos móveis, mas tinha o necessário para viver.

Caminhava todos os dias por um parque que ficava em frente sua casa, até agora não tinha conseguido se socialismo com muitas pessoas tirando os gentis idosos que passavam por ali. Havia uma boate do outro lado da rua, mas não se sentia confortável em passar uma noite em um lugar amarrotado de pessoas, e você estar sozinha.

Mas não, suas meias cor de rosa, sua calça de abelhinha, um bom chocolate quente e Cinderela, seriam uma companhia melhor.

Suas aulas se iniciariam na manhã seguinte. Seu estômago de revirava ao tentar imaginar o que te aguardava ao cruzar aqueles portões.

Sua vida não poderia não poderia se tornar pior do que já estava, não é?

Pelo menos era o que você desejava enquanto deixou o sono te embreagar, enquanto o barulho da televisão fora sua única companhia enquanto o vento gélido da noite estrelada abraçava seu corpo adormecido.

yes, teacher | tom hollandOnde as histórias ganham vida. Descobre agora