2º Capítulo: Lua do caçador, mostre teu escolhido!

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- Ô Tomé! Vem logo me ajudar, cara! – Leonardo tentava tirar a maca com o corpo de dentro da ambulância.

- Nem morto eu vou chegar perto desse defunto aí... – Tomé se benzeu pela décima vez naquele dia. - Se quiser eu chamo o pessoal daqui do necrotério para te ajudar! Mas eu não vou chegar perto disto aí não!

- Quê é isso cara! Larga a mão de ser maricas e vem me ajudar. Esse presunto é muito pesado! – Leandro tentava puxar a maca sozinho, mas não estava conseguindo ter muito sucesso em suas tentativas.

- Eu já disse! Não chego perto deste homem aí não! – deu meia volta. – Eu vou entrar e chamar alguém para te ajudar! – saiu correndo para dentro do necrotério, ignorando os resmungos do colega.

- Ô... Tomé! – tentou chamar o amigo de volta, mas ao levantar uma das mãos, acabou derrubando a maca, fazendo um barulho enorme. – Mas que droga!!! Por que o Tomé tem que ter esses chiliques e me largar aqui sozinho com esse morto? – abaixou-se para erguer a maca novamente. – Ah Tomé... Aguarde-me companheiro... Aguarde-me... Terei a minha vingança... – colocou-a de volta na ambulância e sentou no chão, encostando-se na roda do veículo.

Enquanto aguardava o amigo chegar com ajuda, Leonardo viu um homem alto, vestido com um sobretudo negro e grandes coturnos, passar indiferente pela ambulância, indo na direção da entrada no necrotério.

- Hei! Amigo! – levantou-se. – Aqui é o necrotério... O que você quer aqui?

O homem parou de andar, virou-se para Leonardo e lhe lançou um olhar frio ao e ameaçador. Não estava com muita paciência para ser barrado por um reles motorista de ambulância, tinha coisas mais importantes a fazer.

- Sinto muito, mas não tenho tempo a perder com você! Tenho urgência em examinar um corpo... – o homem se virou e novamente caminhou para a entrada do necrotério. – Tenha um bom dia... – desejou ao motorista, sem muito entusiasmo e sinceridade.

- E você tem autorização para examinar um corpo? – começou a seguir o homem, ignorando o estranho frio na espinha que sentia toda vez que o encarava.

- Não preciso de autorização para fazer o meu trabalho! – não parava de andar por nem um segundo. Nem ao menos diminuía o passo.

- Então você é um legista? Nunca o vi por aqui antes... Posso ver credenciais?

- Desculpe, mas não sou um legista e não preciso de credenciais para provar nada! – o motorista estava irritando-o.

- Mas que arrogância! E eu ainda estou sendo educado com você! – Leonardo pegou no ombro do homem, tentando, em vão, fazer com que parasse de andar. – Por que não me trata com mais respeito?

- E por que eu deveria tratar com mais respeito o homem que interfere em meu caminho? – diminuiu o passo e lançou um olhar sinistro ao pobre motorista. Leonardo sentiu um forte arrepio na espinha e largou o homem. Quem, diabos, era ele?

O rapaz sombrio entrou no necrotério, sem encontrar mais nenhum obstáculo a sua frente. Dava passos decididos e firmes, estava muito determinado a cumprir aquilo que viera fazer ali.

- Com licença... Quem é o senhor? – perguntou um homem com os cabelos já grisalhos, parado na porta da sala de autopsia.

- Sou Bruno... Bruno Lispector... E estou aqui para examinar um corpo. – encarou-o com um ar de autoridade, enquanto se anunciava.

- É legista? – perguntou um pouco intimidado com a postura autoritária daquele rapaz de vestes negras.

- Não.

- Hum... Então por que você quer examinar um corpo?

- Porque é a minha obrigação! – Bruno passou pelo homem e entrou na sala. – Onde está o último corpo?

O Destino da EscolhaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora