Não era só 15 dias?

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Ok, a pandemia começou, o que eu faço agora? Essa pergunta é a que mais faço, é um modo do meu cérebro alertar que está prestes a surtar e meus divertidamente estão pedindo demissão.  Duvido muito que nunca se fez essa pergunta, e se você não fez, sinto em lhe dizer que você não é um humano, é uma máquina, baseado no filme Exterminador do futuro.

Mas sendo sincera, quando essa palavra "pandemia" começou a aparecer no meu vocabulário com frequência, não imaginava que duraria tanto tempo. Lembro do dia que a escola me deu a notícia que ficaríamos apenas quinze dias em casa, eu não posso ser hipócrita e falar que não fiquei feliz, eu necessitava daquilo, daquele tempo.

Pensa comigo, tinha acabado de voltar das férias, reencontrei meu ex, e no momento que eu o vi, veio aquele turbilhão de sentimentos e emoções, minha mão transpirava.  Nossa Giovana, para que tudo isso? Certeza que você deve ter pensado nisso, a resposta é simples, meu coração não havia cicatrizado, eu tinha mágoas, feridas que por mim só se curaria dando um murro na cara dele.

A meu ver, aquilo melhoraria tudo, obviamente não dei o murro que eu queria ter dado, mesmo tendo imaginado inúmeras às vezes aquela situação, do meu punho se fechando e indo em direção ao rosto dele. Claro que não estou te incentivando a dar um murro na cara do seu ex namorado para superar mais "rápido", vai que vocês decidem voltar, portanto, se der um murro nele, o meu anjinho do mal estará te aplaudindo da onde estiver.

Agora que você entendeu o meu lado, percebe o quão complicado estava para mim, conviver com aquilo, e ainda tem mais, imagine comigo você ver diariamente aquela pessoa que te magoou de certa forma, rindo para todos os lados e curtindo a vida, o que você faria, ou melhor, como você reagiria á isso?
Quando falaram que eu ficaria quinze dias em casa, eu pensei — Obrigada Deus, o senhor ouviu minhas orações.  Só não imaginava que seria tanto tempo assim, nesse período de quinze dias, eu olhava para Tv, e só passava notícias de pessoas morrendo e adoecendo.
Naquele momento, a covid só atacava os idosos, a terceira idade, até a hora que vi pessoas com 30 anos morrendo em questão de dias.

O que eu quero dizer é a gente nunca sabe o amanhã, quando estamos na idade de curtir a gente nunca pensa que vai morrer no dia seguinte, na semana ou no mês seguinte.
Mas os 15 dias? Afinal, era para ser apenas só 15 dias, meu planejamento para às duas semanas que ficaria em casa era, dar um jeito de comprar uma roupa, colocar minha cabeça e os meus sentimentos no devido lugar.
Porém, de duas semanas, aumentou para 30 dias, e agora chegamos ao ponto dessa história, no meio das minhas reflexões enquanto escutava o lançamento de barões da pisadinha, pensei por que não escrever um livro, onde falo o que eu penso, e dos meus amores que tive nesse período? Seria incrível falar sobre tudo isso, e se me perguntarem se as pessoas daqui são reais ou fictícias, eu colocarei a culpa na frase "O mundo que eu criei", afinal durante esse período eu criei um mundo, como você deve ter criado o seu.

Por onde começo? Dizendo uma frase muito simples, que com certeza você já deve ter escutado, pessoas vem e vão das nossas vidas, e o que resta? Só você e as memórias, boas ou ruins, é só isto que nos sobra.

Quando era mais nova, sendo mais precisa com meus treze anos, pensava comigo mesma, que com dezoito anos estaria rodeada de amigos, e se fosse para levar à sério os meus pensamentos, nesse exato momento eu já estaria minha mansão, com meu carro e casada com o Neymar. 

Quero dizer para você que tudo isso não passa de uma ilusão, você não vai viver sua vida rodeado de amigos para sempre, se tiver conte nos dedos, porque é muito raro. Sempre tem altos e baixos na vida e nessas horas é que nós vemos quem está conosco.

Eu sempre fui muito extrovertida a ponto de conhecer todos da escola e quando falo isso não é exagero, acredite. Nunca quis ficar sozinha, e meu medo que nesse isolamento social eu fiquei, era somente eu e minha sombra, no começo foi tranquilo para mim, mas com o tempo só vinha o pensamento de tipo — ó céus, ninguém me ama, será o que será que eu fiz de errado?

Eu só me culpava, e nessa época eu estava afastada de uma amiga, ela simplesmente parou de falar comigo, e comecei a surtar, lotei o WhatsApp dela com mensagens, perguntando se eu fiz algo errado, o que eu havia feito, porque ela não estava falando comigo, só faltava falar que ia me matar se ela não me respondesse (Contem ironia, nessa frase).  
  
Mas com o decorrer do tempo fui vendo que não é bom ser assim, eu aprendi na marra que todos tem seus momentos, essa minha amiga, por exemplo, estava no momento dela de ficar longe das redes, mas por eu ser precoce já acreditei que o problema era comigo.

Conselho de uma pessoa que não sabe dar conselhos é:

Temos que entender que, nós nascemos e morremos sozinhos, não vamos viver solitários a vida inteira, mas saber ficar e lidar com isso é uma questão de maturidade.

Sinta a vida, eternize os momentos, deixa a vida rolar, não se prive das coisas boas, dos cinemas de noite com pipoca amanteigada, de fazer piquenique com seus amigos no parque, de ir na Paulista nem que seja só para andar, ou ir no calçadão de Osasco comer o famoso cachorro-quente.

Tanto eu, quanto você que por algum motivo está lendo esse livro estamos em um caminho que não sabemos se está certo, amanhã se trilharmos esse mesmo caminho e estiver errado é só mudar a rota.

A vida não é uma reta, ou uma roda gigante, ela é simples como um desenho do prezinho, que se errar é só apagar ou fazer desenho do outro lado da folha.  Deixa a vida rolar, o importante é você ter calma, e saber lidar consigo mesmo, se apaixone e dependa somente de você e da sua felicidade.

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