76. Epílogo 2

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Ela mudou o bebê para mostrar melhor seu rosto, mas Draco enrijeceu e desviou o olhar. Foi como ser cortada, a rejeição foi fisicamente dolorosa.

— Olha — sua voz era feroz. — Você tem que olhar para ela.

Draco relutantemente olhou para baixo.

— Ela é apenas um bebê. Ela não vai machucar você e você não vai machucá-la. Apenas olhe.

A cabeça de Draco levantou bruscamente e ele deu uma risada curta e irregular enquanto tentava libertar sua mão. Hermione se recusou a deixar ir. Sua expressão era tensa, como se ele quisesse estar em qualquer lugar, em qualquer outro lugar do mundo, menos onde estava.

— Granger... — ele disse com uma voz tão tensa que tremia — a única coisa que faço é matar coisas.

Hermione olhou para ele e apertou sua mão com mais força.

— Não — ela disse com força. — Isso é uma mentira. Você me salvou. Você salvou Ginny e James. Você poderia ter sido um curador. Você pode ser um bom pai, eu sei disso. Pode... pode não ser natural para nenhum de nós, mas ambos faremos o nosso melhor. Você...

— Hermione... — ele soltou um suspiro profundo como se tivesse levado um chute. Sua voz estava crua e ele ainda não estava olhando para ela.

— Granger... — ele tentou novamente puxar a mão. — Granger, eu... eu já matei crianças antes. A última criança que toquei, usei a Maldição da Morte depois de executar sua mãe.

Hermione congelou, olhando para o rosto dele.

Em algum momento ela sabia que ele provavelmente havia matado crianças, mas se dissociou desse conhecimento. Ignorou.

Povo bruxo e trouxas. Amigos e estranhos. Homens e mulheres... e crianças.

Ela sabia de tudo, mas também havia esquecido.

Então ela se lembrou do tom prosaico de Stroud quando ela se ofereceu para aliviar Draco de uma criança indesejada: "Aquelas com bom potencial serão criadas para contribuir para a próxima fase do programa, e as outras serão cobaias úteis no laboratório. Ainda há tão pouco compreendido sobre o desenvolvimento mágico inicial..."

Ela engoliu em seco, tentando encontrar sua voz. — Você não teve escolha. Você não fez isso. Você não teve escolha. — Ela olhou para a filha deles. — Estamos recomeçando agora. Ela vai crescer longe da guerra, e nós... nós vamos deixar tudo isso para trás. Vamos cuidar dela e mantê-la segura. Nós dois. Nós dois vamos cuidar dela.

Hermione virou-se para Draco e o bebê ficou em seus braços entre eles. Os olhos prateados da filha olharam para eles. Seu cabelo havia secado em um halo de cachos castanhos ao redor da cabeça. Seu rosto estava rosado e ainda parecia ligeiramente achatado. Ambas as mãos escaparam do enfaixamento e estavam perto do rosto. Ela estava chupando agressivamente os nós dos dedos da mão direita.

Ela era a coisa mais linda que Hermione já tinha visto.

— Olhe para ela, Draco. Ela é nossa. Ela é toda nossa. Você não vai machucá-la.

Ele olhou para sua filha por vários segundos.

Quando ele se moveu, ela percebeu que ele havia parado de respirar. Seus dedos tiveram espasmos quando ele começou a estender a mão. Ele hesitou e então tocou levemente a palma da mão do bebê, como se esperasse que seu toque a envenenasse ou quebrasse. A pequena mão fechou-se reflexivamente em torno de seu dedo, agarrando-o.

Draco ficou congelado.

Hermione o observou e reconheceu a expressão em seus olhos enquanto ele olhava para a pequena pessoa que se agarrava tenazmente a ele.

Manacled | DramioneOnde histórias criam vida. Descubra agora