O medo crescente.

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Soojin balançou a cabeça em conformação, não estava surpresa pela decisão do Lee, nunca o vira indo até a cerimônia após o primeiro ano, imaginava que era doloroso para ele estar em um lugar que remetesse sua história com o príncipe Jeong, afinal, todos sabiam do noivado recente ao qual ambos submeteram uma semana antes da guerra iniciar. A Noite das Trevas tomou tanto do reinado, levou até seus representantes, por mais que eles nunca tenham sido encontrados após o massacre.

Sentou-se na cadeira confortável após sentir os pés inchados latejarem, esticando-os e gemer em satisfação pela espreguiçada maravilhosa após se alimentar. A barriga rechonchuda não intimidou o Lee de erguer os braços e, consequentemente, expor a bola a qual se formou ali.

— Você irá me acompanhar até o mercado para comprarmos morangos? Sinto que Jaemin está precisando de uma dose recheada de morangos. — Tentou animar-se ao esfregar a palma novamente na barriguinha, voltando a cobri-la com o moletom cinza antes de ir pouco a frente da geladeira e, nas pontas dos pés, conseguir pegar a bolsinha a qual ficava seu dinheiro para mimos como este; comprar morangos.

— Sabes que nunca deixaria o senhor ir sozinho, nem se fosse a esquina. Ainda mais agora que Jaemin está mais inquieto que o normal. — Ela disse baixinho enquanto pegava o casaco grosso do homem, ajudando-o a retirar o roupão felpudo e substituindo pelo casaco. — Precisa ter cuidado ao se locomover pela cidade, há muitos desertores se escorando nas vielas, sabe que se Wooseung visse você pelas ruas dessa forma, mataria a mim e a ti.

— Wooseung só é corajoso assim quando estamos à sós, meu marido ladra, mas não morde. — Estalou a língua no céu da boca antes de fechar os botões do casaco com certa dificuldade na região de sua barriga, suas roupas não lhe cabiam mais e sabia que a tendência era piorar. Somente aceitava essa afirmação. — Aish, pra que eu tenho que ir de casaco? Está calor!

— Calor? Está -2 graus lá fora, senhor! — Taeyong dera de ombros, odiava calor tanto quando comida quente, sempre fora do frio. Seu coração pertencia ao gélido, seu lobo uivava melhor sobre a neve, seus ancestrais eram adorados pela persistência ao gelo e irrelevante importância que tinham sobre o frio. Afinal, pareciam ser mais filhos do gelo do que qualquer outro elemento da Terra. Passado de geração em geração, os lobos gélidos sempre seriam escassos, mas ainda assim importantes para a alcateia Mãe.

— Ya! Você sabe que não precisa se preocupar sobre isso comigo, não há motivos. Além do mais que eu não sou tão vulnerável quando aparento. — Um bico emburrado sobressaiu os lábios levemente ressecados e róseos em birra, as bochechas levemente saltadas pelo aumento do peso na gravidez e os braços cruzados evidenciavam ainda mais a posição infantil a qual ele se colocava quando era questionado.

— Aish, tema por Jaemin, então! Você nem sabe de qual casta ele nascerá, tenha um pouco mais de cuidado até lá. — O homem revirou os olhos ao fechar o último botão com agressividade, calçando as botas confortáveis demais para seus pés e pegar um dos cachecóis pendurados sobre a cadeira.

As coisas que estava pretendendo fazer tinham sido feitas com o decorrer do dia, andar com sacolas e uma barriga daquele tamanho estava lhe tomando toda a energia possível e podia jurar que mais um passo e seus joelhos cederiam ao chão. Não havia imaginado que quando finalmente engravidasse ficaria tão suscetível ao cansaço assim, nunca foi desprovido de energia. Foi com isso em mente que se sentou sobre um banco grande que dava para frente da praça, observando as crianças em suas formas lupinas brincarem livremente. Eles sim tinham a liberdade que lhe foi tomada, por não ter controle total de sua transformação, eram liberados de qualquer lei imposta sobre mutação. E podia admitir que era uma das coisas mais lindas ver os filhotinhos rosnando e uivando um para o outro.

Fora distraído de seus pensamentos quando um pequeno lobo, menor que a maioria dos que estavam presentes no pasto, se aproximou a passos curtos. O focinho baixo e os pelos negros brincando com o ar gélido que lhe tocava a pele, os olhos vermelhos pairando a verdadeira identidade de um alfa genuíno, mas ainda assim tão amigável quanto um gatinho manhoso. Taeyong sorriu ao reverenciar sutilmente pro pequeno alfa, aceitando sua aproximação e afastando as mãos da própria barriga, sabia o que ele faria e não tinha medo algum. Eram conexões que nunca evitaria.

Um fungado longo e após esse mais um, os olhos curiosos partiram para um brilho intenso quando encostou o focinho molhado sobre o tecido grosso a qual cobria a barriga do Lee, balançava o rabo em excitação e ousava até dar algumas lambidas pelo casaco o qual gestante usava. Taeyong sorriu alegre, isso significava prosperidade para sua cria, afinal um lobo reconhecia o outro.

— Muito obrigado, pequenino. — Taeyong esticou a mão para acarinhar os pelos macios e negros do alfa, vendo-o se enroscar em seus dedos e aninhar-se logo após sobre seus pés após o carinho, ficando de barriga para cima a fim de receber a massagem suave naquela região. E assim o fez por alguns minutos até vê-lo correr de volta para a grande festa que acontecia num simplório parque, apenas por ter vários filhotes juntos a brincar.

— Um alfa reconheceu seu filhote, Sr. Lee. Sabe o que isso significa? — Soojin iniciou ao vê-lo tentar se levantar do local confortável a qual descansou por demasiado tempo.

— Que meu filho nascerá saudável quanto um leão e será mutável. — Concluiu mais para si do que para ela, ainda com um sorriso satisfeito em seu rosto enquanto acarinhava a própria barriga. Soojin nada falou, porém, sua mente ficou pensativa enquanto tomava as sacolas das mãos do Lee e o livrava de mais um peso.

— Você conhece a lenda arcaica? — Taeyong suspirou pesadamente, como se estivesse tentando não prolongar aquele assunto. — Tudo bem, tudo bem. Mas o senhor sabe que um alfa reconhecer outro ainda dentro da barriga há muitos significados.

— Soojin-ah... — Lee parou no meio do caminho, abrindo o casaco a qual já estava o incomodando e, pela primeira vez, suspirando em alívio quando a brisa gélida lhe tocou a pele. — Ele não reagiria tão bem se Jaemin viesse ao mundo para causar o caos. E mais, há centenas de anos que não nasce um secular. Por que diabos justo comigo isso aconteceria? — Tornou a andar em impaciência, a barriga pontuda voltando a chutar ridiculamente mais rápido do que no inicio da manhã, como se estivesse incomodado com algo. — Jaemin é a criança não nascida mais animada e amável do mundo, eu posso sentir!

Uma respirada forte e uma mão na lombar preocuparam Soojin, Taeyong agora respirava fundo algumas diversas vezes enquanto andava na direção de sua residência. O observou há dois passos dele, parecia nervoso com algo e vez ou outra resmungava com sua barriga, incomodado pelos chutes intensos que recebia. A questão que se martelava em sua mente era que, sim, muito possível um secular nascer de Taeyong visto que o último secular que nascera e causou todo o caos à matilha matriz foi um da casta de gelo. Seu antepassado. Lee Yeojun.

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⏰ Last updated: Aug 31, 2021 ⏰

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