Passei o sabonete pelo meu corpo, tomando cuidado onde doía mas falhei ao deixar o mesmo cair, tentei me abaixar por um segundo esquecendo que eu estava todo fudido e acabei gemendo de dor, não foi alto, mas Any escutou e entrou tão rápido no boxe que eu assustei. Ela fez uma breve análise sobre mim para ver se estava tudo bem e vi suspirar aliviada quando viu que era só o sabonete. A mesma abaixou prendendo o cabelo em um coque e... bom, não me orgulhando, viajei até uma de nossas duchas quentes  quando estávamos juntos, minha mente minha pior inimiga.

Vejo o olho da morena se arregalar quando levanta e encara minha cueca, eu apenas olho para o teto pensando em qualquer coisa para me fazer broxar e parar de assustar ela.

Any: — Olha só, ele tá funcionando pelo visto! -não aguentei e acabei rindo junto a ela.

~

1 semana depois

  Nada que sete dias não resolvessem, as dores tinham diminuído consideravelmente, os hematomas já sumiram e meu rosto estava em perfeito estado. Acho que queria tanto melhorar, que acabei acelerando o processo.

Eu estava de volta à frente da máfia de novo e me sentia bem, equilibrado, não uma pessoa melhor ou pior, mas equilibrado em todos os sentidos. Sabina estava bem, a cirurgia dela ocorreu bem e a mesma viria para a casa em alguns dias. Eu e Any estávamos bem, a medida que o possível, não nos falávamos muito, já que a maior parte do tempo dela, a mesma estava na biblioteca da casa ou com as garotas, mas éramos amigos e isso é uma evolução.

Estou no galpão agora, checando algumas encomendas e escutando Noah atrás de mim, dizer o plano que eles tinham para pegar os desgraçados que ferraram comigo.

— Alguma notícia da chave da Any ou do cofre? -pergunto largando a prancheta das entregas na mesa do escritório que tinha do lado de fora.

Noah: — Não e sim, eu e Krystian estávamos pensando esses dias -se aproximou da mesa- A chave pode ser algo pequeno, não literalmente uma chave grande e chamativa, assim ficaria óbvio, pode ser algo pessoal, tão pessoal que foi passado de mãe para filha. -explicou e eu balancei a cabeça concordando enquanto pensava.

— Peça Sofya para olhar as coisas da Any, de necessário, mande Hina tirar ela da casa para minha irmã ter mais tempo -explico calmo- Mas não quero que Any saiba, ela ficará brava e irá surtar, não quero isso, não agora.

Noah: — Você está pensando em voltar com ela? -fugiu do assunto e eu só suspirei, sentindo perdido nesse assunto.

— Não sei Noah, talvez sim, talvez não, eu amo ela mas nossas vidas vão voltar ao normal quando acabarmos aqui e o que eu farei? Irei assistir minha mulher sentir nojo das minhas ações? -o olho em busca de alguma resposta mas ele apenas balança a cabeça concordando.

Noah: — Vou falar com as garotas, volto mais tarde -o rapaz caminhou até a porta mas antes de sair me olhou- Ela gostou de tudo que fez esses dias que esteve fora Josh, mesmo que não falou nada, ela gostou.

Tínhamos achado os filhos da puta que ferraram comigo, não passavam despercebidos também, afinal Gabrielly tinha uma boa mira e a marca era muito visível. Eu estava puto, muito puto e só uma coisa eu tinha certeza hoje.

Eu mataria um por um.

Não perdi tempo para ir à sala de armas e escolher minha favorita, por sinal a primeira que tive e matei alguém, já fazia um tempo que a bonitinha estava de férias.

Me encosto na parede fechando os olhos, sentindo aquele outro Joshua entrar em jogo e como eu amava esse Joshua. Abro um sorriso, já imaginando a linda cena que estávamos para presenciar, gritos, pedidos de misericórdia, sangue, era isso que fazia meu coração bater mais forte, isso e uma morena que não quero envolver agora. Eu preciso me concentrar, deixar meu lado bonzinho para lá e ser o Alfa, mas pensar nela me faz segurar as pontas um pouco, não queria que ela visse meu outro eu.

Sai da sala, contando as balas dentro da arma, tendo certeza que daqui a alguns minutos, cada uma estaria estourando os miolos daqueles desgraçados. Desço até o galpão, onde todos já estavam a me esperar, um dos homens me entrega minha máscara e eu a coloco depois que passamos o plano novamente.

Já estávamos de saída, eu estava apenas checando os pneus da minha moto, quando uma voz muito reconhecida por mim gritou meu nome, me levantei automaticamente olhando para entrada da casa, vendo Any vir correndo em minha direção, ela parecia eufórica, tinha em suas mãos um bocado de papéis amaçados. Me encontro com ela no meio do caminho e espero ela respirar um pouco.

Any: — Acho que descobri onde está o cofre e oque é a chave! -disse ofegante mas de uma vez, me fazendo franzir o cenho e processar aquilo, esperando uma explicação melhor- Eu estava na biblioteca e acabei achando essa carta antiga, onde seja lá oque o capitão era seu, explicava para a Nathalie (N/A é o nome da ancestral da Any) onde ela encontraria a colheita. -explicou me olhando e gesticulando as mãos.

— E o que uma colheita tem haver com o cofre Any? -pergunto um pouco irritado com aquilo, ela estava atrasando todo nosso plano.

Any: — Nessa região, é quase impossível de colheita por conta do excesso de água salgada Joshua, não faz sentido ele explicar isso para ela.

Suspiro, pensando no que fazer, se Any estivesse certa, iríamos resolver toda essa merda hoje mesmo e não demoraria para nossas vidas voltarem ao normal.

— Krystian! -grito pelo asiático que não demora para vim- Você e Heyoon, vão procurar isso aqui com a Gabrielly -aponto para o papel nas mãos da morena- Vamos resolver todas essas merdas hoje! -vou me afastando deles e por fim subindo em minha moto- O inferno estará aberto essa noite!

Narradora POV

Até o mar parecia sentir a energia daquele ambiente, prevendo que o caos começaria no instante que Gabrielly colocasse suas mãos naquele ouro. Oque era apenas uma lenda, agora estava se tornando mais realidade do que tudo, para eles, o ouro seria apenas mais uma conquista, não precisavam daquele dinheiro, mas o ego deles não deixaria jamais Morris e sua turma, tocar no que era deles.

Enquanto os três tentavam achar o caminho certo e desvendar os enigmas daquela carta confusa, Beauchamp estava do outro lado da cidade, torturando cada homem que o ferrou, escutando os gritos alheios de pessoas que passavam ali e rindo por satisfação. Era tão evidente como ele amava aquele ele, todos o temiam, não apenas por ser um psicopata, mas porque sabiam, que ele não mediria esforço para eliminar qualquer um que tentasse barrar seu caminho. Ele era o Alfa, e nenhum ômega quer enfrentar um alfa.

Any, Krystian e Heyoon, se encontravam parados, em frente a uma igreja de madeira, velha e quase caindo por inteiro, segundo os cálculos deles, ali seria o cofre.

Krystian: — Mas que merda, esse velho não tinha lugar melhor para colocar o ouro não? -reclamou enquanto eles entravam no lugar.

Heyoon: — Cala boca. -mandou pegando a carta da mão de Gabrielly e lendo novamente- "Vá para o meio da colheita, pise no chão e sinta como ele é macio, não tenha medo de toca-lo" -lê uma das partes da carta- Krystian, vai pro meio da igreja e pisa firme do chão, deve ter alguma madeira solta!

O rapaz prontamente obedeceu, seguindo as instruções da maneira que Jeong o deu e realmente viu que tinha uma madeira solta, o mesmo não demorou para puxar o pedaço de madeira, com um pouco de dificuldade conseguiu o partir e então formar um pequeno buraco ali.

Krystian: — Acho que vamos precisar de mais ajuda aqui. -apontou para o chão, fazendo com que as meninas se aproximassem e verem nada mais do que um baú.

Mas não era um baú pequeno, deveria ser do tamanho de uma cama de casal, eles tentaram puxar mas sequer moveu. Ligaram então para a casa, chamando reforços, os tratores e deixaram claro como era urgência, àquela altura, Morris já estava ciente de que tinham encontrado e já estava mandando seus capangas arrumarem as coisas e irem atrás.

Aquela noite estava apenas começando, junto com o desastre entre duas máfias.

só mais um capítulo para aproveitarem a adrenalina da caça ao ouro fml, só posso dizer isso!

Mr. Beauchamp Onde histórias criam vida. Descubra agora