Capítulo XXXIII - A gênese de Cerberus - Final

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Lídia ergueu-se abruptamente, levando a mão ao peito, numa tentativa de respirar com calma novamente.

— O que? Casar-se? Com quem? Pelos deuses, estais louco Lucius?

— Não. — Respondeu com calma. — O nome dela é Jokaste, você a conhecerá ao entardecer. — Lídia abriu a boca prestes a protestar, mas Lucius não permitiu. — Nós já consumamos, mãe. Já somos um do outro. Não há como reverter isto.

— Lucius Kokinos! — Lídia gritou em protesto! — Como pôde?! E se a família dela não nos aceitar? E se os deuses não aprovarem?!

— Da parte dela não há ninguém para nos desaprovar.

Ele ainda se mantinha seguro, não vacilou o olhar dos olhos da mãe por nenhum segundo.

— Não me importo com as bençãos dos deuses se tiver ao menos a sua.

— Lucius... — Lídia suspirou profundamente, olhando nos olhos do filho, via uma irredutível certeza. — Estais realmente certo desta escolha? — Ele fez que sim com a cabeça. — E ela é uma boa moça?

— A mulher mais gentil e terna que já caminhou sob a terra. — Respondeu sorridente. — Ah mãe... E tão, tão linda!

Ela nunca tivera visto o filho tão feliz. O sorriso que Lucius quase sempre forçava para agradar a mãe frente ao padrasto, agora surgia naturalmente e com sinceridade. Relutante, ela fez que sim com a cabeça.

— Então vá ao seu avô e pegue outro peixe. — Ordenou ela. — Precisamos fazer um bom jantar para sua noiva.

— Sim senhora! — Respondeu e mais do que depressa zarpou até Naxo.

Lídia, assim que se viu sozinha, sentiu-se novamente nervosa.

Lucian chegaria, assim como Jokaste.

E talvez, pensou ela isso facilitasse a verdade que viria ao anoitecer.

Quando o sol abaixou-se no céu, Lucius caminhou trajando sua melhor peça de roupa, com os cabelos se perdendo entre diminutas tranças e seu cachos soltos de maneira selvagem – tal como Jokaste tinha declarado gostar.

— Está nervosa? — Lucius perguntou.

Caminhavam lado a lado, Lucius teria ido busca-la e agora iam juntos até a casa de Lídia.

— E não deveria? — Rebateu Jokaste. Com sua mão, Lucius deslizou até a dela e entrelaçou os dedos.

— Não deveria. — Afirmou ele. — Você é a mulher mais fascinante que já caminhou por estas terras. Qualquer insegurança não faz feitio a isto.

Ela parou abruptamente e puxando os ombros dele, fez com que se encarassem.

— Como consegue ser tão doce? — Questionou ela. — Tão puro e indulgente!

Ele sorriu com sinceridade e impetuosamente, puxou a cintura dela e a beijou – um beijo apressado e até mesmo fofo, desfazendo a pose séria que Jokaste tinha feito.

— Somente para você, minha bela noiva, serei o melhor dos homens sempre que possível!

Ela quis sorrir com aquela promessa, mas na verdade, somente a entristeceu ainda mais. Frustrando a culpa que lhe subia a garganta e que sairia como choro ou como confissão dos seus crimes, Jokaste beijou Lucius novamente. Aprofundando-se mais e mais, até que sentisse que não havia espaço entre os dois. E que pelo menos durante aqueles beijos, eles poderiam ser apenas um do outro.

Mas se ela tivesse notado a presença daquele homem, observando-os de longe, não teria feito mensura alguma.

Porque embora Lucius, naquela situação estivesse totalmente ignorante, ela sabia muitíssimo das consequências de seus atos. Afinal, o rei, era tão vingativo quanto a rainha.

As Crônicas do Caos - Perdição (EM REVISÃO)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora