De S/n.

O violão se tornou um grande aliado aqui dentro, agora que tenho todo o tempo do universo estou tentando compor uma canção. Uma canção para ela. Suspirei, olhando de relance para a pulseira a qual não tive coragem de tirar. É a única coisa sólida que tenho de S/n.

Bianca: Bom dia, Moormeier. - entrou no quarto, sorrindo.

- Lá vem. - me referi a bandeja com remédios que ela trazia.

Bianca: Fique feliz por me ver, garotinho. - largou a bandeja na cômoda. - Nem todos tem essa sorte. - rolei os olhos. - Como passou a noite?

- Normal. - dei de ombros.

Bianca: Sabe que não deve me esconder nada, não é? - assenti. - Tudo bem, te darei um voto de confiança. - preparou os medicamentos. - Aqui, seja um bom menino e tome isso.

Fiz uma careta, porém obedeci.

Bianca: Muito bem. - sorriu. - Que tal um passeio agora? - neguei. - Qual é Payton, vai entrar em depressão desse jeito.

POV S/N

"Querido Payton...

Hoje é o sétimo dia de tortura, tua irmã e Jackson me arrastam para onde vão, como se fosse seu cachorrinho, me sinto mal por incomoda-los e por ficar de vela na maior parte do tempo.

Estou com saudade, muita saudade. Ainda é difícil acordar todos os dias e não esbarrar em você ou ver tua cara de zumbi as oito horas da manhã. Volta e meia me pego pensando no que você deve estar fazendo ou como está. Seus pais ligam constantemente para a clinica em busca de notícias, porém não é permitido que tenhamos qualquer contato contigo, então somente nos agarramos ao que os médicos dizem, que é muito superficial.

As coisas perderam a graça por aqui, o intercâmbio ficou menos interessante agora. Eu sei que as vezes todas lágrimas e o sentimento de tristeza pode parecer exagerado, afinal você está vivo. Porém o que mais dói é saber que não te verei mais, retornarei ao Brasil sem sequer saber como está. E por isso que choro todas as noites. É isso que me deixa sem ânimo para fazer qualquer coisa. Isso é um pouco egoísta, afinal, tenho que pensar em você e não na minha necessidade de te ter por perto. Espero que esteja bem. Sinto sua falta.

S/n."

POV PAYTON

Eu não tenho mais noção de tempo, eu não tenho mais noção de nada. Os dias e as noites passaram a ser iguais, os rabiscos de minhas músicas não terminadas estava no fundo da lata de lixo. Irritei-me. Aliás, ando me irritando por qualquer coisa. Essa semana tive mais uma crise, cada parte do meu corpo pedia por algo químico, eu precisava ingerir drogas. Nesse dia, aplicaram-me um 'sossega leão', deixando-me totalmente imóvel. As doses de remédios vem me roubando boa parte do ânimo, me sinto fraco, incapaz de levantar da cama, por isso, constantemente Bianca tem vindo conversar comigo, para distrair-me. Como hoje.

Bianca: Combinado, da próxima vez trarei um livro de contos de fadas para ler pra você. - brincou, sentando-se na cadeira ao lado da cama, onde eu permanecia deitado.

- Traga. - disse com a voz baixa.

Bianca: Você não está bem hoje, verdade. - olhou-me, preocupada. - Ainda não se acostumou com os efeitos colaterais dos medicamentos. - falou mais para si mesma, então levantou-se, tocando meu rosto. - Está suando, Payton. - pegou rapidamente um pano com água gelada e passou em meu rosto, suavemente. Fechei os olhos.

- Estou nervoso. - murmurei. - Não gosto de me sentir preso. Me sufoca. - abri os olhos. - Juro por Deus que estou ficando agoniado.

Bianca: Tem que ser muito forte para aguentar tudo isso. - colocou o pano na bandeja. E prendeu seus longos cabelos escuros e cacheados.

 𝘁𝗵𝗲 𝗲𝘅𝗰𝗵𝗮𝗻𝗴𝗲 ! 𝗽𝗮𝘆𝘁𝗼𝗻 𝗺𝗼𝗼𝗿𝗺𝗲𝗶𝗲𝗿Where stories live. Discover now