Capítulo 03

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Gray, o jardineiro da mansão desceu do elegante carro que pertencia à família de Thomas, rodeou o carro indo até a porta do banco do passageiro abrindo a porta para Cléo, segurando o guarda-chuva aberto para que ela não se molhasse com o sereno. Cléo tomou-lhe o guarda-chuva andando ao encontro de Richy, um jovem rapaz dono de uma oficina. Seus olhos azuis claro encarou o jardineiro que os observavam conversarem em sussurros. Cléo olhou para Gray por cima do ombro e ele se aproximou estendendo a chave do carro. Cléo pegou a chave estendendo para Richy que parecia intrigado.
       ─ Tem certeza disso? ─ Perguntou se expondo.
       ─ Thomas lhe espera com sua esposa. Seja rápido. ─ Disse com tom firme.
       ─ Cléo? ─ Ouviram uma voz feminina. Todos se voltaram para ver; era Jessy Hawkins com seus cabelos vermelhos e sardas nas bochechas e acima do nariz. ─ Nossa, não a vejo a muito tempo. ─ Completou com sorriso largo. Cléo manteve-se neutra, sabia quem era embora quisesse fingir o contrário.
       ─ Olá Jessy, como está a sua avó? ─ Perguntou desfazendo o sorrido de Jessy.
       ─ Vovó... ela morreu, já faz algum tempo. ─ Disse magoada pela pergunta.
       ─ Richy não se atrase. ─ Insistiu Cléo mudando de assunto.
       ─ Jessy, chame um táxi para a Cléo por favor. ─ Pediu Richy guardando a chave no bolso, Jessy percebeu e em seguida consentiu voltando para a oficina.
      Tirou o telefone do gancho parando com o pensamento distante. A morte de sua avó sempre foi uma peça em falta do quebra cabeça da família Hawkins. E ela sabia como completa-lo, pois através da morte de sua avó que Phil, seu irmão mais velho, a expulsou de casa e nunca mais lhe dirigiu a palavra. Ela sofria de Alzheimer e os sintomas da doença piorava a cada dia, certa noite deitada em sua cama pediu que Jessy a livrasse daquele fardo entregando-lhe o travesseiro. Com o coração destroçado Jessy pousou o travesseiro sobre o rosto dela pressionando.
       Se Phil tivesse chegado cinco minutos antes talvez tivesse conseguido reanima-la, mas chegou cinco minutos depois e não havia mais o que fazer. Tomado pela raiva em pratos deu um tapa na face de Jessy, ela caiu sentada no chão com o maxilar deslocado. Ele gritava enlouquecido, a arrastou pelo braço jogando-a na sarjeta. Duskwood jamais seria outra se aquele escândalo viesse à tona. Com o telefone no ouvido Jessy chorava em silêncio.

       Ao anoitecer Richy pegou o carro seguindo viagem em direção a Londres, dirigiu algumas horas parando em um motel, pagando a pernoite. Antes do amanhecer acordou, tomou banho, pediu bolo com chá e logo depois saiu indo ao encontro de Thomas e Hannah. Ele desceu do carro para guardar as malas no carro, mas por um segundo sentiu seu corpo paralisado diante da beleza e juventude que transbordava da jovem Hannah. Thomas beijou a testa da esposa e uma sorriso luminoso gritava em seus lábios finos e rosados. Eles piscou forte abaixando a cabeça guardando a ultima mala. Abriu a porta para que ela entrasse, e ao passar por ele sentiu o perfume de mil rosas, respirou fundo com o coração apertado. Thomas pousou a mão esquerda com força no ombro de Richy com um sorriso amigável. 
     ─ Grande Richy, não o vejo a muito tempo. ─ Disse ele gentil.
     ─ Ainda sou o mesmo? ─ Perguntou Richy.
     ─ Não mudou nada. ─ Respondeu entrando no carro. 

     A viagem de volta levaria poucas horas, o casal seguiu ora conversando entre beijos e risadas, ora descansando abraçados. Richy os observava pelo retrovisor a cada minuto, sua testa suava esfregando sem parar. Thomas olhou para o relógio de ouro no pulso.
     ─ Falta muito para chegarmos? ─ Perguntou Hannah.
     ─ Trinta minutos. ─ Respondeu ele.
     ─ Mal vejo a hora de conhecer a famosa mansão que você tanta fala. ─ Disse ela empolgada.
     ─ Você vai adorar. ─ Afirmou Thomas seguro de si.
     ─ Você disse que a senhorita Cléo, cuida de tudo? ─ Indagou ela.
     ─ Quando você chegar tudo ficará aos seus cuidados, a Cléo irá apenas ajuda-la no que for preciso. ─ Explicou Thomas.
     ─ Espero que possamos nos dar bem.
     ─ Por que não daria? Cléo sempre foi minha amiga, você vai gostar dela e ela de você. ─ Disse acariciando seu rosto, Richy os observava. ─ Aliás ninguém resiste a você. ─ Completou beijando-a apaixonadamente. O coração de Richy pulsou forte com os olhos vidrados no casal. Sem perceber seu pé pressionava o acelerador, Thomas sentiu a velocidade, ao olhar para frente se assustou avançando sobre o volante.  
      ─ Cuidado! ─ Gritou Thomas.
      O carro tinha saído da pista indo ao encontro de uma árvore, ele se chocou com tanta força que Thomas foi arremessando fora do carro. Richy acordou com o rosto ensanguentado sobre o volante, viu o buraco no vidro e bem distante Thomas caído de bruços. Assustado olhou para trás vendo que Hannah não sofrera nenhum arranhão, ao poucos começava a recobrar a consciência. Abrindo os olhos viu Thomas caído no chão e antes que gritasse Richy a acertou com o cotovelo desmaiando-a novamente.

Espero VocêWhere stories live. Discover now