— Eu juro que não sabia, eu achava que estava doente. —me apressei em dizer— nunca tive ninguém para me explicar sobre essas coisas, minha mãe morreu muito cedo, eu achava que o que eu estava sentindo era sintomas de algum gripe, ou qualquer coisa, eu não fico doente fácil mas se brincar eu fico, então tomei chás, mas se eu soubesse eu nunca teria tomado tudo aquilo. -expliquei.

Ele relaxou um pouco, me encarando.

— Desculpa. -murmurei.

— Não tem o que desculpar, princesa, você não teve culpa. -ele disse.

Minha barriga deu sinal de vida, roncando baixo como um gato, eu corei e Cassian me encarou de imediato.

— Está com fome??

— Um pouco...

Ele disparou nos céus me fazendo soltar um gritinho agarrando o seu pescoço.

— Cassian! Devagar! Eu ainda tenho medo de altura! -falei fechando os olhos.

E eu estava ficando enjoada.

Vomitar daqui de cima para cair em algum feérico e ele achar que é côco de passarinho.

Um passarinho muito grande.

                                      ✧

Estávamos na casa do... Vento? Um nome bem peculiar.

Que Cassian alegou ser dele, um presente de seu irmão.

— Coma alguma coisa. -ele disse.

Ele encheu um prato de comida, um morro de comida, e me diz ser algum coisa?

Pela mãe.

Eu peguei um pouco de purê de batata e levei a boca, o illyriano seguindo meu movimento.

Ele me observou enquanto eu comia, eu me remexi desconfortável.

— O que? Me sujei? -questionei levando a mão a boca.

— Não, só estava vendo mais detalhes de você. -um sorriso envergonhado.

Ah.

— Acha que vai ser ruivo?

— O que? -pisquei confusa.

— O bebê. —ele sorriu— acha que ele vai ser ruivinho? Ou com cabelos pretos igual aos meus? -um olhar ansioso.

Eu pisquei algumas vezes, repousando o talher no prato para pegar o copo de suco diante de mim.

— Eu não sei. —inclinei a cabeça— minha mãe não era ruiva, porém minha avó era, mas o ruivo dela era um vermelho intenso, então... Acho que meu pai era, ou é, não sei, talvez, ela tinha cabelos escuros.

Eu balancei a cabeça.

— É, agora estou confusa. —falei— talvez sim, talvez ele seja ruivo, ou não.

Eu franzi o cenho e ele bufou uma risada.

—  Há muitas chances de ele ou ela ter cabelos ruivos, Cass. -falei.

Ele piscou.

— Desculpa, falei sem querer, é uma mania minha criar apelidos para os outros. -falei.

— Já disse que não precisa ficar pedindo desculpas para mim o tempo todo. -ele inclinou a cabeça.

— Desculp... Eu não consigo, fui criada desse jeito. —sacudi a cabeça— tinha que pedir desculpas sempre mesmo sem ter feito nada, é um triste costume.

— O que você fazia? -ele questionou.

Dei um gole do suco.

— Nada? Às vezes eu acordava na base do cinturão, do chicote, era castigada por comer na mesma mesa que ele, era castigada por olhar mesmo que fosse de um jeito torto para ele, então eu tinha que pedir desculpas, por nascer e ser... Assim. -gesticulei para mim.

Eu ouvi um rosnado baixo do macho.

— Vou voltar lá. -rosnou.

Eu toquei sua mão, o fasndo parar de imediato.

— Isso já passou, eu não ligo mais, eu mereço, passou. -falei.

— Você não mereceu nada disso, Astrid. -disse ele firme.

Fiquei surpresa, ele lembrava do meu nome..

— Você tem alguma cicatriz? Na noite em que nós.. dormimos juntos eu não vi. -ele disse.

Eu me encolhi levemente tirando minha mão de perto da sua.

— Estava escuro, não tinha como você ver. -murmurei.

— Então você tem cicatrizes?? -ele questionou, raiva brilhando em seu olhar amêndoa.

Ouvi ele murmurar "eu mesmo vou torturar aquele desgraçado".

— Tenho, mas não é o caso agora, não gosto de falar delas. -murmurei.

Ele me encarou.

— Vai me deixar aqui sozinha? Não que eu tenha medo, mas é que eu não conheço nada daqui. -falei.

Ele suspirou, setando-se novamente.

— Não vou sair de perto de você, não se preocupe. —ele disse— nos próximos dez meses você vai enjoar da minha cara de tanto que estarei colado contigo.

— Difícil enjoar, você tem um rosto bonito. -murmurei.

Ele sorriu de lado.

— Quer mais alguma coisa?? Posso trazer doces. -ele disse me encarando.

Eu inclinei a cabeça.

— Não precisa, talvez depois. -murmurei.

Cassian se inclinou até mim, beijando a minha testa.

— Vou te mostrar o seu quarto, princesa. -ele disse se erguendo.

Eu me ergui, o seguindo, ouvindo a cada instante o illyriano perguntar se eu estava bem ou se eu precisava de alguma coisa..

*Até o próximo capítulo ☄️ deixem seu comentário e seu voto pfvr ☄️*.

Corte de Sangue e FogoWhere stories live. Discover now