PRÓLOGO + SINOPSE

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ALERTA DE GATILHO PARA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA. APESAR DE NÃO CONTER GRANDES DESCRIÇÕES DE VIOLÊNCIA, FICA AVISO PARA VOCÊ SAIBA O QUE ESTÁ PRESTES A LER!!!!!!

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As minhas lágrimas servem-me de mantimento de dia e de noite, enquanto me dizem constantemente: Onde está o teu Deus?

Salmos 42:3

Eu me lembro que quando tinha seis anos eu amava as festas que papai organizava em nosso quintal. Festa é praticamente um exagero, mas quando se tem seis anos um churrasco com uma pequena piscina de plástico é um festão. Eu nunca via a hora que minha mãe acordava para organizar tudo, mas sempre que eu abria os olhos nos fins de semana e corria para o quintal via nossas duas mesas forradas embaixo das duas grandes mangueiras e meu pai já tinha colocado a churrasqueira no lado de fora da casa. A piscina já começava a ser enchida e eu corria de volta para o quarto na intenção de procurar meu pequeno maiô.

Minha mãe me obrigava a escovar os dentes, tomar café da manhã e só então eu poderia me preparar para a festa de papai e de alguns amigos. Eles se reuniam em volta da mesa enquanto eu aproveitava a piscina de plástico com algumas poucas crianças que acompanhavam seus pais.

Eu amava aquela piscina. Sempre que meu corpo mergulhava sendo abraçado pela água gelada todos os meus músculos relaxavam e eu considerava o dia perfeito porque a festa de papai era um sucesso e eu tinha conseguido passar o dia quase todo na piscina.

Quando anoitecia, mamãe me obrigava a sair da piscina e entrar em casa para poder me enxugar. Era quando o sono me invadia e eu ficava com os olhos pesados. Pacientemente, mamãe penteava meus cabelos cacheados e me obrigava a escovar os dentes e me deitar porque ela sabia que mesmo não querendo, eu logo cairia no sono.

Quando eu tinha seis anos a minha vida era perfeita. Papai era o melhor quando o assunto eram festas e minha mãe era a melhor quando o assunto era organizá-las.

Mas tudo isso mudou quando eu completei sete anos.

Aos seis anos eu não prestava muita atenção nas coisas, principalmente porque eu estava ocupada demais admirando e aproveitando minha piscina de plástico, mas um ano depois eu passei a resistir mais ao sono e a observar mais como meus pais agiam depois da festa.

Tinha sido mais um domingo de festa. Quando eu acordei minha mãe já tinha organizado tudo e meu pai já tinha colocado a churrasqueira para fora. Eu estava pronta com meu maiô e brincava de sereia quando uma das crianças me empurrou para o lado me fazendo mergulhar. Eu não me lembro seu nome, mas sabia que era filho de um dos amigos de papai.

Minha mãe correu ao meu auxílio e me puxou para cima temendo que eu me afogasse. Eu sabia nadar, me considerava um peixe, mas eu não esperava ser empurrada, por isso senti a água entrar em minhas narinas e me sufocar por um longo instante.

– Malu? – Mamãe me chamou segurando meu rosto depois de eu tossir freneticamente. – Filha, você está bem?

Eu assenti sentindo o meu nariz queimar.

– O que aconteceu? – A voz de meu pai chegou aos meus ouvidos e eu o encarei prestes a lhe dizer que um menino tinha me empurrado, mas antes que eu pudesse lhe explicar, ele se voltou para minha mãe: – Você tem que prestar mais atenção na menina!

– Eu estava terminando de preparar as coisas lá dentro e...

– Não faz nada direito! – Meu pai proferiu com raiva e se inclinou para falar comigo. Ele já estava bêbado e além de seu hálito o modo como se movia o denunciava. – Tome mais cuidado.

Quando Te Encontrei SÓ NA AMAZONWhere stories live. Discover now