Onde estou? cap.2

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Assim que terminei de tomar o café, desci nem ao menos consegui escovar os dentes, pois também não tinha escova. Mas ele teria que me responder várias coisas, como ele pode ser tão gostoso? Não Benjamin, você é forte e vai enfrenta-lo sem ficar encarando aqueles olhos azuis lindos, affz, ainda ele quer me comer. Ah, que raiva. Porque ele tem que ser tão lindo e misterioso.

Desci e vi ele sentado. Tomava seu café e me olhou, fez um gesto para que eu sentasse. Fui até uma cadeira ao lado dele.

-Tomou o café todo?- perguntou, assenti com a cabeça apenas.

-Você está bem? Parece que quer perguntar algo.

-Sim estou e sim quero te fazer uma pergunta. Posso?

-A vontade.

-O que você é?

-Se eu te contar terei que te matar- assim que viu, sorriu- Sou agente contratado.

-O que você quer comigo?

-Duas coisas, você sabe.

-A fita terei que te dar só quando estiver lá no O Notice, mas eu não te darei a mim, pois não sou um objeto de uso.

-Mas não pense assim, eu quero você e sei que você me quer- ele me fitou.

Como ele pode ser tão gostoso?

-Quando poderei sair daqui?- mudei de assunto.

-Nunca.

-Hã?

-Isso agora você é meu. Você sabe de muita coisa e se te deixar algo de ruim pode te acontecer, eu não posso deixar.

-Mas...

-Não tem mas. Por favor entenda. Então passe pelo menos até você me entregar o vídeo.

-Tá- sabia que isso não levaria nada- Como é seu nome?

-Dylan, Benzinho.

-Benzinho?!

-Sim- ele expressou um sorriso.

-Como você sabe meu nome?

-Por causa da reportagem.

Nessa hora uma mulher adentrou o local. Tinha o cabelo loiro bem claro, estava amarrado em um rabo de cavalo, vestia um uniforme cinza que parecia ser de secretaria, com um corte do lado direito, um salto prata e um blusa social feminina branca.

-Sim, Ray- Dylan disse.

-Sebastian chegou- seu olhar fixou em mim

-Ok, mais alguma coisa?

-Não- ela saiu.

-Ela não gostou de mim.

-Nada, foi só impressão, ela está assim porque nunca trouxe alguém para cá. Bom, agora preciso ir. Fique a vontade, mas não saia.

Ele se levantou e saiu me deixando sozinho naquela casa que pude perceber ser enorme, com uma secretaria que parecia me matar. Onde eu fui me meter?

***

Passei a manhã inteira na sala vendo TV. As vezes a secretária vinha me ver conversando com alguém pelo celular, deveria ser Dylan, para saber se estava ou não em casa. Sobem faltava essa agora, ser vigiado.

-Benjamin- a secretária me tirou dos pensamentos- Dylan avisou que não vem almoçar e mandou eu te servir. Deseja algo?

-Não, estou sem fome no momento.

-Tem certeza? Ele dis...

-Por favor- a interrompi- Você pode conversar comigo?

-Oh- ela estranhou meu pedido, percebi quando levantou a uma sombrancelha e logo sentou ao meu lado.

-Desculpa, qual é o seu nome?- perguntei.

-Ray, Ray Rosário- ela estendeu a mão.

-Prazer Ray, sou Benjamin Alento- apertei sua mão- Você trabalha aqui a muito tempo como secretária pessoal?

Ela deu uma risada fraca.

-Trabalho a sete anos e não sou secretária.

-Bom, pensei que...

-Que eu fosse uma secretária- ela disse- Sou uma espécie de governanta que sabe lutar.

-Uau. Como é trabalhar para um cara misterioso?

-Não, ele não é misterioso. Sei algumas coisas dele. Mas respondendo sua pergunta é emocionante e bem estilo aventura.

-Como ele te achou?

-Eu era filha da antiga cozinheira, que era amiga da mãe dele. Mas quando minha mãe morreu e os pais dele também nos unimos. Desde aquele dia, Dylan me protege e vice-versa.

-Como aprendeu a lutar?

-Eu e ele entramos em uma academia, também entramos na aula de karatê, muai thay e kick-boxe.

-Nossa, vocês são bem amigos já que você sabe de muita coisa sobre ele.

-Sim.

-Ray, acho que irei aceitar o almoço.

Ela sorriu e se levantou.

-Alguma preferência?

-Acho que um macarrão com molho branco e carne de frango é pedi demais?- respondi com outra pergunta.

Ela sorriu mais uma vez o que entendi como: eu irei fazer.

-Antes, onde fica o banheiro? Preciso ir tomar um banho, me trocar e fazer outras coisas.

-Na terceira porta a esquerda, subindo a escada. Se quer saber onde tem toalha, em todos os banheiros tem três toalhas, mas, nunca use a branca.

-E roupa?

-No quarto onde você estava.

Espera, agora que fui perceber, estou usando uma roupa diferente da que eu usava no avião. Quem me trocou?

-Ray, uma pequena pergunta, quem me trocou?

Ela fez menção de abrir a boca, mas logo fechou e seus olhos fixaram num ponto atrás de mim. Virei e vi. Dylan, com uma camisa social rasgada, calça também rasgada e sem calçado nos pés. Queria perguntar o que tinha acontecido, mas não.

-Benzinho, eu sei parar uma bomba com contagem regressiva se estiver apenas com uma faca e um lápis. Acho que sei trocar você com os olhos fechados.

Virei-me e sai de lá.

O Alvo - livro 1 (romance gay)Where stories live. Discover now