Moody se virou e saiu cambaleando.

Quando Hermione voltou para a enfermaria do hospital depois de um jantar tardio, Harry estava sentado ao lado de Ginny novamente. Todas as luzes dançando ao redor do corpo de Ginny estavam em tons normais e tranquilizadores, mas Hermione fez uma pausa para fazer um diagnóstico para ter certeza de que tudo ainda estava bem.

— Você não deveria ter feito isso — disse Harry, enquanto ela estava no meio do feitiço.

— O que você quer dizer? — ela perguntou, parando no meio do feitiço para olhar para ele. Sua respiração ficou levemente presa em seu peito e seu aperto em sua varinha aumentou.

— Usando o ferimento de Ginny assim. — A voz de Harry dura e tensa. — Você fez parecer que foi uma coisa boa ela ter se machucado.

Hermione suspirou e lutou contra a vontade de revirar os olhos.

— Eu não quis dizer isso — disse ela. — Você sabe que odeio quando alguém se machuca.

— Você deveria ter esperado. Você poderia ter tocado no assunto na próxima reunião, quando Ron não estava se sentindo tão mal. Você o consolou porque se importava ou apenas porque queria saber onde estava a faca?

As mãos de Hermione caíram para os lados e seus olhos se estreitaram enquanto sua irritação com Harry se transformava em ofensa.

— Eu queria ter certeza de que ele não tinha se cortado com isso. Queria ter certeza de que ninguém mais a encontraria e se machucaria — disse ela com voz de aço.

Harry suspirou e olhou para ela bruscamente.

— Mas era nisso que você estava pensando. Quando Ginny se machucou e você a estava curando, você estava pensando: 'Oh, olhe, cortes no crânio dela. Eu me pergunto se esta informação será útil para destruir horcruxes.' Sua colega de quarto estava deitada lá enquanto você a tratava, e era nisso que você estava pensando. Uma de seus melhores amigos estava chorando em seus braços porque teve que cortar o rosto da irmã mais nova, e você só pensava naquela porra de faca.

Hermione fechou a mão esquerda em punho com tanta força que podia sentir as unhas cravadas na palma da mão e o formato dos ossos metacarpais sob as pontas dos dedos.

— Sou capaz de pensar em várias coisas ao mesmo tempo, Harry. — Seu tom era gelado. — Ou você preferiria que a missão fosse totalmente inútil? Que Ginny se machucou e isso não significou nada?

— Não trate ela assim, Hermione. Não trate as pessoas como se elas não passassem de uma equação para você.

Harry levantou-se abruptamente e olhou para ela com raiva.

Hermione se contraiu ligeiramente. Ela não conseguia entender o raciocínio emocional que Harry empregava. Foi cansativo tentar descobrir de onde ele vinha. Isso consumia recursos mentais que ela não podia dar a ele.

— Ou tudo isso acontece por uma razão ou não — disse ela com raiva fria. — Você não pode ter as duas coisas. Se tudo isso deve ser significativo, então você não pode se ofender quando eu aponto isso e me acusa de ser insensível.

Harry empalideceu ainda mais e passou a mão frustrada pelos cabelos. Ele olhou para ela com os olhos brilhando por um momento antes de se virar, os lábios ligeiramente curvados.

— A maneira como você trata as pessoas... às vezes, sinto que nem te conheço mais — disse ele.

— Talvez você não conheça — ela disse em um tom entrecortado, olhando para sua varinha, terminando o diagnóstico de Ginny.

— Você deveria ter esperado, você não deveria ter falado sobre a faca esta noite. Não é como se tivéssemos uma horcrux. Você poderia ter esperado — ele disse novamente, como se fosse a conclusão final da conversa.

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